Para combater a valorização do salário mínimo, argumentam
que estaria alto demais e que o custo da folha salarial estaria retirando
competitividade da economia, isto é, retiraria capacidade de investir das
empresas. É uma visão interessada e ideológica, não tem base nas relações
econômicas reais e nas experiências históricas.
Salários não representam apenas custo, representam
principalmente demanda, capacidade de compra, que é o que estimula o
investimento. Sem a pressão do consumo “batendo na porta” e a tensão da baixa
de estoques, os empresários não investem. Em verdade, o que os empresários não
suportam não é a ausência de possibilidades de investimento (que, aliás,
existem) – de fato, o que a elite não suporta é enfrentar engarrafamentos onde
suas BMW’s ficam paradas por horas ao lado de milhares de carros populares… ao
mesmo tempo, suas empregadas domésticas viajam no mesmo avião que viajam as
senhoras esposas dos empresários.
Para combater a redução do desemprego, levantam a bandeira
do combate à inflação, que estaria descontrolada. Argumentam que há muito
consumo e que isso estaria estimulando reajustes de preços. Novamente, um
argumento desconectado da vida real. A inflação de hoje está no mesmo patamar
dos últimos dez anos. Aliás, ao final de 2013, o Brasil completou a marca de
dez anos de inflação dentro das metas estabelecidas. Querem mais desemprego
simplesmente para colocar os trabalhadores de joelho nas negociações salariais.
Esta é a verdade – nada a ver com combate à inflação.
(João Sicsú)