terça-feira, 4 de março de 2014

Discussões sobre a crise ucrâniana

exato, temos que torcer pra que não dê em nada. Se eu fosse arriscar um palpite, porém, acho que a Rússia colocou o ocidente numa sinuca de bico. Este acho que vai adotar a velha estratégia de apoiar os rebeldes internos, com o problema de não ter muita noção de onde isso vai dar.

Emerson Urizzi Cervi Postei o comentário a seguir em outro post, mas como é feriado de carnaval/tenho preguiça e acho que vale aqui também, vou apenas copiar e colar: Se formos falar sobre os condicionantes políticos da crise na Ucrânia não podemos nos esquecer que o país passou por uma profunda reforma eleitoral em 2011. A partir daquele ano o parlamento ucraniano passou a ser eleito pelo sistema que no Brasil é chamado de misto. 50% por listas partidárias e outros 50% por voto majoritário em distritos eleitorais com uma vaga no parlamento. Isso criou as condições necessárias (não suficientes, mas necessárias) para a cisão do País em distritos de um lado do País com a totalidade de representantes contra Rússia e a totalidade de representantes de outro lado do País pró-Russia. Por isso, gente, muito cuidado com propostas mirabolantes de reformas partidárias, os efeitos inesperados/imprevistos/indesejáveis podem aparecer antes do que se imagina.

Renato Perissinotto Emerson, acho que isso é mais efeito da própria constituição da Ucrânia, do que causa, ou seja, uma divisão étnica , regional e econômica histórica entre o lado ocidental e o lado oriental que se manifestou no sistema eleitoral, como você aponta. O problema é que esses dois lados são, eles próprios, muito heterogêneos, como populações não-ucranianas entre os majoritariamente ucranianos e populações não russas entre os majoritariamente russos (ucranianos e tártaros). Tudo isso embolado pelo fato de ter como vizinho um país como a Rússia,potência econômica e militar diretamente interessada. Pelo andar da carruagem, propostas de reforma política parecem ter ido pro espaço.

Jorge Fazendeiro De Oliveira nem tanto ,a Russia pode ter em vista , uma provável finlandização da Ucrânia

Emerson Urizzi Cervi ok Renato Perissinotto, mas com todas essas características culturais e históricas os caras resolvem aplicar um sistema eleitoral que favorece as divisões histórias e culturais ao invés de criar mecanismos políticos de compensação das divisões culturais e históricas. Para mim, a atual crise na Ucrânia, a despeito de todos os condicionantes de longo prazo, pode ser explicada em duas palavras: "voto distrital". E não estou falando em alguma proposta de reforma política nesse momento. Estou dizendo que a reforma realizada e concluída em 2011 é responsável pela atual crise e não que a crise será solucionada pela reforma política.
Rafael Wowk E tem um fator histórico mto pesado que é o Holomodor. As regiões predominantemente russas só o são pq em 1932-33 a Rússia exterminou 20% da população ucraniana. Acho que nenhum ucraniano espera outra coisa vinda da Rússia senão a anexação...

Rafael Wowk Emerson , mto bom saber disso! Reforma esta "patrocinada" pela Rússia para evitar uma nova revolução laranja, correto?
Emerson Urizzi Cervi Isso. A reforma concretizada em 2011 foi uma resposta à revolução laranja de 2004. E deu no que deu em 2014. PORRA! Os caras têm um histórico de cisão cultural e étnica. Daí vem algum "animal de tetas" e diz que cada distrito vai eleger seu próprio representante. Fodeu geral !! Some a isso o fato de os partidos terem forte ligação com grupos étnicos e localizados geograficamente. Por fim, adicione uma invasão russa ocorrida menos de 100 anos atrás, que deixou como resultado uma importante região do País (Crimeia) com 60% da população falando russo e uma base militar naval russa em território da Crimeia. Só poderia dar merda mesmo. O resto é fuleragem, como se diz por aqui...
Emerson Urizzi Cervi pode contar comigo se for para se posicionar contra voto distrital, ainda que misto, com uma representação como a atual no nosso congresso. Já foi tirar minha bandeira do armário e começar a limpar meu fuzil. Para que praça devo marchar?
Ricardo Costa de Oliveira O estado de guerra acontece quando a legitimidade é quebrada pela violência ilegítima. Derrubaram pela força o governo eleito democraticamente na Ucrânia e foi declarada a guerra. A situação repete a guerra anterior na Georgia e o controle da Ossétia do Sul e Abkhazia pelos russos.
Renato Perissinotto Bom, Emerson, o seu argumento reforça a minha posição, ou seja, o voto distrital é ruim porque agrava problemas que existem muito, muito antes dele. Mas eu iria além, a sua proposição parece sugerir, contrafatualmente, que se não fosse o voto distrital, não estaríamos vivendo essa crise. Na base dessa proposição, parece estar a suposição de que os grupos ali aceitariam algum tipo de convivência percentualmente equilibrada por um sistema eleitoral ótimo, e isso é altamente duvidoso pelos fatores de longo prazo, históricos, éticos, culturais etc. Vc acha que o partido Sloboda, declaradamente nazi-facista, quer dar algum tipo de representação a quem quer que não seja ucraniano? Russos e Tártaros na Crimeia querem conviver entre si? Ucranianos e russos querem conviver entre si. Esse é o problema fundamental. Essa gente toda tem sido mantida junta não por sistemas eleitorais ótimos; essa gente tem sido mantida junta, ao longo da história, por regimes de força (por isso tem gente que defende claramente que a Ucrânia deva deixar de existir, pois como país é inviável). Definitivamente, é preciso ir muito além de "voto distrital" para explicar esse troço aí, ainda que, como vc disse, ele tenha jogado lenha numa fogueira acesa muito antes de 1991. É mais ou menos como convencer bósnios, sérvios, croatas e muçulmanos a entrarem em acordo em torno de um sistema eleitoral depois do fim da Iugoslávia.

Eric Gil Dantas O negócio é que pode tá tudo explodindo, mas os bancos sempre saem ganhando.
http://www.valor.com.br/.../banco-central-da-russia-eleva...

Luiz Eva Essa questão do voto distrital é interessante como um elemento entre muitos outros que podem explicar uma situação historicmente muito complexa, e a própria reforma precisaria ser considerada muito cuidadosamente para evitar simplificações precipitadas. O fato é que a Rússia tem bases militares em Sebastopol que, por acordo internacional, não podem se deslocar para fora do território onde estão estacionadas, e a Ucrânia já avisou que vai considerar isso agressão militar. Por outro lado, a Rússia tem controle estratégico do poder na Criméia, e o poder legítimo da Criméia (que é uma República Autônoma) questiona (com base em argumentos que têm sua força) a legitimidade da deposição do Yanukovitch, e parte da frota Ucraniana parece que já hasteou bandeira russa. A situação está realmente muito delicada neste momento.
Luiz Eva A Rússia tem maioria na Criméia, mas há muitos tártaros e outras etnias. Os ucranianos alegam que os Russos foram transferidos para a Criméia por uma política de deslocamento de populações de Stalin. A ucrânia foi igualmente massacrada na segunda guerra pelos russos e pelos alemães (que foram todavia saudados, quando invadiram a Ucrânia, como libertadores...) Mas a Rússia vê a Ucrânia como parte de sua identidade nacional. É uma situação extremamente complicada.
Bruno Faria Professores,Tentando acompanhar o debate, e a reportagem efetuada pela Globo News, onde entrevistaram um cientista político que está, nesse momento, na Ucrânia, pelo qual o mesmo afirmou, além de todos ás probabilidades enunciadas por vocês, que pode ter acontecido, também, um golpe da direita como aconteceu na Itália de Mussolini?

