Em 16 de abril de 1917, Lênin chega de trem à Rússia, depois
de obter licença para atravessar o território alemão. Em guerra com a Rússia,
os alemães queriam desestabilizar o governo russo e apressar a assinatura da
paz.
Lênin em 1918
A mobilização de cerca de 13 milhões de soldados e os gastos
durante a Primeira Guerra Mundial causaram uma grave crise econômica e social
na Rússia. Enquanto 1,5 milhão de soldados morriam nas frentes de batalha por
falta de equipamentos, alimentos e vestuário, a fome chegava às grandes cidades
e gerava greves. A paralisação dos operários de Petrogrado (atual São
Petersburgo), por exemplo, mobilizou cerca de 200 mil trabalhadores.
No final de fevereiro (março, no calendário ocidental), o
czar Nicolau II foi derrubado e a monarquia substituída pela república
parlamentar. Nessa época, formaram-se os sovietes. Eram assembléias de
operários, camponeses e soldados, influenciados pela ala radical, que mais tarde
originaria o Partido Comunista.
O governo provisório, de 17 de março a 15 de maio, não
conseguiu debelar a crise interna e insistiu na continuação da guerra contra a
Alemanha. Enquanto isso, crescia a força de Vladimir Iliitch Ulianov, conhecido
como Lênin, exilado na Suíça. Ele encarava a Primeira Guerra Mundial como uma
luta entre os imperialismos rivais pela partilha do mundo e desejava fazer da
guerra entre nações uma guerra entre classes.
Longa parada em Berlim
Com a permissão do governo alemão para atravessar a Alemanha
de trem, Lênin voltou à Rússia em abril de 1917. No dia 11, porém, seu trem
passou 20 horas estacionado em Berlim. Especula-se que para contatos e
negociações de representantes do Ministério alemão do Exterior com Lênin.
Registros do ministério revelam que também se falou em dinheiro: 40 milhões de
goldmark, a moeda alemã utilizada na época para transações financeiras. Os
revolucionários prosseguiram viagem pela Suécia e pela Finlândia, chegando a
Petrogrado no dia 16 de abril de 1917.
Nas suas famosas "Teses de Abril", Lênin pregou a
saída da Rússia da guerra, o fortalecimento dos sovietes e o confisco das
grandes propriedades rurais, com a distribuição das terras aos camponeses. O
novo governo, porém, insistia na participação da Rússia na guerra e por isso
perdia apoio popular.
Avisado de que seria acusado pelo governo de ser um agente a
serviço da Alemanha, Lênin fugiu para a Finlândia. Em Petrogrado, os
bolcheviques enfrentavam uma imprensa hostil e a opinião pública, que os
acusava de traição ao exército e de organização de um golpe de Estado. Em 20 de
julho, o general Lavr Kornilov tentou implantar uma ditadura militar, através
de um fracassado golpe de Estado. Da Finlândia, Lênin começou a preparar uma
rebelião armada.
Revolução de Outubro
A segunda revolução russa de 1917, a de Outubro (6 a 8 de
novembro), marcou o triunfo definitivo do marxismo-leninismo na Rússia. Sob o
comando de Lênin e Leon Trotski (1879-1940), igualmente importante no
movimento, o Partido Social Democrata da Rússia tomou o poder. Lênin foi eleito
pelo partido novo chefe de governo e foi constituído um Conselho de Comissários
do Povo.
Trotski fundou o Exército Vermelho, vencedor da guerra civil
que assolaria o país nos quatro anos seguintes, contra os contra-revolucionários,
liderados pelos czaristas. O novo governo nacionalizou bancos, minas,
ferrovias, as grandes propriedades rurais e as indústrias, estabeleceu a
ditadura do proletariado, transferiu a capital para Moscou (12 de março de
1918) e inaugurou a política do dito "comunismo de guerra".
Após a adoção do calendário oficial, assinou um armistício
com a Alemanha, conhecido como Paz de Brest-Litovsk, em 3 de maio de 1918. O
tratado trazia enormes desvantagens para a Rússia, com as perdas territoriais
da Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Ucrânia, além de pagar uma
pesada indenização em ouro e trigo à Alemanha.
Naquele ano, após tentativas de obter asilo em outros
países, inclusive na Inglaterra, onde os soberanos eram seus primos, o último
czar, Nicolau Romanov, a imperatriz Alexandra e seus filhos foram fuzilados por
ordem do governo soviético.
DW.DE
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