Candidato na frente das pesquisas em São Paulo, João Dória,
João Agripino da Costa Dória Júnior, surge como o maior símbolo e fenômeno do
atraso político, genealógico e pós-moderno de direita nestas eleições. Procede
de algumas das mais antigas genealogias baianas, já estudadas por Francisco
Antonio Doria, desde senhores de engenho escravistas, militares, burocratas,
intelectuais. Filho de deputado federal e publicitário, João Dória, um dos
inventores do dia dos namorados no Brasil, para ampliar vendas, sua mãe era
prima próxima de Ruy Barbosa. Agora Dória Jr. declarou um patrimônio de quase
200 milhões, sempre subestimado, com muitas mansões, luxos cafonas e empresas
de fachada. João representa o capitalismo imaterial contemporâneo imbricado no
extrativismo estatal, marketing corporativo, editora de modas, alta
gastronomia, programas em mídias e TVs. O grupo pouco produz de produtos
físicos, além de articulações políticas e empresariais, como a LIDE, Grupo de
Líderes Empresariais, conexões com o judiciário, como a famosa foto com o Juiz
Moro. Seguem os típicos padrões comportamentais da classe dominante histórica
brasileira, como o esbulho de terras públicas em Campos do Jordão,
promiscuidade entre o público e o privado, sonegações, offshores, propriedades em
Miami, Panama Papers. Na mesma chapa do PSDB entra como vice o deputado federal
Bruno Covas, neto do ex-governador Mário Covas, fechando pesadamente o circuito
oligárquico-familiar na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Um retrato das
elites sociais, econômicas, ideológicas e políticas brasileiras em 2016, no
Brasil pós-golpe. Dialética entre o passado escravista para o capitalismo
imaterial, pós-moderno, subordinado, excludente, contemporâneo do processo
existencial da classe dominante brasileira.
RCO