Segue a reportagem (dos 20min em diante tal afirmação, mas toda a reportagem é interessante):

http://globotv.globo.com/.../sem-fonteiras.../3179785/

Sem Fonteiras mostra a importância da Ucrânia e a possível divisão do país em dois
globotv.globo.com

O movimento Euromaidan vai além da extrema-direita. É uma evolução. Começou com cidadãos normais, frustrados com a decisão do presidente de não assinar um acordo de associação com a União Europeia e com as denúncias de corrupção.

Canto


A beleza não aprende a ser bela
e vive de ignorar
que o tempo a espreita sem a ver.

Antigamente nossos pais nos levavam para ver no campo
a madureza da fruta.
E no seixo que jogávamos no meio do rio,
cristal de impiedade, se espelhava a vida.

A beleza nada aprende
e ser é o seu segredo
— se você acender a lâmpada da sala,
até a varanda ficará clareada.

A beleza não aprende a morrer.

Não nos comunicamos com os corpos,
nossa parada é jogada com as almas.

As cortinas esvoaçam, nutrindo-se de noroeste
e as formigas preferem jantar os mortos.

A beleza quer sempre ficar acordada.

Sempre evitamos o conforto dos abismos.
Por isso são brancas as mortalhas
com que nos cobrimos na hora de dormir.

A beleza não concorda em morrer
e morre
como os antigos deuses, Ágata, que exaltaram a vida,
como os modernos deuses que insistem em apregoar a conveniência da morte.


- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.

As três Resoluções do Parlamento da Ucrânia :


1. Com base nos objetivos e princípios consagrados nos artigos 1, 2 e 5 da Carta das Nações Unidas
Parlamento da Ucrânia diz:
1. A Ucrânia é um Estado soberano e independente, com território contínuo, e qualquer intervenção militar nos assuntos internos dos Estados é inaceitável.
2. A Criméia é uma parte integrante da Ucrânia em cujo território é coberto pela Constituição da Ucrânia e as leis da Ucrânia.
3. A inadmissibilidade das reivindicações territoriais para a Ucrânia segura e garantida Budapeste Memorando de 1994, o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria entre a Federação Russa e a Ucrânia, em 1997.
4. Exige-se o estrito cumprimento de acordos básicos sobre Frota do Mar Negro da Federação da Rússia no território da Ucrânia, ou seja, a retirada imediata das tropas em locais onde eles se baseiam. Qualquer movimento de tropas, equipamentos e armas só deve ser feita com o acordo das autoridades competentes da Ucrânia, em conformidade com os acordos e legislação da Ucrânia acima.
5. No recurso ao Presidente da Federação Russa Vladimir Putin para evitar a introdução das Forças Armadas da Federação da Rússia no território da Ucrânia.
6. Ucrânia garante a proteção dos direitos e liberdades fundamentais de todos os cidadãos que vivem na Ucrânia, incluindo o direito à utilização gratuita de expressão, liberdade de religião e crença.
7. Realização de referendos locais só podem estar de acordo com a Constituição da Ucrânia e da Lei Especial.
8. Qualquer conflito deve ser resolvido por meios pacíficos, sem o uso da força, com a participação de mediação internacional da OSCE, a ONU, o Conselho da Europa, UE, CEI, e do Memorando de Budapeste.
9. Ucrânia detém todos os tratados e acordos assinados anteriormente e garantir eleições presidenciais justas e transparentes pelos observadores internacionais.
10. A adoção desta resolução é uma expressão da vontade e da unidade de todo o povo ucraniano - os cidadãos de todas as nacionalidades.

2. Parlamento Supremo da Ucrânia.
Suporte para as Forças Armadas da Ucrânia,
Ucrânia e outras formações militares
Em face do perigo para a integridade territorial da Ucrânia, a ameaça da soberania do Estado, provocando ajuste de potência e desestabilização no país, quebra de paz e tranquilidade,
O Paramento Supremo da Ucrânia, em nome do povo da Ucrânia:
1. Manifesta a sua solidariedade e apoio totais para as Forças Armadas da Ucrânia, que estão prontas para defender o nosso país, e todo o pessoal - desde os soldados ao ministro.
2. Implicitamente apoia a decisão do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, aprovada em 1 de Março de 2014 declarando as Forças Armadas da Ucrânia em alerta total
3. Instrui o Gabinete de Ministros da Ucrânia a tomar medidas imediatas para melhorar a segurança material e financeira de todas as Forças Armadas relacionadas com a proteção da soberania da Ucrânia e da integridade territorial. Se necessário - apresentar imediatamente ao Parlamento propostas de alteração da Lei da Ucrânia "No Orçamento do Estado da Ucrânia para 2014"

3. Apelo
O Parlamento Supremo da Ucrânia apela para os parlamentos dos garantias de segurança da Ucrânia e organizações internacionais
No dia 01 de março de 2014 do Conselho da Federação da Assembleia Federal da Rússia tomou uma decisão sobre a possibilidade de usar a força militar no território da Ucrânia. Mais cedo, as tropas russas ingressaram no território da Ucrânia na Criméria sob o falso pretexto de proteger a população de língua russa.
Essas ações são inaceitáveis para a Federação Russa por um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que tem com Ucrânia com o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria.
As ações da Rússia são uma flagrante violação de todos os princípios básicos das relações internacionais e comprometer a segurança do continente europeu.
Parlamento salienta que a Ucrânia é o primeiro e, atualmente, o único país no mundo que, voluntariamente, por sua própria iniciativa livrou-se de armas nucleares e eliminou todas as suas ações sob controle internacional.
A condição de este passo sem precedentes foi o de fornecer, em 1994, pela Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos, posteriormente juntou-se a França e a China, de garantias de segurança, fixados no Memorando de Budapeste.
A Rússia é um dos fiadores, se comprometeu a abster-se de recorrer à ameaça ou uso da força contra a integridade territorial ou a independência política da Ucrânia, bem como respeitar a independência e soberania e as fronteiras existentes da Ucrânia.
Em conexão com as operações militares contra a Federação Russa o Parlamento Suprem da Ucrânia apelou aos parlamentos dos Estados-Partes organizações Budapeste Memorando e internacionais que pedem:
- Enviar missões especiais de monitoramento para saber mais sobre a situação real na Ucrânia;
- Apelo aos governos para prestar a assistência necessária para a proteção de instalações nucleares na Ucrânia.
Parlamento da Ucrânia convida ONU, a OSCE, o Conselho da Europa, União Europeia, da NATO, da CEI e outras estruturas internacionais interessadas a organizar a sessão de divulgação da Ucrânia.
Parlamento da Ucrânia tomou a iniciativa de grupo para negociações com a Rússia para normalizar as relações com a Rússia e os de-escalada da situação na Europa.

Urge mostrar solidariedade com o povo ucraniano e defender a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Ação militar contra a Ucrânia pode ter consequências irreparáveis para a ordem mundial global.

