No dia 18 de abril de 1946, foi dissolvida formalmente a
Liga (ou Sociedade) das Nações. Surgida em consequência dos horrores da
Primeira Guerra Mundial, na prática ela deixara de existir alguns anos antes.
A dissolução da Liga das Nações, no dia 18 de abril de 1946,
não passou de uma formalidade. Na prática, ela deixara de existir alguns anos
antes. Além disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia iniciado suas
atividades a 24 de outubro de 1945, como organismo sucessor da Liga.
A Liga (ou Sociedade) das Nações surgiu em consequência dos
horrores da Primeira Guerra Mundial e foi a primeira tentativa de consolidar
uma organização universal para a paz. Acreditava-se que futuros conflitos só
poderiam ser impedidos se fosse criada uma instituição internacional
permanente, encarregada de negociar e garantir a paz. O principal precursor da
ideia fora o presidente norte-americano Woodrow Wilson (1856–1924).
Proposta do presidente dos EUA
Em janeiro de 1918, Wilson apresentou uma proposta de paz
revolucionária, contida em 14 pontos: exigência da eliminação da diplomacia
secreta em favor de acordos públicos; liberdade nos mares; abolição das
barreiras econômicas entre os países; redução dos armamentos nacionais;
redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos
povos colonizados; e retirada dos exércitos de ocupação da Rússia.
Pretendia também a restauração da independência da Bélgica;
restituição da Alsácia e Lorena à França; reformulação das fronteiras
italianas; reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da
Áustria-Hungria; restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro, assim como
o direito de acesso ao mar para a Sérvia; reconhecimento da autonomia da Turquia
a abertura permanente dos estreitos entre o Mar Negro e Mediterrâneo;
independência da Polônia; e criação da Liga das Nações (League of Nations).
Após complicadas negociações, sobretudo com a França, que
exigia da Alemanha reparações de guerra, foi aprovada em Paris uma versão
reformulada do programa de 14 pontos, em 28 de abril de 1919. O estatuto da
Liga das Nações foi assinado a 28 de junho do mesmo ano, como parte do Tratado
de Versalhes, firmado com a Alemanha. A primeira conferência da nova organização,
fundada pelos 32 países vencedores da Primeira Guerra Mundial, foi realizada em
1920, em Genebra.
Razões do fracasso
A Liga das Nações, porém, fracassou por defeitos de origem.
Não dispunha de um poder executivo forte, nem contava com representantes da
União Soviética e dos Estados Unidos – a nação de seu idealizador. O governo de
Moscou não era aceito, e Washington não ingressou na organização por rejeitar o
Tratado de Versalhes. Mesmo nos melhores tempos, o número de membros não passou
de 50. Já em 1923, tornou-se evidente a fraqueza da Liga, quando os franceses
invadiram a região alemã da Renânia, para cobrar reparações de guerra.
Um dos poucos êxitos da organização foi o pacto de segurança
firmado entre Alemanha, França, Grã-Bretanha e Bélgica, além da resolução
diplomática de alguns conflitos internacionais. Genebra, porém, nada pôde fazer
para impedir a crise econômica mundial, no final da década de 20. A miséria
geral impulsionou as forças nacionalistas que se opunham ao Tratado de
Versalhes.
A invasão da Manchúria pelo Japão, em 1931, foi uma prova do
fracasso da Liga das Nações. Condenado um ano e meio depois pelo ato de
agressão, o Japão abandonou a organização. A Alemanha seguiu o mesmo caminho a
14 de outubro de 1933. Adolf Hitler, interessado apenas em armar seu país, usou
uma série de pretextos para abandonar a conferência de desarmamento e
ridicularizar a Liga das Nações.
As invasões da Abissínia pela Itália, em 1935, e da
Finlândia, pela União Soviética, em 1939, revelaram que a Liga das Nações não
passava de uma organização de fachada. Seu último ato foi expulsar a URSS, que
havia sido admitida como membro em 1934. A esta altura, porém, a Segunda Guerra
Mundial já estava a pleno caminho, o que frustrou de vez as intenções
pacifistas dos idealizadores da Liga das Nações.
Autoria Oliver Ramme (gh)
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