quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Álbum de figurinhas




RIO DE JANEIRO - Meu neto João Ruy, que é português e mora em Lisboa, fez seis anos outro dia e recebeu do Brasil seu presente favorito: um álbum de figurinhas -no caso, o do Campeonato Brasileiro- e centenas de pacotinhos com as respectivas. É um brinquedo solitário, porque ele não tem com quem trocar duplicatas ou disputar no bafo-bafo. E, claro, só consegue identificar os jogadores do Flamengo, por quem torce ardentemente quando vem ao Rio, ou algum outro que atue pela seleção.
Mas João Ruy não se importa, e passa dias colando cromos de clubes e jogadores para ele desconhecidos. O prazer de completar uma página supera o fato de que muitos daqueles times e indivíduos continuarão a ser rostos e camisas no vazio, e que ele nunca os verá jogar.
Diante da informação de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu registro ao PSD (Partido Social Democrático), fundado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e que este é o 28º partido na fosca constelação política brasileira, coloquei-me no lugar de João Ruy. Imaginei como seria um álbum de figurinhas sobre os partidos.
Cada página dupla seria dedicada a um deles. Traria informações como data de fundação, número de filiados, colocação nas últimas eleições, e mostraria suas cores, mascote, seus 20 principais nomes, o recordista em mandatos etc. -cada qual numa figurinha, como no álbum do Brasileirão.
A exemplo de João Ruy, eu e milhões de brasileiros colaríamos figurinhas de gente que, em grande maioria, nunca vimos e, no caso, é melhor mesmo não ver. Um bando de ninguéns sem representatividade, homiziados em partidos de cujas siglas só se ouve falar quando discutem com o governo ou com a oposição sobre quem dá mais pelos seus miseráveis votos.


RUY CASTRO -  30 Sep 2011 

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