Fonte : Vitório Sorotiuk

1923: Ancara torna-se a capital da Turquia


No dia 13 de outubro de 1923, Kemal Atatürk, o fundador da moderna Turquia, declarou Ancara a capital do país.

Atatürk, o 'pai dos turcos'

O general Mustafa Kemal, fundador da Turquia moderna, recebeu o nome de honra "Atatürk", que significa "pai dos turcos". Atatürk fez parte de um grupo de jovens turcos que conseguiu colocar fim ao regime do sultanato no início do século 20. Após a derrota na Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano encontrava-se à beira do colapso. O general Kemal assumiu a liderança da resistência nacional e ergueu uma nova nação das ruínas do antigo império.
Jovens exilados contra o sultanato
Sua ditadura reformista baseava-se em princípios que, transformados na ideologia que marcou o novo Estado, passaram a ser conhecidos como “kemalismo”. Kemal nasceu e cresceu em Salônica, na Grécia, onde frequentou a Academia Militar e juntou-se já no ano de 1907, na Macedônia, ao Comitê para a Unidade e Progresso, que reunia turcos avessos ao Império Otomano.
Os jovens exilados começaram a se organizar em 1896 na clandestinidade, principalmente através do Comitê fundado alguns anos antes. O objetivo dos envolvidos, especialmente dos oficiais e entre eles de Atatürk, era a implantação de uma Constituição na Turquia.
A estas alturas, o então desconfiado sultão e califa Abdülhamit perdia suas últimas chances de manter de pé seu regime de apadrinhamento. Se Istambul ainda governava, era em Ancara que se acumulavam as forças liberais e unionistas. Os donos do poder em Istambul reagiam sem sucesso. Uma rebelião organizada contra os jovens turcos reformistas não vingou e o sultão Abdülhamit acabou sendo afastado. Seu irmão, que recebeu o título de sultão Mehmet, o Quinto não teve mais nenhum poder de influência no país.
Mas quem eram esses jovens turcos, que da distante Ancara conseguiram minar lenta mas seguramente o tradicional Império Otomano, com know-how militar e ideias ocidentais? O historiador e cientista político Feroz Ahmad caracteriza o movimento da seguinte forma: “Dentro do movimento Turquia Jovem reuniram-se todas as forças e grupos que queriam derrubar o regime tradicional do sultanato. De forma simplificada, pode-se dividir o movimento em duas correntes distintas: os liberais e os unionistas".
"Os liberais pertenciam de maneira geral a uma classe social mais alta dentro do Império Otomano. Os membros dessa facção eram, sem exceções, muito bem-educados, abertos ao mundo e defensores de um sistema ocidentalizado, além de conhecerem línguas e culturas europeias, na maioria das vezes a francesa. Eles defendiam a implantação de uma monarquia constitucional, que seria conduzida pelos funcionários do governo, também oriundos da mesma classe social que eles. Da Inglaterra, que eles consideravam o berço dos parlamentos, os liberais esperavam receber ajuda para o regime em forma de empréstimos financeiros e apoio técnico na implantação das moderadas reformas sociais e econômicas.”
Fim do Império Otomano
Após várias operações militares bem-sucedidas, Atatürk assumiu a posição de líder da resistência nacional e tornou-se, a partir de 1920, presidente do Parlamento de Oposição criado em Ancara. Entre 1919 e 1922, derrotou nas guerras de libertação armênios, gregos, italianos, franceses e ingleses, estabelecendo então seu monopólio de poder com a ajuda do Partido Popular Republicano. O Império Otomano desmoronou-se de vez e Atatürk passou a deter em suas mãos todo o poder sobre o país.
Uma de suas resoluções mais importantes foi tomada no dia 13 de outubro de 1923: declarar Ancara nova capital da Turquia. Quase duas semanas mais tarde, foi proclamada a República – com Kemal Atatürk na função de presidente – e no ano seguinte, o califado foi definitivamente abolido. A isso seguiram-se medidas como a regulamentação do sistema de ensino pelo Estado, a substituição do direito islâmico das leis sagradas Charia por uma legislação de viés ocidental, a submissão de instituições religiosas ao controle do Estado, a adoção do alfabeto romano em detrimento do árabe e a consolidação da República da Turquia como um Estado secular.
Data 13.10.2013

Autoria Doris Bulau (sv)

1924: Fim do califado na Turquia


No dia 3 de março de 1924, encerravam-se os 600 anos de poder do Império Otomano. A Assembleia da Turquia dissolveu o califado e expulsou os representantes da dinastia.
Mustafá Kemal Atatürk, responsável pela ocidentalização da Turquia
Em seu auge, durante a segunda metade do século 16, o Império Otomano se estendia por todo o Oriente Médio, a partir do atual Iraque, até a Hungria e o Norte da África. Seus regentes haviam assumido os títulos dos califas muçulmanos para ressaltar a supremacia no mundo islâmico. O sultão Suleiman 1º foi o último destes grandes soberanos.
O declínio começou no século 18, com a expulsão dos turcos da Hungria. Mais tarde, eles tiveram que se retirar também do sul da Rússia e, no século 19, seguiram-se partes dos Bálcãs e do Egito. Vários povos começaram a se rebelar, em busca de mais autonomia. Um exemplo foi a sangrenta revolução nos Bálcãs em 1908, que desencadeou o genocídio de 600 mil armênios durante a Primeira Guerra Mundial.
Derrotado na guerra, o aliado da Alemanha teve que assistir como italianos, britânicos, franceses, russos e gregos dividiram entre si pedaços do império em decadência. Alguns territórios foram anexados, outros viraram protetorados e outros, como a Armênia, conquistaram a independência. A extensão definitiva da Turquia foi fixado no Acordo de Lausanne, em 1923.
República e ocidentalização
O apetite dos Aliados pelo poder na Ásia Menor era tão grande, que nada teria restado à atual Turquia, se não fosse a resistência de Mustafá Kemal Atatürk, um general do Império Otomano com larga experiência em guerras. Diversos grupos nacionalistas o ajudaram a evitar a perda completa do território. Os gregos foram expulsos da Ásia Menor em 1922 e, em outubro de 1923, foi proclamada a república, com Ancara como capital.
O sultão Mehmed 6º, que sofria cada vez mais influência dos Aliados, foi pressionado a se asilar no exterior. Mustafá foi eleito presidente e introduziu as reformas que garantiram a ocidentalização da Turquia. Entre as principais, a concessão de direitos às mulheres, a adoção da escrita romana, do calendário gregoriano e do costume ocidental do sobrenome. Em 1926, aboliu-se também a poligamia.
Em 3 de março de 1924, dois anos após o fim do sultanato, a dissolução do califado e a expulsão dos representantes da dinastia pela Assembleia da Turquia, encerraram os 600 anos de poder do Império Otomano. Era o fim de um período da história mundial que exerceu grande influência tanto no Oriente quanto na Europa.

DW.DE

1903: Concessão para ferrovia Constantinopla-Bagdá


No dia 5 de março de 1903, a Companhia Ferroviária da Anatólia recebeu concessão para construir uma linha ferroviária entre Constantinopla e Bagdá, integrando leste do Império Otomano e atendendo a interesses militares.

