quarta-feira, 13 de maio de 2015
de Ricardo Costa Oliveira
"O diálogo entre o Senador Caiado e o Jurista Fachin
representa o encontro entre dois tipos de ser interior do Brasil. Duas camadas
demográficas, étnicas, sociais, culturais, políticas e históricas. A família
Caiado de Goiás representa a nossa tradição antiga e arcaica da conquista,
colonização e povoamento dos sertões, no caso das oligarquias de Goiás. Grupo
de quem tem genealogia antiga e estabelecida no Brasil. Gente com conexões
estatais de longa duração, gente presente nas capitais regionais e nacionais,
como o Rio de Janeiro e Brasília. Eu também pertenço ao mesmo grupo social
arcaico e entendo como poucos sociólogos a este grupo social, que é uma antiga
classe social histórica. Somos a gente que chegou de Portugal no Brasil
Colonial, gente que foi escravista, ou conviveu com as fazendas escravistas e a
formação inicial do Brasil. Fachin já é um produto da imigração europeia vinda
muito depois da Independência, gente inicialmente formada por pequenos
agricultores, trabalhadores, ou gente convivendo com o seu trabalho braçal, nas
condições de pobreza e que somente o duro estudo possibilitou o ingresso nas
condições e instituições superiores, instâncias em que o grupo anterior foi
fundador e sempre esteve bem instalado, com vantagens, privilégios e formas
múltiplas de nepotismo. O grande desafio do Brasil do século XXI é completar a
transição para a plena modernidade e cidadania. Somente com o apoio, a
colaboração e a soma de indivíduos "rebeldes" e quadros críticos das
velhas famílias brasileiras poderá este avanço ser completado e consolidado,
junto com os novos emergentes da classe trabalhadora, da imigração europeia, os
afrobrasileiros, os mestiços, os índios a finalmente serem plenamente
incorporados em uma moderna República Brasileira de todos."
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