Eu vi o escasso tempo de malabarismos juvenis
A estalar a seiva acidentada da tarde,
A aurora pura entrelaçada ao meu próprio sono
Nos instantes precários de um segredo vago.
Na oblíqua solidez dos corpos
Abre-se a rosa inicial sem nome, turva e casta,
Impura como a brisa imaculada dos sonhos, da voz,
Em uma espécie de chamado.
Eu vi o estrondo de uma gloriosa infância,
A alegria que em mim eram crianças cintilantes,
Na tarde volúvel, onde o mar, em silêncio maior,
Faz dos corpos uma presença errante.
Devo amar calado o triunfo crepuscular da juventude,
Seus beijos ao mar e sua oferenda de mistérios,
Na rosa oblíqua de um chamado puro,
Na vastidão precária dos instantes.
Eu vi tudo isso e amei, sendo eu mesmo uma oferenda eclusa
Aos mistérios juvenis, que desafiam os segredos do mar.
Felipe Stefani
Fonte – Cronópios
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Feitiço
Há qualquer coisa nas palavras. Em mãos habilidosas, manipuladas com perícia, elas aprisionam-nos. Enrolam-se em volta dos nossos membros como teias de aranha, e quando estamos tão enfeitiçados que não conseguimos mover-nos, perfuram-nos a pele, entram-nos no sangue, entorpecem-nos o pensamento. E uma vez dentro de nós, põem a sua magia a funcionar.
O Décimo Terceiro Conto, de Diane Setterfield
Fonte enfeitiçada
O Décimo Terceiro Conto, de Diane Setterfield
Fonte enfeitiçada
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