O sultão Abdel Hamid 2º havia assumido o poder em 1876, época de declínio do Império Otomano, marcada por rebeliões nos Bálcãs, guerras com a Rússia e a Grécia, perdas territoriais no Norte da África e no Oriente Médio, sem contar o crescente interesse dos europeus pelos acontecimentos na região do Estreito de Bósforo. O genocídio de milhões de armênios e outras medidas desesperadas não ajudaram o sultão a salvar o império da desintegração.
Desde 1889, o lendário Expresso do Oriente levava turistas de Viena ou Paris a Constantinopla, numa viagem de três dias. A fim de facilitar as viagens dos peregrinos muçulmanos para Meca e Medina, o sultão permitiu a ampliação do trecho ferroviário até Bagdá e o Golfo Pérsico. Logicamente, a ligação também serviria aos interesses econômicos e militares, permitindo transportar armas e tropas para as distantes fronteiras do Império Otomano.

Sonho de ligar Berlim a Bagdá

Em 1888, o sultão consultou a Alemanha sobre seu interesse em financiar o projeto. O ceticismo sobre sua grandeza logo se desfez, pois em pouco tempo desenvolveu-se o sonho de uma ligação Berlim-Bagdá. A maior parte do projeto foi financiada pelo Deutsche Bank, e a execução ficou a cargo da construtora Philipp Holzmann, de Frankfurt.
Em quatro anos, foram construídos 600 quilômetros de trilhos, até Ancara. Em 1896 e outros mais de 400 quilômetros de trilhos depois, começaram os problemas diplomáticos. Também os russos e os britânicos reconheceram a importância do projeto e tentaram evitar a influência alemã na região. Irritado com as dificuldades, em 1898 Georg von Siemens, do Deutsche Bank, ofereceu o projeto aos russos, que o recusaram.
No dia 5 de março de 1903, a concessão foi passada a um novo consórcio, criado especialmente para esse fim: a Companhia Ferroviária da Anatólia. A empresa operava conforme o direito turco, mas o maior banco alemão continuou sendo seu principal proprietário. Nessa época, já não se construiu com tanta rapidez. Os 600 quilômetros seguintes só ficaram prontos em 1914.
Reino Unido interfere
Ainda faltavam ser completados 650 quilômetros quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial. A Alemanha e a Turquia eram aliadas, e o Reino Unido aproveitou a oportunidade para transferir suas tropas para o Golfo Pérsico. Os britânicos se prevaleceram dos anseios dos árabes de se libertar do Império Otomano e, além de impedir o avanço da Alemanha na região, asseguraram para si o acesso à riqueza da região: o petróleo.
Em 1917, as tropas britânicas chegaram até Bagdá e, um ano mais tarde, receberam o mandato sobre a Mesopotâmia. Turcos e alemães haviam perdido a guerra e já não se falava mais de uma ferrovia até o Golfo.
Em 1932, o Iraque conquistou a soberania em nível internacional, apesar de continuar sob influência britânica. Depois da independência em 1936, o governo iraquiano resolveu terminar a construção da ferrovia. O primeiro trem chegou a Bagdá em 15 de julho de 1940.

Peter Philipp (rw)

1841: Segunda Convenção Londrina sobre Império Otomano


No dia 13 de julho de 1841, as potências europeias assinaram um acordo que proibia navios não turcos de navegar pelos estreitos de Dardanelos e de Bósforo.

O vice-rei do Egito, Mohammed Ali, levou em duas ocasiões o Império Otomano à beira da dissolução e as grandes potências europeias a uma grave crise internacional. Em 1832, ele anexou a Síria que, como o Egito, era uma província do Império Otomano, e logo avançou com as suas tropas até as portas de Istambul.

Somente uma intervenção da Rússia salvou o governo otomano de uma derrota completa. Em consequência, a Turquia tornou-se praticamente um protetorado da Rússia, que assegurou então aos seus navios de guerra o direito de atravessar os estreitos de Bósforo e de Dardanelos, o que era tradicionalmente proibido aos outros países.

Em 1839, voltou a ocorrer um confronto militar entre o sultão e seu vassalo infiel. E, mais uma vez, Mohammed Ali conseguiu impor-se militarmente. O diplomata prussiano Helmuth von Moltke, atuante na Turquia há vários anos, constatou na época:

"Quem acompanha atentamente o desenrolar dos acontecimentos no Oriente não pode negar que o império turco precipita-se no despenhadeiro da ruína com uma velocidade cada vez maior. Considerando as consequências imprevisíveis que um desaparecimento repentino do Império Otomano na comunidade internacional geraria, não se pode censurar a política europeia, que procura adiar o máximo possível tal catástrofe."

Faltou consenso na Europa

Enquanto Prússia, Áustria, Rússia e Inglaterra concordavam que o Império Otomano deveria ser apoiado, a França tomou o partido dos rebeldes egípcios. No segundo trimestre de 1840, as cinco potências tentaram em vão encontrar uma solução, numa conferência em Londres.

Sem apoio da França, as demais quatro potências aprovaram, em julho de 1840, a primeira Convenção Londrina, dando um ultimato para o restabelecimento do poder do sultão na Ásia Menor. Mas somente a intervenção da frota inglesa é que obrigou o vice-rei egípcio à capitulação definitiva e à retirada da Síria.

O chefe do governo francês, muito indignado com essa afronta, viu-se obrigado a ameaçar as outras potências com guerra, por pressão da opinião pública. Contudo, a ameaça era militarmente pouco realista. A França não teria condições de enfrentar sozinha as quatro outras potências no campo de batalha. O rei francês Luís Felipe 1º demitiu seu chefe de governo pouco depois e cedeu na questão.

Sem a participação da Turquia

Em julho de 1841, chegou-se então a um consenso entre todas as potências europeias na Segunda Convenção Londrina, que regulava também a questão dos estreitos marítimos:

Artigo 1º: Sua Alteza o Sultão declara de sua parte que está firmemente decidido a manter no futuro o princípio básico fixo e imutável como velha regra do seu império, por força do qual é proibida em qualquer época aos navios de guerra das potências estrangeiras o cruzamento dos estreitos marítimos de Dardanelos e do Bósforo, e enquanto o governo turco encontrar-se em paz, Sua Alteza não permitirá a entrada de nenhum navio de guerra estrangeiro nos citados estreitos marítimos. E Suas Majestades o imperador da Áustria, o imperador da Rússia, o rei dos franceses, a rainha da Grã-Bretanha e o rei da Prússia unem-se para observar esta resolução do Sultão e para preservar a conformidade com o princípio básico acima mencionado…

Com isso, foi atribuído oficialmente à Turquia o papel de guardiã dos estreitos marítimos. Porém, as duas convenções londrinas, ambas aprovadas sem a participação do governo turco, deixaram uma coisa clara: o antes poderoso Império Otomano tornara-se um fantoche nas mãos das potências europeias.

Mas também as relações de força entre as grandes potências haviam se alterado. A influência russa em Istambul foi enfraquecida pelo documento; a Turquia passou a buscar cada vez mais o apoio da Inglaterra. O bom entendimento entre britânicos e franceses ficou prejudicado, e a reputação da França sofreu arranhões, por seu comportamento durante a crise.

