terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Che abbiamo vissuto,
che abbiamo toccato le strade coi piedi,
che andavamo allegri,
non lo saprà nessuno.
Che abbiamo guardato il mare
dai finestrini dei treni,
che abbiamo respirato
l’aria che si posa
sulle sedie dei bar,
non lo saprà nessuno.
Siamo stati
sulla terrazza della vita
fintanto che sono arrivati gli altri*
[Nino Pedretti]
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado
Pesadelo Refrigerado
"SEMPRE TIVEMOS DUAS BANDEIRAS AMERICANAS: A DOS RICOS
E A DOS POBRES --Quando os ricos a hasteiam, isso quer dizer que tudo vai indo
muito bem, de acordo com os seus interesses; quando os pobres a hasteiam, é
sinal de perigo, de revolução, de anarquia. Em menos de 200 anos, na terra da
liberdade, no lar dos homens livres, no refúgio dos oprimidos, alteraram de tal
forma o significado da bandeira nacional que, hoje em dia, quando um homem ou
uma mulher consegue fugir das tragédias da Europa, alcançar a terra da
promissão e, finalmente, ver-se diante de um tribunal sob nosso glorioso
emblema, a primeira pergunta que lhe fazem é: QUANTO DINHEIRO O SENHOR TEM? Se,
por acaso, o desgraçado não tiver dinheiro, mas apenas amor pela liberdade,
apenas uma prece suplicando piedade, é expulso do tribunal, devolvido ao
matadouro e considerado como um leproso."
(trecho de Pesadelo Refrigerado,
Henry Miller, publicado em 1945, nos EUA.)
PALAVRAS DE HENRY MILLER:
“...Como os poetas se assemelham a esquadrinhadores do céu!
Não parecem estar, como eles, em comunicação com outros mundos? Não nos falam
de coisas do porvir e de coisas já muito passadas, sepultas na memória racial
do homem? Que melhor significado lhes podemos dar para a sua fugidia passagem
pela Terra que o de emissários de outro mundo? Vivemos no meio de fatos mortos,
enquanto eles vivem por signos e símbolos.”...
[do livro "A hora dos assassinos (Um estudo sobre
Rimbaud), L&PM Editores, 2010, tradução de Milton Persson]
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