terça-feira, 20 de março de 2012

Não,hoje não saio

Não, hoje não saio
eu quero ficar
no espaço
dum cantinho
que é só meu

Não, hoje não falo
eu quero escutar
as palavras floridas
dum canto
que me entonteceu

Não, hoje não vou respirar
eu quero confundir
a minha vertigem
com a tua vertigem
e ser só um todo
ou um nada
num mundo que emudeceu…

Maria Teresa M Carrilho

O Esplendor das Madrugadas, 1998 – Lisboa, Portugal

O marxismo é a chave para o entendimento e eventual superação do capitalismo, avalia historiador

Não há nenhum deus além de Karl Marx, e Eric Hobsbawm é seu profeta. Maior historiador marxista ainda em atividade, aos 94 anos, o inglês Hobsbawm dedica sua última obra – Como Mudar o Mundo – Marx e o Marxismo – a mostrar que o filósofo alemão, tido como soterrado pelos escombros do Muro de Berlim, continua a ser a chave para o entendimento do capitalismo e para sua superação, agora em tempos de aquecimento global.
Já em seu livro A Era dos Extremos, Hobsbawm colocou a Revolução Bolchevique como o principal evento do “breve século 20″ – que em sua visão acaba, justamente, na implosão da URSS. “O mundo que se esfacelou no fim da década de 1980 foi o mundo formado pelo impacto da Revolução Russa de 1917″, escreveu ele, para elaborar a teoria segundo a qual todos os processos históricos do período – das alianças diplomáticas aos desdobramentos econômicos globais – tiveram como eixo a instalação do comunismo na Rússia. Trata-se, obviamente, de um exagero. Mas o Marx que Hobsbawm tenta resgatar em seu novo livro não é o de Lenin e de Stalin, nem o dos marxistas contemporâneos, e sim a essência de seu pensamento.


Em Como Mudar o Mundo, reedição de textos escritos entre 1956 e 2009, Hobsbawm trata de diferenciar Marx do marxismo e de sua aplicação extrema, o comunismo – o que é conveniente, ao se observar as atrocidades cometidas em nome da igualdade. Para ele, dizer que o marxismo é responsável por essas tragédias “é o mesmo que afirmar que o cristianismo levou ao absolutismo papal”.
Hobsbawm se localiza entre aqueles que veem Marx como um mapa do caminho para a revolução e os que o encaram simplesmente como teoria. Mostra a ruptura dele com os socialistas utópicos, mas deixa claro o tributo que Marx lhes paga na forma da ideia de que é “inevitável” mudança não apenas de regime de governo, mas de todo o modo de vida sobre a Terra. Nos últimos 130 anos, diz o historiador, Marx foi o tema central da paisagem intelectual e, graças à sua capacidade de mobilizar forças sociais, foi uma presença crucial na história. No entanto, o desgaste provocado pelo colapso da URSS expôs, nas palavras de Hobsbawm, o “fracasso das predições” das teorias marxistas.
De tempos em tempos, anuncia-se que o capitalismo está no fim. Como a história mostra, porém, o moribundo arruma um jeito de se recuperar, entre outras razões porque a classe trabalhadora, que seria o esteio da revolução, sofreu mudanças dramáticas no último meio século, ao ponto de se tornar irreconhecível como “proletariado”. Mas Hobsbawm, em meio à crise global deflagrada em 2008, não resistiu à tentação e escreveu que, desta vez, vai: “Não podemos prever as soluções dos problemas com que se defronta o mundo no século 21, mas quem quiser solucioná-los deverá fazer as perguntas de Marx, mesmo que não queira aceitar as respostas dadas por seus vários discípulos”. Para ele, o futuro do marxismo e da humanidade estão intimamente vinculados.
No entanto, convém relevar o entusiasmo de Hobsbawm. A história mostra que é prudente ler Marx mais como uma forma de entender o mundo do que de mudá-lo

Marcos Guterman.O Estado de S.Paulo
17/12/11

A esperança de vencer as cercas e dominar as secas

Passadas as eleições, é importante não esquecermos o papel dos aparelhos ideológicos. Se na idade média, a Igreja era o grande veículo da classe dominante (senhores feudais e clero) e, na idade moderna, a Escola foi a grande reprodutora das idéias dos capitalistas, hoje pode-se dizer que este grande meio é a mídia (revistas, jornais, TV, etc.).

-se e produz-se verdades em cima de técnicas de reprodução (algumas explícitas e vergonhosas como as denunciadas abaixo; outras subliminares).
Os valores humanos são cotidianamente atacados, desqualificados, em função dos valores do mercado. Mente
Quando falamos de consciência política, não estamos tratando de oposição governamental, tampouco de um jogo de tabuleiros. Estamos falando de vidas humanas.

A mídia nas mãos dos ricos é uma bomba poderosa. Mas pode ser um instrumento de emancipação nas mãos daqueles que têm consciência histórica e que não vêem a construção da humanidade como um jogo de tabuleiros ou como um negócio.Precisamos estar cada vez mais atentos. A eleição terminou, a luta pela construção de um novo mundo está apenas começando. E quem sabe o grito do nordeste brasileiro seja o marco do início de uma nova nação brasileira.


Ana Ines
ana@cefuria.org.br