Líder militar Mustafa Atatürk fundou a Turquia moderna e
introduziu reformas que diminuíram influência do islã e tornaram país uma
democracia laica. Militares se veem como seus herdeiros.
Mustafa Kemal Atatürk, fundador da República da Turquia
A história da moderna República da Turquia começa com a
derrota e o consequente fim do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial.
A partição do território do Império Otomano entre os
aliados, em outubro de 1918, gerou grande insatisfação entre os turcos
otomanos, que se consideravam desfavorecidos.
Essa insatisfação deu origem a um movimento revolucionário
nacionalista cujo principal líder era um militar, Mustafa Kemal Atatürk. Em
outubro de 1923, em seguida à guerra pela independência, o movimento resultou
na proclamação da república.
O primeiro presidente dessa república foi Atatürk. Desde o
início, ele implementou uma série de reformas para criar uma democracia moderna
e secular, que aproximaram a Turquia do Ocidente. O próprio Atatürk se referia
às suas reformas como "europeização" da Turquia.
Atatürk eliminou a sharia como base da legislação, aboliu o
califado, proibiu o véu islâmico, adotou o calendário ocidental, introduziu
novos códigos civil, penal e comercial, adotou o alfabeto latino no lugar do
árabe e declarou o Estado laico, entre várias outras reformas.
Um destaque especial foi dado aos direitos das mulheres, que
puderam votar e ser votadas a partir de 1934. A poligamia foi abolida, e homens
e mulheres passaram a ter direitos iguais no divórcio e na guarda dos filhos.
Também foi garantido o acesso das mulheres à educação, em todos os níveis.
Como Atatürk era um militar, os militares passaram a se ver
como guardiães das reformas que resultaram na Turquia moderna. E como Atatürk
impôs suas reformas com mão de ferro e é até hoje admirado pela maioria dos
turcos, a opção do governo pela força tem grande aceitação dentro da sociedade.
Assim, o país viu quatro golpes militares desde o fim da
Segunda Guerra Mundial, em 1960, 1971, 1980 e 1997. Em todos eles, os militares
invocaram o fundador da república e a defesa das reformas seculares contra as
correntes islâmicas.
Esse domínio militar sofreu um duro revés em novembro de
2002, quando o partido islâmico conservador AKP venceu as eleições e conquistou
o cargo de primeiro-ministro, que foi ocupado por um dos líderes dos
islamistas, o ex-prefeito de Istambul Recep Tayyip Erdogan, atual presidente do
país. Desde então, AKP e militares travam uma batalha pelo poder na Turquia,
que tem como pano de fundo a tensão entre forças seculares e religiosas.
Com meio milhão de militares, as Forças Armadas turcas são
as segundas maiores da Otan, atrás apenas dos Estados Unidos. Pesquisas mostram
que a popularidade dos militares está caindo dentro da sociedade turca.
A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o
objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma
compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.
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HAGIA SOPHIA NA DISPUTA DAS RELIGIÕES
Marco arquitetônico
No ano de 532, o imperador romano Justiniano 1º, que residia
em Constantinopla, ordenou a construção de uma imponente igreja, "como não
existe desde a época de Adão e nunca existirá novamente". Mais de 10 mil
operários trabalharam nela. Dentro de apenas 15 anos, a estrutura externa era
inaugurada. Durante um milênio a basílica foi o maior templo do cristianismo.
Autoria Alexandre Schossler
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