Autoria Rachel Gessat (am)

1453: Constantinopla é tomada pelos turcos


No dia 29 de maio de 1453, as tropas do sultão Mehmed, o Conquistador, tomaram Constantinopla. Ele pretendia transformar a cidade na capital de um império otomano. Mehmed rebatizou o antigo centro da cristandade ortodoxa para Istambul. O cristianismo não foi proibido, mas a religião oficial passou a ser o islamismo.
No ano 395, o império romano se dividiu, e a sua parte oriental tornou-se o centro do poder. Sua capital era Bizâncio, um centro comercial da Antiguidade localizado no estreito de Bósforo, que foi rebatizada posteriormente como Constantinopla pelo imperador Constantino, o Grande. O círculo cultural do império bizantino era greco-romano e a religião era a cristã por imposição do imperador, convertido ao cristianismo. Isso durou mais de um milênio. Até que, em 1453, tribos turcas das estepes da Ásia Menor tomaram a cidade.
Paz enganadora
"Os osmanlis eram inicialmente bastante pacíficos e não chamaram a atenção dos bizantinos. Segundo mostram as pesquisas mais recentes, os osmanlis eram até muito úteis aos bizantinos, pois se dedicavam à pecuária e contribuíam para o abastecimento de Constantinopla", afirma o professor Peter Schreiner, professor e especialista do assunto na Universidade de Colônia.

A paz temporária era enganadora. Para uma cidade medieval, Constantinopla era gigantesca, chegando a ter 300 mil habitantes. Mas a megalópole enfraqueceu-se ao longo dos séculos e sua população caiu para apenas 30 mil habitantes. O império começava a se esfacelar.
Segundo Schreiner, "essas fragilidades foram consequência da tomada de Constantinopla pelos cruzados em 1204: o império bizantino se desfez em inúmeros pequenos impérios, cuja fraqueza militar foi notada pelos osmanlis".

Em 1453, o sultão Mehmed 2° invadiu Constantinopla. Ele sonhava com um império otomano mundial e Constantinopla deveria ser a sua capital. Mehmed logrou executar duas ações surpreendentes. Em primeiro lugar, mandou fundir um novo tipo de canhão, os maiores do mundo na época. Com eles, a muralha da cidade foi destruída.

Depois, postou 70 navios de guerra diante do porto. Numa ação noturna, praticamente "pela porta dos fundos", suas tropas levaram os navios, do mar para o porto, através de uma estreita faixa de terra. O imperador Constantino, um descendente do lendário primeiro imperador cristão, viu então sua cidade cair nas mãos dos turcos.
Kritobulos de Imbros descreveu a reação do imperador: "Quando viu que os inimigos o acuavam e entravam gloriosamente na cidade, através das brechas na muralha, ele teria dito suas últimas palavras – 'A cidade está sendo conquistada e eu ainda vivo?' E pulou no meio dos inimigos, sendo massacrado".
Islamismo torna-se religião oficial
Das metrópoles européias da época – Roma, Veneza e Gênova – não veio qualquer ajuda. Elas estavam inteiramente concentradas em suas próprias querelas, e há muito, o império bizantino tinha deixado de ser interessante. O sultão Mehmed rebatizou o antigo centro dos cristãos ortodoxos: o que inicialmente era Bizâncio, depois Constantinopla, passou a se chamar Istambul.
A religião cristã não foi proibida, mas o islamismo tornou-se a religião oficial. Logo, os símbolos cristãos nas igrejas foram substituídos por símbolos islâmicos. E é nas igrejas que se pode, ainda hoje, buscar os resquícios daquela época.
O professor Peter Schreiner afirma: "É na Hagia Sophia que se pode encontrar a maioria desses resquícios, pois foi a primeira a ser transformada em mesquita, logo depois da conquista pelos turcos. Nessa igreja existe ainda grande parte da ornamentação da época bizantina" .
O império otomano teve um apogeu que durou um século. E depois, durante cem anos, ele esfacelou-se paulatinamente. Com a Primeira Guerra Mundial, deixou de existir. Foi criada a moderna República da Turquia. O que permaneceu foi sua capital, cuja história registra os três nomes: Bizâncio, Constantinopla, Istambul.

Autoria Catrin Möderler (am)

1928: Protesto contra leilão de obras russas em Berlim


No dia 6 de novembro de 1928 houve fortes protestos dos exilados russos em Berlim contra a casa de leilões Lempe, que estava oferecendo obras de arte de museus de Leningrado e de castelos da Rússia.
 Muitas obras confiscadas pelo regime comunista foram parar no Museu Hermitage, de São Petersburgo
Muitas obras confiscadas pelo regime comunista foram parar no Museu Hermitage, de São Petersburgo
Quando o proletariado comandado por Lênin tomou o poder em Moscou em 1917, os nobres e ricos saíram do país às pressas, deixando bens, joias e obras de arte. Em pouco tempo, as riquezas confiscadas pelo Estado começaram a ser oferecidas nos catálogos de casas de leilões.
Os antigos proprietários protestaram quando as obras de arte começaram a ser oferecidas em Berlim. Segundo a historiadora Katia Terlau, provar a origem dos bens era muito complicado, pois os russos exilados na Alemanha não haviam trazido documentos que comprovassem a propriedade dos objetos.
Na década de 20, aconteceu em Berlim uma verdadeira "colonização" russa. Entre os emigrados famosos estavam escritores como Boris Pasternak, autor do romance Doutor Jivago. Quase 2 milhões de pessoas fugiram do bolchevismo. E não só aqueles provenientes da nobreza e realeza, mas também pessoas que simplesmente tinham outra convicção política.

Berlim, um dos principais destinos

O êxodo prosseguiu até a década de 40, não só para outros países da Europa, como também para a América. A França e a Alemanha, principalmente Berlim, eram os principais destinos dos russos emigrados. Em Paris, a situação chegou a ser responsável por um ditado, segundo o qual a metade dos motoristas de táxi eram príncipes russos.
Grande parte das obras confiscadas pelo regime comunista foram parar no famoso museu Hermitage, de São Petersburgo, que hoje tem 2,7 milhões de peças em seus 400 salões, distribuídos em 46 mil metros quadrados.
Mas, ainda segundo Terlau, enquanto alguns conseguiram realmente recuperar objetos de sua propriedade, outras peças acabaram mesmo sendo leiloadas.
Para evitar a repetição deste e de outros fatos, tais como o confisco de bens de judeus pelos nazistas e o do butim de guerra pelos soviéticos (que levaram obras da Alemanha a título de compensação pelas perdas durante a Segunda Guerra), uma conferência em Washington em 1998 instituiu as bases para a investigação de obras de arte de propriedade não esclarecida.

