sábado, 23 de março de 2013

A melodia das memórias



Se a gente coloca um espelho diante de si, a gente se multiplica por muitos. E aí aparecem todas as contradições. (...) Comecei a descobrir aos poucos, através de ações que foram, aparecendo, os diversos eus que tenho dentro de mim e dos quais eu sou a síntese. É claro que predomina sempre um."

- Erico Verissimo. "A melodia das memórias". Entrevista a Eunice Jacques. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 1973.



"O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro."
(Fala de Tuahir)



- in "Terra sonâmbula", de Mia Couto.



filosofia universitária



"A filosofia universitária especializa, especializa e especializa os indivíduos no interior de uma especialidade, empurra o aluno para dentro do texto, para dentro de um pensamento alheio, e deles não o deixa sair, sob o risco da desqualificação. Do metro empurra os estudantes para o centímetro, do centímetro delimita-os ao milímetro, e daí restringe-os ao micro do micro, até chegar ao átomo e às partículas do texto de um autor, estas muitas vezes irrelevantes de tão específicas. O resultado de tal técnica é a perda de contato dos estudantes com a realidade, ou seja, a alienação. Em suma, filosofia também aliena."

(Blog de Paulo Jonas de Lima Piva - O pensador da aldeia/ 27/06/2011)

A formação do Estado



"Na organização do Estado, o homem concentra seu poder sobre o homem em um único cargo oficial. O monopólio da força física de que goza esse cargo é absoluto. Pode, sem dúvida, canalizar seu poder mediante delegação específica; nos demais casos, e desde que o Estado não seja derrubado, esse poder continua a disposição da autoridade central. Em mãos do Estado o poder adota diversas formas e no uso de suas atribuições pode proibir, matar, encarcerar, escravizar, multar. Mas as forças do Estado não têm projeções meramente negativas. O Estado se apóia nas forças integradoras da sociedade: o amor, a lealdade, a dependência recíproca, a tradição e a força do costume.''

[Lawrence Krader - A formação do Estado]

Naciones y Nacionalismo



Gellner lembra que o grupo a qual o individuo pertence é incapaz de lhe fornecer a educação e o trabalho necessários para que ele faça parte da nação, a cidadania “uma moeda de troca” buscada no novo sistema de aprendizagem, externo, onde quem mais assimila aquilo que a nação deseja mais chances terá de avançar na pirâmide social constituída.
Os homens entregues por seus parentes (...) a um aparelho educativo que é o único que pode proporcionar-lhes a formação de um amplo campo de adestramento que requer a base genérica cultural, eles adquirem os princípios básicos e escalas de valores que fazem os outros aceitá-los, treiná-los para assumir posições na sociedade e torná-los * O que são "
(Ernest GELLNER, Naciones y Nacionalismo, 1983, p.55)