Complicado analisar a substituição de Joaquim Levy por
Nelson Barbosa. Isso, porque a economia é uma ciência difícil, que não está ao
alcance da grande maioria - e também porque as crises econômicas acabam sabe-se
lá por quê. Difícil, na maior parte dos casos, dizer que acabaram porque foi
feita a "lição de casa" (ortodoxia: cortes, recessão supostamente
produzida e de curto prazo, algum desemprego) ou porque se apostou no consumo
(heterodoxia: Keynes, distributivismo, mais despesas estatais). Há histórias de
sucesso (heterodoxia: Lula) e de fracasso para sustentar qualquer das teses.
Honra se faça a Levy. Veio para um governo do qual
discordava (teve simpatia por Aécio), tentar consertar uma economia que se
estava quebrada não era por sua culpa. Aguentou um ano, ouviu o que quis e não
quis. Do pouco contato que tive com ele e do que li e ouvi, digo que foi leal,
e isso num momento difícil. Não sei quanto isso lhe custou pessoalmente.
Para os que vão "acusá-lo" de tucano, lembrem que
foi menos tucano do que Henrique Meireles, que Lula colocou em seu governo e
que era sugerido para o lugar de Levy.
O problema é que, passado um ano, a economia não melhorou.
Isso foi por excesso ou falta de Levy? Precisava de mais ortodoxia - ou de
nenhuma? A economia não é uma ciência tão exata que permita uma resposta
definitiva.
Nelson Barbosa: está sendo atacado. Mas não é gastador. Sua
vantagem é que tem conhecimento de dentro do governo. Sabe, sobre as políticas
públicas, quais vai custar mais caro abolir do que manter. Falta dinheiro, ele
sabe disso, não liberava fácil para o MEC (na minha experiência). Mas, quando
realmente precisava, se esforçava por ter o dinheiro.
Porque, em certos casos, você cortar sai contraproducente. P
ex, se o Mais Médicos/expansão de vagas nas universidades federais está todo
pronto, mas falta contratar um certo número de professores, precisa
contratá-los, se não vc esteriliza o dinheiro já investido.
Renato Janine Ribeiro