Autoria Catrin Möderler (rw)

1917: Lênin retorna à Rússia


Em 16 de abril de 1917, Lênin chega de trem à Rússia, depois de obter licença para atravessar o território alemão. Em guerra com a Rússia, os alemães queriam desestabilizar o governo russo e apressar a assinatura da paz.
Lênin em 1918
A mobilização de cerca de 13 milhões de soldados e os gastos durante a Primeira Guerra Mundial causaram uma grave crise econômica e social na Rússia. Enquanto 1,5 milhão de soldados morriam nas frentes de batalha por falta de equipamentos, alimentos e vestuário, a fome chegava às grandes cidades e gerava greves. A paralisação dos operários de Petrogrado (atual São Petersburgo), por exemplo, mobilizou cerca de 200 mil trabalhadores.
No final de fevereiro (março, no calendário ocidental), o czar Nicolau II foi derrubado e a monarquia substituída pela república parlamentar. Nessa época, formaram-se os sovietes. Eram assembléias de operários, camponeses e soldados, influenciados pela ala radical, que mais tarde originaria o Partido Comunista.
O governo provisório, de 17 de março a 15 de maio, não conseguiu debelar a crise interna e insistiu na continuação da guerra contra a Alemanha. Enquanto isso, crescia a força de Vladimir Iliitch Ulianov, conhecido como Lênin, exilado na Suíça. Ele encarava a Primeira Guerra Mundial como uma luta entre os imperialismos rivais pela partilha do mundo e desejava fazer da guerra entre nações uma guerra entre classes.
Longa parada em Berlim
Com a permissão do governo alemão para atravessar a Alemanha de trem, Lênin voltou à Rússia em abril de 1917. No dia 11, porém, seu trem passou 20 horas estacionado em Berlim. Especula-se que para contatos e negociações de representantes do Ministério alemão do Exterior com Lênin. Registros do ministério revelam que também se falou em dinheiro: 40 milhões de goldmark, a moeda alemã utilizada na época para transações financeiras. Os revolucionários prosseguiram viagem pela Suécia e pela Finlândia, chegando a Petrogrado no dia 16 de abril de 1917.
Nas suas famosas "Teses de Abril", Lênin pregou a saída da Rússia da guerra, o fortalecimento dos sovietes e o confisco das grandes propriedades rurais, com a distribuição das terras aos camponeses. O novo governo, porém, insistia na participação da Rússia na guerra e por isso perdia apoio popular.
Avisado de que seria acusado pelo governo de ser um agente a serviço da Alemanha, Lênin fugiu para a Finlândia. Em Petrogrado, os bolcheviques enfrentavam uma imprensa hostil e a opinião pública, que os acusava de traição ao exército e de organização de um golpe de Estado. Em 20 de julho, o general Lavr Kornilov tentou implantar uma ditadura militar, através de um fracassado golpe de Estado. Da Finlândia, Lênin começou a preparar uma rebelião armada.
Revolução de Outubro
A segunda revolução russa de 1917, a de Outubro (6 a 8 de novembro), marcou o triunfo definitivo do marxismo-leninismo na Rússia. Sob o comando de Lênin e Leon Trotski (1879-1940), igualmente importante no movimento, o Partido Social Democrata da Rússia tomou o poder. Lênin foi eleito pelo partido novo chefe de governo e foi constituído um Conselho de Comissários do Povo.
Trotski fundou o Exército Vermelho, vencedor da guerra civil que assolaria o país nos quatro anos seguintes, contra os contra-revolucionários, liderados pelos czaristas. O novo governo nacionalizou bancos, minas, ferrovias, as grandes propriedades rurais e as indústrias, estabeleceu a ditadura do proletariado, transferiu a capital para Moscou (12 de março de 1918) e inaugurou a política do dito "comunismo de guerra".
Após a adoção do calendário oficial, assinou um armistício com a Alemanha, conhecido como Paz de Brest-Litovsk, em 3 de maio de 1918. O tratado trazia enormes desvantagens para a Rússia, com as perdas territoriais da Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Ucrânia, além de pagar uma pesada indenização em ouro e trigo à Alemanha.
Naquele ano, após tentativas de obter asilo em outros países, inclusive na Inglaterra, onde os soberanos eram seus primos, o último czar, Nicolau Romanov, a imperatriz Alexandra e seus filhos foram fuzilados por ordem do governo soviético.

DW.DE

1918: Desapropriação da Igreja Ortodoxa russa


No dia 23 de janeiro de 1918, Lênin publicou um decreto que encerrava todas as ligações entre a Igreja Ortodoxa e o Estado. Os bens da Igreja foram desapropriados, o ensino de religião foi proibido.

Em 23 de janeiro de 1918, menos de três meses depois da Revolução de Outubro, Lênin publicou o decreto intitulado "Sobre a separação entre a Igreja e o Estado e entre a Escola e a Igreja".
Ele foi divulgado exatamente quando se realizava o concílio nacional da Igreja Ortodoxa, com o qual ela pretendia libertar-se da tutela estatal da época czarista, restabelecendo o Patriarcado. O concílio não desejava, naturalmente, uma libertação leiga, que alijasse a Igreja da sociedade, transformando-a em instituição privada. Por isso, protestou contra o decreto de Lênin, mas sem qualquer resultado.
Assim, a Igreja Ortodoxa teve de resignar-se dali em diante com o fato de que só possuía liberdade de culto, enquanto não perturbasse a ordem pública e enquanto os fiéis não deixassem de cumprir seus deveres cívicos. O ensino de religião foi abolido nas escolas públicas; os bolcheviques queriam erigir um sistema estatal ateísta, de acordo com o materialismo dialético. Mas, sobretudo, foram desapropriados os imóveis e terrenos da Igreja, seus templos e prédios – tudo foi incluído no rol do patrimônio popular. Desta maneira, foi retirada da Igreja a base material da sua existência.
Segundo o decreto de Lênin, todas as comunidades religiosas perderam os direitos de pessoa jurídica, não podendo ter propriedades, nem receber qualquer tipo de ajuda estatal. Embora as demais Igrejas também fossem atingidas pelo decreto, elas consideraram justo o corte de privilégios dos ortodoxos que antes constituíam praticamente uma Igreja estatal. Mas, no fundo, todos os direitos da Igreja foram abolidos.
Consequências da privatização da Igreja
O arcebispo Longin, representante permanente do patriarca de Moscou na Alemanha, descreveu da seguinte maneira as consequências dessa privatização da Igreja: "Durante o domínio comunista, as pessoas não podiam demonstrar abertamente que eram integrantes da Igreja. Elas só podiam exercer a sua religiosidade em casa e iam às igrejas apenas em casos muito especiais. Quando ocupavam algum tipo de cargo público, como professor ou em outra função importante na sociedade, não podiam deixar transparecer a sua fé."
Inicialmente, a Igreja pagou também um elevado tributo de sangue: durante a guerra civil, antes que os bolcheviques pudessem constituir a União Soviética em dezembro de 1922, foram assassinados 25 bispos, quase 3 mil sacerdotes, cerca de 2 mil monges e freiras, assim como 15 mil fiéis, aproximadamente. A fim de evitar tal martírio, o Patriarcado de Moscou declarou-se, muitas vezes, leal ao Estado soviético e conclamou os fiéis a assumirem a mesma posição.
Isso provocou divisões, algumas igrejas ortodoxas russas no exterior distanciaram-se criticamente do Patriarcado de Moscou. Mas, mesmo atitudes de bajulação não livraram a Igreja de uma dura perseguição. Ela só pôde sobreviver graças à fidelidade das camadas mais simples da população russa.
Como explica o patriarca Alexis 2º de Moscou: "A lealdade à fé ortodoxa é um dos traços mais importantes do caráter nacional do povo russo. Mas a Igreja Ortodoxa jamais teve um caráter nacionalista. A Igreja só pôde respirar aliviada depois que ruiu a hegemonia soviética; desde então, desenvolve-se também um princípio de relação cooperativa entre a Igreja e o Estado na Rússia."

