Do sol a terceira cria,
Baila noite,baila dia,
E nem faz caso de trilhos.
Lá vai a Terra, meus filhos,
Levando seus assassinos,
Lá vai a Terra, meninos.
Tirada de sua creche,
De maus tratos envelhece
Sem ter usado espartilhos.
Lá vai a Terra, meus filhos,
Levando seus assassinos,
Lá vai a Terra, meninos
sábado, 5 de junho de 2010
É Carnaval
Viva os Pedros - Leonardos
do monturo !
Que unam ouro e cinza
em suas mãos
Pra não sermos pra
sempre pré-futuro,
pré-livres, pré-país,
pré-cidadãos!
Os dois meninos, juntos,
se salvaram
de gente infame,
hipócrita e covarde
porque se uniram e não
malbarataram
o laço luso-brasileiro
da amizade.
Nesse país, que é puro e
depravado
de morte e canto,
gozos e agonias,
A verdade é que Momo,
rei safado, reina trezentos e
sessenta e cinco dias !
Bastardos , chalaças,
libertinos,
entoam vivas ao Brasil Real
Facínoras,ébrios,
fesceninos,
saúdam Pedro e Leonardo,
é carnaval!
É Carnaval!
É Carnaval!
é Carnaval!
È Carnaval!
do monturo !
Que unam ouro e cinza
em suas mãos
Pra não sermos pra
sempre pré-futuro,
pré-livres, pré-país,
pré-cidadãos!
Os dois meninos, juntos,
se salvaram
de gente infame,
hipócrita e covarde
porque se uniram e não
malbarataram
o laço luso-brasileiro
da amizade.
Nesse país, que é puro e
depravado
de morte e canto,
gozos e agonias,
A verdade é que Momo,
rei safado, reina trezentos e
sessenta e cinco dias !
Bastardos , chalaças,
libertinos,
entoam vivas ao Brasil Real
Facínoras,ébrios,
fesceninos,
saúdam Pedro e Leonardo,
é carnaval!
É Carnaval!
É Carnaval!
é Carnaval!
È Carnaval!
La conoscenza è nella nostalgia.
Chi non si è perso non possiede.
O conhecimento está na nostalgia.
Quem não se perdeu não se apropria.
XXVI
In sogno
ti ho sentita gridare
Un grido
similar a quello che aveva straziato
la notte
all’ inizio del male.
Un grido d’ ira,
o creatura,
contro le figlie, te stessa
e la morte.
XXVI
Em sonho
te senti gritar
um grito
similar àquele que havia dilacerado
a noite
nos primórdios do mal.
Um grito de raiva,
ó criatura,
contra as filhas, contra ti
e a morte.
XVII
O dolce sonno
Ingannala ancora tu,
un poco.
Consuma queste ultime ore,
e, inavvertito,
falle valicare la soglia.
XVII
Ó doce sono
a engana tu, ainda
um pouco
consuma estas últimas horas
e, inadvertido,
fá-las ultrapassar o limiar
*
È Parola non Carne…
E finché resterà sospesa,
Io non entrerò nel destino.
Fui fanciullo, fui adolescente,
fui giovane… Tutto minaccia
di passare, anzi d’ essere passato
— una leggenda qualunque
alle mie spalle di morto…
Ed io la so, la Parola:
e come non potrei se son io
questo dato senza cifre,
questo Indefinito parlante?
Se son io questo vaso di miseria,
questa litania del peccato,
dell’ insoddisfazione, dell’ imperfetto,
questa voce ossessionata?
Non so far altro che ripetermi,
da anni, fin da quando
— ansioso Indiziato —
cominciai a smantellarmi:
eppure è RIMASTA PAROLA…
Tutto minaccia di passare,
… oh brivido atroce,
non sono mai vissuto!
Son corso intorno al cerchio
del mio destino e non son mai entrato!
E morirò cosi? Parola,
impazzisco di te e tu non vivi.
É Palavra não Carne…
E ate que reste suspensa,
não mergulharei no destino.
Fui criança, adolescente,
jovem… tudo ameaça
passar, ou melhor, de ter passado
— uma lenda qualquer
às minhas costas de morto…
E eu a sei, a Palavra:
e como não poderei se sou eu
este dado sem cifras,
este Indefinido falante?
Se sou eu este vaso de miséria,
esta litania do pecado,
da insatisfação, do imperfeito
esta voz atormentada?
somente sei me repetir
há anos, desde quando
— ansioso Indiciado —
comecei a me desmantelar:
também PERMANECEU PALAVRA
Tudo ameaça passar,
… oh frêmito atroz,
nunca vivi!
Corri ao redor
de meu destino e nunca entrei!
E morrerei assim? Palavra,
Enlouqueço por ti e tu não vives.
O tenero predone di profumi
Con la mano immersa dentro le perle
della sera dai corporei tepori,
attraverso la piazza, giungo al lume
modesto di un negozio, torno…Non ha
prezzo questo tepore scintillante
di freschezza, questa intensa notte
che lascia più aria intorno ai gridi,
più vuoti…
O tenero predone di profumi,
ecco di che morire d’ inquietudine.
Ó terno predador de perfumes
Com a mão imersa em pérolas
da noite da corpórea tepidez
atravesso a praça, alcanço o lume
modesto de uma loja, retorno… Não tem
preço esta tepidez cintilante
de frescor, esta intensa noite
que exala mais ar ao redor dos gritos
mais vazios…
ó terno predador de perfumes
eis porque morrer de inquietude
Pier Paolo Pasolini
Tradução: Berenice Lamas
Berenice Sica Lamas (Pelotas – RS) Poeta, escritora, ensaísta, psicóloga e doutora em Letras. Membro da Academia Literária Feminina/RGS. Vários livros publicados. Vive em Bologna (Itália). Ítalo-brasileira, trabalha com traduções. participa de círculos poéticos e de leitura, tem publicado poemas em revistas e em sites italianos e brasileiros. Premiada no concurso literario multicultural “Lune di primavera” do Comitato Internazionale 8 marzo (Perugia).
fonte: Sibila
Chi non si è perso non possiede.
