terça-feira, 4 de março de 2014

1921: Rebelião dos marinheiros de Kronstadt


No dia 2 de março de 1921, 300 representantes de estaleiros e marinheiros da cidade russa de Kronstadt, no Mar Báltico, elegeram um Comitê Revolucionário Provisório.

Trotski prometeu caçar revolucionários "como coelhos"

Os marinheiros da cidade portuária de Kronstadt, no Mar Báltico, haviam se rebelado no final de 1917. A frota bloqueara a foz do Rio Neva, quando o cruzador Aurora deu o sinal para começar a histórica Revolução de Outubro.
A historiadora alemã Jutta Petersdorf dedicou-se intensamente ao estudo da história russa. Ela conta que os marinheiros de Kronstadt desempenharam papel muito importante do começo ao fim da revolução. O próprio Leon Trotski reconheceu este fato.
Retrocesso na Rússia
O povo russo continuava sofrendo mesmo depois da queda dos czares. A União Soviética de então estava literalmente arrasada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e pela Guerra Civil (1918-1921). Fome e epidemias grassavam por toda parte, indústria e transportes estavam profundamente debilitados. Alguns setores apresentavam índices equivalentes aos de fins do século 18.
Havia greves, a agricultura estava paralisada, à espera de definições políticas, o descontentamento agitava a população urbana e provocava revoltas no campo. Protestos públicos eram punidos com prisão sumária.
Os comunistas governavam com mão de ferro. Quem parasse de trabalhar, podia ser condenado à morte. Esta efervescência provocou a insurreição dos marinheiros de Kronstadt contra os bolcheviques. No dia 2 de março de 1921, 300 representantes dos estaleiros daquela cidade portuária elegeram um Comitê Revolucionário Provisório. Os marinheiros entendiam-se responsáveis pelo regime, criticavam a inflação de poder do partido e queriam o retorno dos sovietes às suas origens.

"Somos invencíveis!"

Os sovietes eram os conselhos integrados por operários, camponeses e soldados. Eles apareceram pela primeira vez na Rússia em 1905. Com a revolução de 1917, passaram a ser órgão deliberativo no país. Mas Vladimir Lênin e Trotski viam nos amotinados apenas contrarrevolucionários, e não os apoiaram. Em 5 de março, Trotski enviou uma advertência aos rebelados para que encerrassem seu protesto. Caso contrário, "seriam caçados como coelhos".
Como os marinheiros mantiveram suas reivindicações, dois dias mais tarde começou a invasão de Kronstadt pelo Exército Vermelho. Protegidos como numa fortaleza, os amotinados conseguiram defender-se e enviaram a seguinte mensagem a 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
"Da Kronstadt libertada para todas as operárias do mundo: estamos aqui em meio aos estrondos dos canhões, em meio às granadas explodindo, jogadas pelos comunistas, inimigos do povo trabalhador! Mesmo assim, enviamos fraternas congratulações a vocês, operárias de todo o mundo. Saudações da Kronstadt vermelha rebelada, do império da liberdade. Que nossos inimigos se atrevam a nos destruir. Somos fortes. Somos invencíveis!"
Rápida derrota
A invencibilidade durou apenas dez dias. Com o apoio de voluntários que participavam da 10ª Convenção do Partido Comunista, as tropas russas conseguiram conquistar a fortaleza de Kronstadt em 18 de março de 1921.
Uma parte dos amotinados foi executada, outra enviada para prisões afastadas, nas temidas ilhas Solofki, no Mar Branco, ao norte da atual Federação Russa; 8 mil rebelados conseguiram fugir de Kronstadt pelas águas geladas do Mar Báltico. Estava debelado, assim, um dos primeiros movimentos políticos na União Soviética.
DW.DE


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