Autoria Hajo Goertz (am)

1918: Atentado contra Lenin


No dia 30 de agosto de 1918, Vladimir Lenin, líder do Partido Comunista da Rússia, foi gravemente ferido por duas balas, mas sobreviveu.

Desde 7 de novembro de 1917, a Rússia era um país agitado, onde reinava o caos da guerra civil. Após o bem-sucedido golpe de Estado, Vladimir Ilitch Ulianov, apelidado Lenin, estava construindo um sistema ditatorial de governo, sob a liderança dos quadros do partido bolchevista. A oposição era reprimida de maneira radical.
Mas o entusiasmo estava arrefecendo. Além disso, reinava a guerra na Europa e parecia que os alemães iriam vencê-la também no Leste. Em 9 de fevereiro de 1918, foi assinado um tratado de paz entre a Ucrânia e a Alemanha. Aumentou a pressão sobre os bolchevistas, fazendo com que Lev Trotski, como chefe da delegação russa, anunciasse oficialmente a retirada do país da guerra, e interrompesse as negociações de paz, sem fechar um acordo.
Resistência no partido a acordo com a Alemanha
O Alto Comando do Exército alemão ordenou o prosseguimento da marcha militar em direção ao Leste. O novo governo russo, ainda instável, teve que capitular e aceitar as exigências alemãs. O tratado de paz de 3 de março, entre a Rússia e o Império Alemão, foi assinado por Lenin contra uma enorme resistência dentro do partido.
Os comunistas necessitavam de paz externa, a fim de poder impor internamente a sua sangrenta revolução. No dia 17 de julho, então, a família do czar foi eliminada, com a execução, em Iecaterinburgo, de todos os membros da casa real.
Mas apenas seis semanas mais tarde veio o grande choque para a revolução. Lenin, o líder do Partido Comunista da Rússia, tinha acabado de entrar no seu carro, após uma assembleia com os operários de uma fábrica de armamentos. Antes que o motorista pudesse dar a partida, foram disparados três tiros.
Dois deles acertaram o alvo: uma bala atingiu a omoplata esquerda, a segunda alojou-se diretamente no ombro esquerdo do líder. Lenin desmaiou e a polícia revolucionária prendeu imediatamente a suposta autora do atentado: Fanya Kaplan.
Dúvidas quanto à autoria do atentado
A anarquista ucraniana, de 30 anos de idade, havia sido condenada à pena perpétua de trabalhos forçados, em 1906, pelo atentado fracassado contra o governador da província. Ela fora anistiada após a Revolução de 1917. E acusada, pouco depois, dos disparos contra Lenin.
Trecho do protocolo do interrogatório pela polícia secreta, no dia 30 de agosto de 1918, às 23h30: "Eu me chamo Fanya Efimovna Kaplan, este é o nome sob o qual fui registrada como prisioneira do campo de trabalhos forçados de Acatua. Eu disparei hoje contra Lenin. Disparei contra ele por convicção própria. Disparei várias vezes, mas não sei quantas. Não contarei nenhum pormenor em relação à arma. Disparei contra Lenin porque o considero um traidor da Revolução e a sua existência irá destruir a crença no socialismo."
Foi uma declaração misteriosa, que ainda desperta dúvidas quanto ao papel de Kaplan no atentado contra Lenin. Pois ela parece ser apenas uma vítima voluntária. São muito estranhos os indícios que procuravam transformar a revolucionária numa assassina.
Não houve nenhuma testemunha que a tivesse visto realmente fazer os disparos. No ano de 1906, ela havia perdido inteiramente a visão, recuperando-a parcialmente seis anos depois. Mas era extremamente míope e, por isto, pouco adequada como assassina.
Dossiê médico trouxe a prova
Nas investigações feitas por Yurovski – o assassino do czar – no local do atentado contra Lenin, foram encontradas quatro cápsulas de bala, apesar de todas as testemunhas terem ouvido apenas três disparos. Também suscita desconfiança o fato de que Fanya Kaplan tenha confessado tão prontamente sua suposta culpa.
Prova cabal da sua inocência parece ser um dossiê médico do ano de 1922, quando foi retirada finalmente a bala do ombro de Lênin. Com toda certeza, o projétil não foi disparado de um revólver Browning, como o que a polícia secreta teria encontrado na bolsa de Fanya Kaplan e afirmava ser a arma do crime.
Assim, um outro boato foi espalhado desde então. O verdadeiro autor do atentado de 30 de agosto de 1918 contra Lenin teria sido um homem chamado Protopopov, chefe de uma unidade da Tcheka – a organização predecessora do serviço secreto KGB – e que estaria decepcionado com a revolução. Também ele teria sido preso no local do crime e executado no mesmo dia. Kaplan deveria acobertá-lo e, não sabendo da sua prisão, teria "confessado" o crime.

A Tcheka também fez processo sumário contra Kaplan. No dia 4 de setembro, ela foi executada por Pavel Malkov numa garagem. Cumprindo ordens superiores, seus restos mortais foram eliminados sem deixar vestígios.
Posteriormente, no terror da era de Stalin, bastava alguém ter o sobrenome Kaplan para que vivesse sob constante ameaça de morte. E ouvia sempre a mesma pergunta: "É parente da Kaplan?"
De qualquer forma, o dia 30 de agosto de 1918 ofereceu ao líder dos bolchevistas um pretexto bem-vindo para radicalizar ainda mais a caça a todos os seus adversários. Começou então o "terror vermelho". As vítimas foram principalmente os integrantes do Partido Social Revolucionário, que tinha obtido nas eleições um resultado muito melhor do que o Partido Comunista.
Lev Trotski descreveu assim a situação daquele momento: "Curiosamente, a revolução não foi estabilizada através de uma curta fase de tranqüilidade, mas sim através da ameaça do atentado".
DW.DE


1921: Rebelião dos marinheiros de Kronstadt


No dia 2 de março de 1921, 300 representantes de estaleiros e marinheiros da cidade russa de Kronstadt, no Mar Báltico, elegeram um Comitê Revolucionário Provisório.

Trotski prometeu caçar revolucionários "como coelhos"

Os marinheiros da cidade portuária de Kronstadt, no Mar Báltico, haviam se rebelado no final de 1917. A frota bloqueara a foz do Rio Neva, quando o cruzador Aurora deu o sinal para começar a histórica Revolução de Outubro.
A historiadora alemã Jutta Petersdorf dedicou-se intensamente ao estudo da história russa. Ela conta que os marinheiros de Kronstadt desempenharam papel muito importante do começo ao fim da revolução. O próprio Leon Trotski reconheceu este fato.
Retrocesso na Rússia
O povo russo continuava sofrendo mesmo depois da queda dos czares. A União Soviética de então estava literalmente arrasada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e pela Guerra Civil (1918-1921). Fome e epidemias grassavam por toda parte, indústria e transportes estavam profundamente debilitados. Alguns setores apresentavam índices equivalentes aos de fins do século 18.
Havia greves, a agricultura estava paralisada, à espera de definições políticas, o descontentamento agitava a população urbana e provocava revoltas no campo. Protestos públicos eram punidos com prisão sumária.
Os comunistas governavam com mão de ferro. Quem parasse de trabalhar, podia ser condenado à morte. Esta efervescência provocou a insurreição dos marinheiros de Kronstadt contra os bolcheviques. No dia 2 de março de 1921, 300 representantes dos estaleiros daquela cidade portuária elegeram um Comitê Revolucionário Provisório. Os marinheiros entendiam-se responsáveis pelo regime, criticavam a inflação de poder do partido e queriam o retorno dos sovietes às suas origens.

