Sei que perdi tantas
coisas que não poderia contá-las
e que essas perdições, agora, são o que é meu.
Sei que perdi o amarelo e o negro
e penso nessas impossíveis cores
como não pensam os que veem.
Meu pai morreu e está sempre ao meu lado.
Quando quero escandir versos de Swinburne,
o faço, me dizem, com sua voz.
Só o que morreu é nosso,
só é nosso o que perdemos.
Ílion foi, porém Ílion perdura no hexâmetro que a plange.
Israel foi quando era uma antiga nostalgia.
Todo poema, com o tempo, é uma elegia.
Nossas são as mulheres que nos deixaram,
já não sujeitos à véspera, que é soçobra,
e aos alarmes e terrores da esperança.
Não há outros paraísos que os paraísos perdidos.