Gabriela Mistral
Hay besos que pronuncian por sí solos
la sentencia de amor condenatoria,
hay besos que se dan con la mirada
hay besos que se dan con la memoria.
Hay besos que calcinan y que hieren,
hay besos que arrebatan los sentidos,
hay besos misteriosos que han dejado
mil sueños errantes y perdidos.
Hay besos que producen desvaríos
de amorosa pasión ardiente y loca,
tú los conoces bien son besos míos
inventados por mí, para tu boca.
Besos de llama que en rastro impreso
llevan los surcos de un amor vedado,
besos de tempestad, salvajes besos
que solo nuestros labios han probado.
‘Besos‘ (fragmento). Gabriela Mistral
domingo, 17 de julho de 2011
Noite de mendigo
Fui seqüestrada nas entranhas
desta noite
por uma espécie de Senhor
da madrugada
Era meu corpo a implorar
por um abrigo
tal qual imensa ilha
desgarrada
Ele insistia em relembrar mistérios
entumecia agredia
(desterrava)
E evocava um outro tipo
de tremor
Algo que fosse o avesso
(uma morada)
Amanhecia
e as plantas já secavam
daquelas gotas tão iguais às
do meu corpo
E a viagem (ante o sol)
se transformava
em mais algum delírio que
desponta
de uma louca (e tão mendiga)
madrugada.
Eliana Mora
desta noite
por uma espécie de Senhor
da madrugada
Era meu corpo a implorar
por um abrigo
tal qual imensa ilha
desgarrada
Ele insistia em relembrar mistérios
entumecia agredia
(desterrava)
E evocava um outro tipo
de tremor
Algo que fosse o avesso
(uma morada)
Amanhecia
e as plantas já secavam
daquelas gotas tão iguais às
do meu corpo
E a viagem (ante o sol)
se transformava
em mais algum delírio que
desponta
de uma louca (e tão mendiga)
madrugada.
Eliana Mora
Poema antigo
O homem que percorro
com as mãos
e a lua que concebo
na altitude
do tédio
Só
o oceano
penso paralelo – ventre
à praia intata
das janelas brancas
com silêncio
ciclamens-astros
entre as vozes que
calaram para sempre
o verbo – bússola
com raiz – grito de relevo
O homem que percorro
com as mãos
a estátua que consinto
a lua que concebo.
Maria Tereza Horta
com as mãos
e a lua que concebo
na altitude
do tédio
Só
o oceano
penso paralelo – ventre
à praia intata
das janelas brancas
com silêncio
ciclamens-astros
entre as vozes que
calaram para sempre
o verbo – bússola
com raiz – grito de relevo
O homem que percorro
com as mãos
a estátua que consinto
a lua que concebo.
Maria Tereza Horta
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
Clarice Lispector
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
Clarice Lispector
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