No dia 16 de junho de 1958 foi executado o primeiro-ministro
da Hungria, Imre Nagy. Durante a Revolução Húngara de 1956, ele defendeu a
autonomia do país em relação à União Soviética e reformas democráticas.
Nascido em 7 de junho de 1896, o húngaro Imre Nagy
participou do movimento revolucionário camponês em seu país, antes de emigrar
para a União Soviética em 1929, onde viveu muitos anos.
Em 1944, ingressou no Politburo do Partido Comunista e, de
volta à Hungria, assumiu o Ministério da Agricultura, realizando uma reforma
agrária radical. Por simbolizar o "novo rumo" do socialismo humano,
foi nomeado primeiro-ministro em 1953. Mas ocupou o cargo por pouco tempo: dois
anos mais tarde, era derrubado pelos stalinistas.
Estudantes nas ruas
No início de 1956, o presidente soviético Nikita Kruchov
condenou os métodos stalinistas, reacendendo as esperanças de maior autonomia
nos países do bloco. Os trabalhadores poloneses começaram a protestar. Em
solidariedade, estudantes húngaros saíram às ruas em 23 de outubro, derrubando
uma enorme estátua de Stalin durante os protestos.
O protesto estudantil desembocou numa rebelião popular
contra a ocupação soviética da Hungria. Até as Forças Armadas e a polícia
participaram das manifestações. Com a revolução nas ruas, o governo caiu, e
Nagy foi recolocado no cargo de premiê. Ele reconheceu a revolução no dia 28 de
outubro, formou um governo suprapartidário e passou a defender uma democracia
parlamentar e a neutralidade política para a Hungria.
Exército Vermelho reimpõe Pacto de Varsóvia
No começo de novembro, Nagy abriu as fronteiras, extinguiu a
censura e anunciou a saída da Hungria do Pacto de Varsóvia, a aliança militar
dos países do bloco comunista durante a Guerra Fria. Nesse momento, as tropas
da repressão soviética já estavam a caminho de Budapeste. János Kádár,
primeiro-secretário do PC húngaro e membro do gabinete de Nagy, começou a
negociar com Moscou, revogando os poderes do primeiro-ministro.
A resistência contra o Exército Vermelho durou dois dias e
custou a vida de 3 mil pessoas. Em 7 de novembro, Kádár chegou a Budapeste como
novo chefe de governo. Nagy e alguns assessores e ministros fugiram para a
embaixada da Iugoslávia, onde passaram três semanas cercados por tanques
soviéticos. Eles só deixaram a embaixada porque Kádár prometeu que não haveria
punição.
A promessa não se cumpriu. Nagy foi preso pela KGB e
deportado para a Romênia, por se negar a renunciar ao cargo que ocupava em
Budapeste. Num processo sumário, ele e alguns ministros foram condenados e
executados em 16 de junho de 1958.
Para que ninguém o venerasse na sepultura, foi enterrado em
sigilo. Imre Nagy só foi reabilitado em 1989, após o fim do regime Kádár.
Autoria Gábor Halázs
Link permanente http://p.dw.com/p/3bpx