Não quero sentir o fio da navalha em meu pescoço tão pouco a
lamina de uma
espada.
Mas se o destino que tenho não for possível ser mudado .
Não me resta nada esperar.
A cigana leu o meu destino,torço para ela ter errado.
Minhas mãos não ficam mais a mostras,tenho receio de uma
outra cigana traçar o mesmo destino.
Olho para as ruas !
cada canto vejo se encontro um beco para eu me esconder da
morte que está a caminho.
Procuro no nada, para ver se encontro o tudo.
O tudo não existe.
Que tolo sou eu!
Apesar de estar vivo não enxergo nada .
Fecho os olhos e faço um ensaio para a morte.
Sinto a sensação de alegria,descubro que a vida é uma
ilusão,e que a morte por certa é a única razão.
Razão por eu ter nascido,ter crescido,ter amado,ter sido
amado,ter odiado,sendo também odiado,ter sido triste,alegre,feliz,infeliz.
Momentos de harmonia sutis fizeram com que eu me sentisse
preso neste mundo.
Volto para a realidade.
Frente ao espelho de meu banheiro com a navalha nas
mãos,olho a lamina reluzente e me pergunto:
Como posso ter medo do fio da navalha?
Será que vou me suicidar?
A cigana se enganou.
Rio com um sorriso de satisfação ,por ter a certeza que a
cigana não conhece as linhas de minhas mãos.
O destino a mim pertence e sendo assim ,pego uma espada para
cortar o corpo da mulher que me enganou.
Encontro a arma cheia de poder naquele momento.
Sim,ela decidira se a cigana continuara a viver.
Espada na cinta saio á procura da velha adivinha.
Encontro uma esquina.
Lá está ela sentada em uma pedra a me esperar,me aproximo
sem nada falar.
Ela me olha sem medo e sem nada dizer.
Empunho a espada ao alto e falo:
Esta é a arma da justiça,pagará com a vida por ter me
enganado.
Falou-me que estava escrito em minhas mãos.
que a morte estava a me rondar e que o suicídio estava a
caminho.
Como pode ver agora, nada me aconteceu.já esta para
escurecer e não deixarei passar impune a sua mentira.
Desço o braço com toda força que tenho ,para atingir o meu
alvo.
A lamina bate ao lado da cigana,atingindo a pedra em que ela
se encontra sentada.
Perco o equilíbrio e bato com a cabeça na pedra.
O ensaio de antes torna-se realidade.
Um filete de sangue escorre de minha cabeça a céu aberto e a
espada ao meu lado
Faz se cumprir o destino que a cigana havia previsto.
Agora vivo no mundo da razão ,quem sabe um dia voltarei ao
mundo da ilusão.
Ubirajara Souza