Era um, era dois, era cem
Era o mundo chegando e ninguém
Que soubesse que eu sou violeiro
Que me desse o amor ou dinheiro...
Era um, era dois, era cem
Vieram prá me perguntar:
"Ô voce, de onde vai, de onde vem?
Diga logo o que tem pra contar"...
Parado no meio do mundo
Senti chegar meu momento
Olhei pro mundo e nem via
Nem sombra, nem sol, nem vento...
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Pra cantar...
Era um dia, era claro, quase meio
Era um canto falado sem ponteio
Violência, viola, violeiro
Era morte ao redor, mundo inteiro...
Era um dia, era claro, quase meio
Tinha um que jurou me quebrar
Mas não lembro de dor nem receio
Só sabia das ondas do mar...
Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar
Se eu tomo a viola, ponteio!
Meu canto não posso parar, não!...
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Pra cantar...
Era um, era dois, era cem
Era um dia, era claro, quase meio
Encerrar meu cantar já convém
Prometendo um novo ponteio...
Certo dia que sei, por inteiro
Eu espero não vá demorar
Esse dia estou certo que vem
Digo logo o que vim pra buscar...
Correndo no meio do mundo
Não deixo a viola de lado
Vou ver o tempo mudado
E um novo lugar prá cantar...
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Pra cantar...
(“Ponteio”, de Edu Lobo, canção vencedora do terceiro
Festival da Record, em 1967).
Veja também:
http://semioticas1.blogspot.com.br/2013/04/o-novo-jards_8633.html