RIO DE JANEIRO - Meu neto João Ruy, que é português e mora
em Lisboa, fez seis anos outro dia e recebeu do Brasil seu presente favorito:
um álbum de figurinhas -no caso, o do Campeonato Brasileiro- e centenas de
pacotinhos com as respectivas. É um brinquedo solitário, porque ele não tem com
quem trocar duplicatas ou disputar no bafo-bafo. E, claro, só consegue
identificar os jogadores do Flamengo, por quem torce ardentemente quando vem ao
Rio, ou algum outro que atue pela seleção.
Mas João Ruy não se importa, e passa dias colando cromos de
clubes e jogadores para ele desconhecidos. O prazer de completar uma página
supera o fato de que muitos daqueles times e indivíduos continuarão a ser
rostos e camisas no vazio, e que ele nunca os verá jogar.
Diante da informação de que o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) concedeu registro ao PSD (Partido Social Democrático), fundado pelo
prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e que este é o 28º partido na fosca
constelação política brasileira, coloquei-me no lugar de João Ruy. Imaginei
como seria um álbum de figurinhas sobre os partidos.
Cada página dupla seria dedicada a um deles. Traria
informações como data de fundação, número de filiados, colocação nas últimas
eleições, e mostraria suas cores, mascote, seus 20 principais nomes, o
recordista em mandatos etc. -cada qual numa figurinha, como no álbum do
Brasileirão.
A exemplo de João Ruy, eu e milhões de brasileiros
colaríamos figurinhas de gente que, em grande maioria, nunca vimos e, no caso,
é melhor mesmo não ver. Um bando de ninguéns sem representatividade, homiziados
em partidos de cujas siglas só se ouve falar quando discutem com o governo ou
com a oposição sobre quem dá mais pelos seus miseráveis votos.
RUY CASTRO - 30 Sep 2011
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