"Somos invencíveis!"

Os sovietes eram os conselhos integrados por operários, camponeses e soldados. Eles apareceram pela primeira vez na Rússia em 1905. Com a revolução de 1917, passaram a ser órgão deliberativo no país. Mas Vladimir Lênin e Trotski viam nos amotinados apenas contrarrevolucionários, e não os apoiaram. Em 5 de março, Trotski enviou uma advertência aos rebelados para que encerrassem seu protesto. Caso contrário, "seriam caçados como coelhos".
Como os marinheiros mantiveram suas reivindicações, dois dias mais tarde começou a invasão de Kronstadt pelo Exército Vermelho. Protegidos como numa fortaleza, os amotinados conseguiram defender-se e enviaram a seguinte mensagem a 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
"Da Kronstadt libertada para todas as operárias do mundo: estamos aqui em meio aos estrondos dos canhões, em meio às granadas explodindo, jogadas pelos comunistas, inimigos do povo trabalhador! Mesmo assim, enviamos fraternas congratulações a vocês, operárias de todo o mundo. Saudações da Kronstadt vermelha rebelada, do império da liberdade. Que nossos inimigos se atrevam a nos destruir. Somos fortes. Somos invencíveis!"
Rápida derrota
A invencibilidade durou apenas dez dias. Com o apoio de voluntários que participavam da 10ª Convenção do Partido Comunista, as tropas russas conseguiram conquistar a fortaleza de Kronstadt em 18 de março de 1921.
Uma parte dos amotinados foi executada, outra enviada para prisões afastadas, nas temidas ilhas Solofki, no Mar Branco, ao norte da atual Federação Russa; 8 mil rebelados conseguiram fugir de Kronstadt pelas águas geladas do Mar Báltico. Estava debelado, assim, um dos primeiros movimentos políticos na União Soviética.
DW.DE


1933: Roosevelt eleito presidente dos EUA


No dia 4 de março de 1933, Franklin Delano Roosevelt tomou posse na presidência dos Estados Unidos, abalados pela Depressão. Uma de suas primeiras iniciativas foi o plano de recuperação econômica "New Deal".

No início da década de 30, a economia norte-americana ainda sofria as consequências da Grande Depressão, iniciada com o colapso da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. A estagnação econômica foi decisiva na sucessão presidencial de 1933, quando o candidato republicano à reeleição, Herbert Hoover, foi derrotado pelo democrata Franklin Delano Roosevelt.
Hoover não conseguira frear o processo de empobrecimento geral da população. A situação era crítica: 15 milhões de desempregados viviam da assistência social; milhões de agricultores se encontravam sem meios e endividados, e o sistema bancário estava arruinado. O Estado precisava urgentemente criar novos empregos.
Pacote de medidas
Assim que assumiu a presidência, em 4 de março de 1933, Roosevelt começou a implementar uma série de medidas que transformaram radicalmente o perfil social dos Estados Unidos. Pôs em prática um amplo plano de recuperação da economia chamado New Deal (Novo Acordo).
O program, proposto por políticos progressistas, administradores e assessores do presidente, previa a intervenção do Estado na economia (o que era tabu nos EUA) e foi aprovado por uma maioria esmagadora do Congresso. Em caráter emergencial, o dólar foi desvalorizado em 50% e foram aprovadas leis para aliviar as dívidas dos agricultores e proprietários de imóveis. A Lei Agrícola de março de 1933 previa acabar com a produção de excedentes por meio de subsídios.
A Lei de Recuperação da Indústria Nacional, do mesmo ano, protegia os interesses dos empresários, mas também estabeleceu limites de produção e preços, determinou a jornada máxima de trabalho e criou o salário mínimo. Em dezembro de 1933, foi abolida a Lei Seca e normalizado o funcionamento da indústria de bebidas. Uma lei de 1935 regulamentou as relações trabalhistas, estabeleceu a liberdade de organização sindical e garantiu o direito de greve.
Segundo Robert E. Sherwood, autor do livro Roosevelt e Hopkins, no primeiro trimestre do programa de garantia de trabalho, que flanqueou as medidas de proteção social mínima, foram construídos ou restaurados 400 mil quilômetros de estradas, construídas 40 mil escolas e contratados 50 mil professores.
Foram ainda erguidos mais de 500 pequenos aeroportos, assim como praças e quadras esportivas em todo o país, e instalados mais de 3,5 milhões de metros de canalização de água e esgoto. Na habitação popular, uma nova agência estatal serviu de avalista em última instância para os financiamentos imobiliários, viabilizando um grande incentivo à construção civil.
Desemprego continuou sendo desafio
O primeiro New Deal (1933–35) conseguiu estancar a crise bancária e recuperar a confiança pública. A falência das agências de fomento do governo central, porém, tornou necessário um segundo Deal (1935–38). Nesta fase, foram aprovadas, entre outras, a lei de seguridade social, de agosto de 1935, que criou os seguros desemprego, invalidez e velhice, e garantiu aos trabalhadores o acesso à casa própria.
O Novo Acordo, porém, não conseguiu recuperar de vez os EUA da Grande Depressão. Segundo Paul Kennedy, autor de Ascensão e queda das grandes potências, o desemprego ainda atingia cerca de 10 milhões de pessoas em 1939. "Os vários esquemas do New Deal não foram suficientes para estimular a economia e aproveitar essa capacidade produtiva não utilizada", afirma.
A expressão New Deal, cunhada pelo juiz Samuel Rosenman, foi usada por Roosevelt em seu discurso de 1932, quando aceitou a indicação para concorrer à presidência. A verdadeira recuperação da economia dos EUA só viria durante a Segunda Guerra Mundial, com o aumento da produção de armas.
Adolf Hitler, que igualmente chegou ao poder na Alemanha em 1933, também começou seu governo com um "programa de emergência", mas com um objetivo completamente oposto ao do Novo Acordo de Roosevelt.

Autoria: Rachel Gessat (gh)

Fonte Deutche Welle

Firma del Tratado de Brest-Litovsk

3 de marzo de 1918

Los representantes de la Rusia soviética y las Potencias centrales acuerdan una paz por separado


Tal día como hoy de 1918, en la localidad polaca de Brest-Litovsk (actualmente en Bielorrusia), los representantes de las Potencias Centrales y los del gobierno ruso surgido de la revolución de octubre de 1917 firmaron el tratado por el que Rusia abandonaba la Primera Guerra Mundial. Los bolcheviques (representados por Lev Trotski) obtuvieron la tan ansiada paz, indispensable para asegurar su permanencia en el poder, mientras cedían a cambio a Alemania y sus aliados los territorios rusos que habían conquistado y reconocían la independencia de Finlandia y Ucrania. Esto supuso la pérdida de inmensos territorios, recursos y población, además de ser el reconocimiento de la victoria de las Potencias Centrales en el Frente Oriental.