domingo, 8 de dezembro de 2013

Não vás tão docilmente


(Dylan Thomas / Augusto de Campos)

Não vás tão docilmente nessa noite linda;
Que a velhice arda e brade ao término do dia;
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

Embora o sábio entenda que a treva é bem-vinda
Quando a palavra já perdeu toda a magia,
Não vai tão docilmente nessa noite linda.

O justo, à última onda, ao entrever, ainda,
Seus débeis dons dançando ao verde da baía,
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

O louco que, a sorrir, sofreia o sol e brinda,
Sem saber que o feriu com a sua ousadia,
Não vai tão docilmente nessa noite linda.

O grave, quase cego, ao vislumbrar o fim da
Aurora astral que o seu olhar incendiaria,
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

Assim, meu pai, do alto que nos deslinda
Me abençoa ou maldiz. Rogo-te todavia:
Não vás tão docilmente nessa noite linda.

Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

termo



venha sem aviso
de repente
invisível

e me leve o mais
rapidamente
possível

Arnaldo Antunes 

Sociedade Sem Escolas

"A maior parte da aprendizagem ocorre casualmente e, mesmo, a maior parte da aprendizagem intencional não é resultado de uma instrução programada. As crianças normais aprendem sua primeira língua casualmente, ainda que mais rapidamente quando seus pais se interessam. (...) A fluência na leitura é também, quase sempre, resultado dessas atividades extracurriculares.
(...)
A desescolarização da sociedade implica um reconhecimento da dupla natureza da aprendizagem. Insistir apenas na instrução prática seria um desastre; igual ênfase deve ser posta em outras espécies de aprendizagem. Se as escolas são o lugar errado para se aprender uma habilidade, são o lugar mais errado ainda para se obter educação. A escola realiza mal ambas as tarefas; em parte porque não sabe distinguir as duas. A escola é ineficiente no ensino de habilidades, principalmente, porque é curricular. Na maioria das escolas, um programa que vise a fomentar uma habilidade está sempre vinculado a outra tarefa que é irrelevante."


Ivan Illich

De ombro na ombreira


De ombro na ombreira (Edições D. Quixote)

Há a mulher que me ama e eu não amo.
Há as mulheres que me acamam e eu acamo.
Há a mulher que eu amo e não me ama nem acama.

Ah essa mulher!

Tu eras mais feliz, Apollinaire.
montado num obus, voavas à mulher.
Tu foste mais feliz, meu artilheiro.
tiveste amor e guerra.

Eu andei pra marinheiro,
mas pus óculos e fiquei em terra.

Upa garupa na mulher que me acama,
que a outra é contigo, coração que bem queres
sofrer pelas mulheres...

ALEXANDRE O´NEILL

Ler mais:
http://www.portaldaliteratura.com/poemas.php?id=1350


INVICTUS



Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma."

Do poeta inglês William Ernest Henley (1849-1903).

Invictus

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll.
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
 Yákov Protazánov, uno de los fundadores del cine de Rusia.

Después de la Revolución de Octubre, Protazánov permaneció en Europa occidental pero regresó a Rusia en 1923. Los años siguientes dirigió Aelita, posiblemente la primera película soviética sobre viajes espaciales.

En 1928, dirigió Águila Blanca (Белый орёл), con Vsévolod Meyerhold y Vasili Kachálov (Василий Качалов: 1875 - 1948) como actores principales. El juicio de los tres millones (Процесс о трёх миллионах, 1926) y La Fiesta de San Jorge (Праздник святого Йоргена, 1930) lanzaron las carreras cinematográficas de Ígor Ilinski (Игорь Ильинский: 1901 – 1987) y Mijaíl Zhárov (Михаил Жаров: 1899 - 1981).


El musical antifascista Marionetas (Марионетки, 1934), dirigido junto con el actor Anatoli Którov (Анатолий Кторов: 1898 – 1980), fue su primera película sonora. Su última obra destacable fue una adaptación de 1936 de La novia sin dote (Бесприданница, 1853), pieza de teatro de Aleksandr Ostrovski.