A tradição militar política brasileira do século XX foi
forjada no Colégio Militar de Porto Alegre, o "Colégio dos
Presidentes". Sete presidentes da república passaram por lá: Getúlio
Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Humberto de Alencar Castelo Branco, Artur da Costa
e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista de Oliveira
Figueiredo. Esta tradição autoritária e militar de Estado
Nacional-Desenvolvimentista se encerrou definitivamente com as pesadas derrotas
eleitorais da Arena e do PDS na virada da década de 70-80. A atual mistura
bastarda entre neoliberalismo, autoritarismo e militarismo nunca encontrou
raízes históricas na nossa tradição luso-brasileira. Por isso é que só podia
vir de São Paulo, de certa origem nefasta associada aos derrotados em 1842, em
1932 e nas últimas quatro eleições presidenciais, em que a política paulista e
as oligarquias políticas familiares do atraso nacional foram derrotadas pelo
voto popular nacional. A derrota da cultura do PSDB privatizante que governa
São Paulo há muito tempo, hoje passa para a extrema direita, com gente lá
criada e como consequências de imigrações estrangeiras associadas ao fascismo
italiano, movimento produzido na política de ex-militares exóticos, banidos do
Exército e completamente dissociados da tradição brasileira anterior. Trata-se
de fenômeno mais afim ao militarismo hispânico do Cone Sul, a mistura entre
ditadura militar cucaracha associada com Chicago Boys, cujo pior exemplo foi o
golpe de Pinochet e também aspectos da ditadura militar argentina, quando
verdadeiras máfias de rapinas dentro de organizações militares promoviam o
saque, banditismo e intensa repressão contra a sociedade, episódios pouco
vistos na ditadura militar brasileira, fora os elementos que passaram para o
jogo do bicho, a contravenção e o contrabando no Rio de Janeiro, sendo
inclusive desmantelados pelo próprio Exército, na ação do meu parente, o
Coronel Aloísio Alves Borges. O modelo corrupto de um Pinochet só pode operar
com intensa violência, saque e rapina promovidos por bandos criminosos
associando dominação internacional, neoliberalismo, autoritarismo e
militarismo, todos profundamente incompatíveis com a democracia, a nação e com
a intelligentsia nacional nas universidades, na cultura, na mídia, nas artes e
na vida civilizada mais elaborada. Pelo voto jamais chegariam no poder com este
coquetel de parvoíces da extrema direita.
RCO