( de Francisco Costa);
Preocupados com o “triplex do Lula,” comprado em prestações
(depois Lula desistiu, quando a cooperativa não teve como continuar com as
obras, e foi ressarcido, conforme consta nas suas declarações do imposto de
renda) e avaliado em 1,8 milhão, não comentam sobre o de Joaquim Barbosa,
comprado a vista e avaliado em 4,2 milhões, duas vezes e meia o valor do
“triplex do Lula”, ou o de Fernando Henrique Cardoso, também comprado a vista e
avaliado em 44,2 milhões, vinte e quatro vezes e meia mais caro que o “triplex
do Lula”.
Mas voltando ao “sítio do Lula” e comparando-o à fazenda de
FHC: o sítio do Lula tem 17 hectares, a fazenda de FHC, 1 046 hectares, é quase
sessenta e duas vezes maior; o “sítio do Lula” nunca esteve ou está no nome
dele, a fazenda de FHC esteve no nome dele, em sociedade com o nome de Sérgio
Mota, que venderam para o empresário Luiz Carlos Figueiredo; Lula está sendo
acusado de ter sido beneficiário de obras feitas pela Odebrecht-OAS, sem que
nada tenha sido apurado até agora, a empreiteira Camargo Correa construiu,
GRACIOSAMENTE, um aeroporto, na fazenda de FHC, conforme assumido pela própria
empreiteira, aeroporto esse que tem uma pista de 1 300 metros, do tamanho da
pista do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e que serve à ponte aérea
Rio-São Paulo, sendo capaz de receber boeings de grande porte;
“coincidentemente”, a Camargo Correa venceu praticamente todas as licitações,
para obras públicas, em Brasília e outros locais, nos governos FHC.
Na lata, na tampa, na mosca, este texto de Malu Aires. (Não
consigo marcar, sigam essa garota, crianças, ela escreve muito bem!)
O que a gente tá assistindo, estes últimos instantes de
agonia dessa imprensa ridícula, tá me revoltando um tanto que vocês nem
imaginam como anda esse meu pobre coração.
O barco do Lula, uma embarcação pra pescar tilápia no lago,
de alumínio (imagina encostar naquilo depois de exposto no sol quente), ser
motivo pra essa insanidade vendida em primeira página...
A gente sabe que pra estes 1%, o melhor seria que Lula
tivesse morrido daquele câncer na garganta. Proibido até de proferir suas
últimas palavras, antes de morto... É tanto ódio que chega a ser crime.
Dona Marisa, Primeira-Dama, no dia da posse, estes mesmos
canalhas lançavam manchetes ridicularizando sua simplicidade. Criticando até o
fato dela ter usado um cabeleireiro pra ocasião. Seus filhos não podem
trabalhar. Fossem traficantes, seriam glamourizados. Nem seus netos são
respeitados pelos abutres.
Onde estão os donos e herdeiros da grande mídia, hoje? Seus
simples empregados, vendedores de preconceitos e vilanias mil? Em espaçosas
coberturas de frente pra cartões-postais. Em iates que consomem milhares de
reais em diesel para pequenos passeios em Angra. Em casas cinematográficas
irregularmente construídas no meio de reservas ambientais. Cercados de
seguranças armados que transformam qualquer espaço público em privado.
Os que atacam Lula hoje e sempre, são os mesmos personagens
que enriqueceram com a miséria do nosso povo. Que se fartaram de tudo o que o
Brasil produzia, em troca do abandono do nosso povo, do analfabetismo do nosso
povo, da pobreza extrema do nosso povo. São os que recebiam prêmios no exterior
por reportagens da miséria, da fome, do descaso, da morte. São os que se
entopem de cocaína pra fazerem cobertura de troca de tiros entre traficantes e
a polícia. São os que contratam pedófilos pras suas emissoras. Os que dão
prêmios às propagandas mais machistas. Os que produzem programas racistas.
Novelas autodepreciativas. São os promotores do nosso atraso, da nossa
esculhambação, de todos os preconceitos na nossa sociedade e são os porta-vozes
do escárnio ao Brasil.
Lula não presta como todos nós, povo brasileiro, também não
prestamos pra eles. Lula não pode ter apartamento numa praia poluída de SP,
assim como os negros não podem frequentar universidades, assim como mulheres
não podem ser empoderadas a quilômetros do fogão. Lula não pode ter um barco,
nem a remo, assim como os pobres não podem ter carros. Assim como os índios não
podem ter terra e água pra pescar e plantar mandioca, assim como, aos
camponeses e seus filhos, só o tiro certeiro que os espere desprevenidos. Lula
não pode dar palestras, assim como gays e lésbicas não podem exigir respeito,
segurança e direito à vida. Lula não pode viajar pelo mundo e receber prêmios
pelo combate à fome, assim como crianças pobres não podem ter comida na mesa,
assim como pobres não podem andar de avião. Lula não pode ser visto ao lado de
gente rica ou que tenha um sítio em Atibaia, assim como os meninos da periferia
não podem ir ao shopping ou praia da Zona Sul.
A perseguição ao Lula simboliza a perseguição ao povo
brasileiro e suas famílias que hoje podem exercer as mesmas conquistas de
diploma, casa própria, carro do ano e viagens pra fora do país. A banalização
de privilégios, responsáveis pelo abismo social que fazia de nós 3º mundo no
século XVIII, interrompeu os planos da elite que queria deixar o Brasil entrar
no século XX, só daqui 500 anos.