sexta-feira, 8 de junho de 2018

Pesquisadora investiga produção audiovisual da virada do séc. 19



Folha de S. Paulo - 28/1/2006 - por Cássio Starling Carlos


Descrever a produção audiovisual da virada do século 19 para o 20, analisar sua construção e interpretar o significado dessa prática e de seu consumo no conjunto sociocultural de então é a tarefa a que se dedicou a pesquisadora Flávia Cesarino Costa. O Primeiro Cinema - Espetáculo, Narração, Domesticação (Azougue Editorial, 255 pp., R$ 37) é o excelente resultado de seu trabalho, que consiste não só em decodificar os filmes para um olhar totalmente desacostumado. O livro reúne também uma suma das pesquisas, debates e posicionamentos teóricos que vêm sendo realizados desde os anos 70. Sem precisar tomar partido de um ou de outro dos principais teóricos (o americano Tom Gunning, o canadense André Gaudreault e o francês Noel Burch), a autora refaz o percurso de 1894 a 1908, período entre o advento do invento dos irmãos Lumière e de seus congêneres e o início de sua domesticação, ou seja, de consolidação de uma linguagem caracterizada por uma gramática relativamente uniformizada e capaz de ser compreendida e consumida por um público de massa. Antes disso, como ela mostra, predominam exercícios livres de pressões formais e jogos de invenção isentos da sobrecarga de alcançar o status de arte. 

Fonte : Publishnews
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A arte do crime



Folha de S. Paulo - 28/1/2006 - por Julián Fuks

Alguns anos antes do meio do caminho de sua vida, Dante Alighieri se viu imbuído em resolver um mistério menos transcendental do que os que lhe eram habituais. Ainda não chegara a hora de atravessar o primeiro, o segundo ou o quinto dos Infernos, que dirá o Purgatório e o Paraíso. Mas fora assassinado um grande artista de Florença e cabia a ele, prior da cidade naquele ano de 1.300, desvendar as tramas e os dramas que o crime escondia. Não, não se trata da descoberta de uma empoeirada e antiga ata policial, tampouco das conclusões de algum novo e polêmico biógrafo. É ficção, mesmo, mais especificamente a que parte da profícua mente do escritor italiano Giulio Leoni, autor de Os Crimes do Mosaico (Planeta, 384 pp., R$ 39,90, trad. Gian Bruno Grosso), o primeiro, de quatro romances que tomam o sumo poeta italiano como detetive a chegar às livrarias brasileiras. A repercussão que o livro tem obtido, tornando-se best-seller na Itália e tendo seus direitos vendidos a 28 países, reflete o sucesso comumente alcançado pelos livros policiais. E um pacote deles está sendo lançado neste mês no Brasil, reunindo autores como o consagrado espanhol Manuel Vázquez Montalbán e o norte-americano John Dunning. 

Fonte : publishnews.
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Variações sobre o livro e a internet



O Estado de S. Paulo - 28/1/2006 - por Miguel Reale*

Ouço, freqüentemente, que o futuro do livro está marcado pela sua próxima ou recente substituição pelo site da internet. Penso, ao contrário, que, por mais que se desenvolva esta, com o seu oceano de perguntas e de respostas, o livro continuará a existir na sua missão perene. É claro que a internet, com os milagres do computador, registrará os livros por inteiro, mas os substituirá por inteiro, não os anulando. Nada há de mais profundo e de criador do que uma nova idéia a gotejar na ponta de uma caneta. Por mais que o computador enriqueça a internet, o livro continuará sendo um ente essencial e necessário, exatamente por sua unidade sistemática, que é um valor autônomo. O mal da internet está, insisto, na falta de seleção do que informa, de maneira que o livro existe sempre como algo que foi trabalhado e armazenado. Sob esse ângulo, dir-se-ia que é através do livro que a internet consegue selecionar, não podendo, pois, desprezá-lo. Ou, por outras palavras, a mesma presteza informativa a internet precisa ter com os livros que ela registra. Restam muitos problemas a resolver a propósito do tema "internet/livro", bastando dizer que, com isso, se assegure o direito de autor, que corre o risco de desaparecer com a infinita projeção da internet. É inadmissível que o direito de autor não contenha o justo preço de uma idéia criadora, seja existente no plano das ciências ou das letras. Há quem sustente que com a internet deixa de haver direito de autor, o que me parece absurdo.


* Jurista, filósofo, membro da ABL


Fonte : publishnews

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