O conhecimento está na nostalgia.
Quem não se perdeu não se apropria.
XXVI
In sogno
ti ho sentita gridare
Un grido
similar a quello che aveva straziato
la notte
all’ inizio del male.
Un grido d’ ira,
o creatura,
contro le figlie, te stessa
e la morte.
XXVI
Em sonho
te senti gritar
um grito
similar àquele que havia dilacerado
a noite
nos primórdios do mal.
Um grito de raiva,
ó criatura,
contra as filhas, contra ti
e a morte.
XVII
O dolce sonno
Ingannala ancora tu,
un poco.
Consuma queste ultime ore,
e, inavvertito,
falle valicare la soglia.
XVII
Ó doce sono
a engana tu, ainda
um pouco
consuma estas últimas horas
e, inadvertido,
fá-las ultrapassar o limiar
*
È Parola non Carne…
E finché resterà sospesa,
Io non entrerò nel destino.
Fui fanciullo, fui adolescente,
fui giovane… Tutto minaccia
di passare, anzi d’ essere passato
— una leggenda qualunque
alle mie spalle di morto…
Ed io la so, la Parola:
e come non potrei se son io
questo dato senza cifre,
questo Indefinito parlante?
Se son io questo vaso di miseria,
questa litania del peccato,
dell’ insoddisfazione, dell’ imperfetto,
questa voce ossessionata?
Non so far altro che ripetermi,
da anni, fin da quando
— ansioso Indiziato —
cominciai a smantellarmi:
eppure è RIMASTA PAROLA…
Tutto minaccia di passare,
non sono mai vissuto!
Son corso intorno al cerchio
del mio destino e non son mai entrato!
E morirò cosi? Parola,
impazzisco di te e tu non vivi.
É Palavra não Carne…
E ate que reste suspensa,
não mergulharei no destino.
Fui criança, adolescente,
jovem… tudo ameaça
passar, ou melhor, de ter passado
— uma lenda qualquer
às minhas costas de morto…
E eu a sei, a Palavra:
e como não poderei se sou eu
este dado sem cifras,
este Indefinido falante?
Se sou eu este vaso de miséria,
esta litania do pecado,
da insatisfação, do imperfeito
esta voz atormentada?
somente sei me repetir
há anos, desde quando
— ansioso Indiciado —
comecei a me desmantelar:
também PERMANECEU PALAVRA
Tudo ameaça passar,
nunca vivi!
Corri ao redor
de meu destino e nunca entrei!
E morrerei assim? Palavra,
Enlouqueço por ti e tu não vives.
O tenero predone di profumi
Con la mano immersa dentro le perle
della sera dai corporei tepori,
attraverso la piazza, giungo al lume
modesto di un negozio, torno…Non ha
prezzo questo tepore scintillante
di freschezza, questa intensa notte
che lascia più aria intorno ai gridi,
più vuoti…
O tenero predone di profumi,
ecco di che morire d’ inquietudine.
Ó terno predador de perfumes
Com a mão imersa em pérolas
da noite da corpórea tepidez
atravesso a praça, alcanço o lume
modesto de uma loja, retorno… Não tem
preço esta tepidez cintilante
de frescor, esta intensa noite
que exala mais ar ao redor dos gritos
mais vazios…
ó terno predador de perfumes
eis porque morrer de inquietude
Pier Paolo Pasolini
Tradução: Berenice Lamas
Berenice Sica Lamas (Pelotas – RS) Poeta, escritora, ensaísta, psicóloga e doutora em Letras. Membro da Academia Literária Feminina/RGS. Vários livros publicados. Vive em Bologna (Itália). Ítalo-brasileira, trabalha com traduções. participa de círculos poéticos e de leitura, tem publicado poemas em revistas e em sites italianos e brasileiros. Premiada no concurso literario multicultural “Lune di primavera” do Comitato Internazionale 8 marzo (Perugia).
fonte: Sibila
Os Senhores Despacham Suas Tropas
Junho, 2010.
É hora de pensar sobre aqueles que ficam em seus escritórios e emitem ordens para manter o bloqueio – mesmo ao custo de vidas humanas; aqueles que revezam entre atiçar e extinguir as labaredas de acordo com a necessidade; que preparam as listas de produtos que não podem entrar em Gaza – lápis, remédios, temperos; aqueles que ordenaram o ataque à “Flotilha da Liberdade”; os homens que usam piscinas de sangue como cortinas de fumaça.
Quanto mais se agrava a crise social, mais os banhos de sangue, as provocações e os conflitos se tornam os meios mais fáceis e acessíveis pelos quais as elites tentam nos dominar; ao espalhar fumaça, unem, temporariamente, a maioria da nação; ao incitar contra o inimigo comum, distraem a atenção pública da contínua pilhagem de seus direitos e recursos.
Não há nada como a provocação política para retirar a atenção pública da corrupção dos líderes do governo. Não há nada como a crise na segurança para afastar temporariamente da agenda pública qualquer discussão séria sobre as escandalosas privatizações conduzidas por Netanyahu, Ehud Olmert, [Ehud] Barak (cada qual à sua vez) e seus companheiros, que entregaram a algumas poucas famílias o controle de enormes riquezas, às custas do restante da população. Não há nada como trocas de tiros com o Hamas e o estímulo ao nacionalismo extremista para manter longe do escrutínio público o sempre crescente número de casos de famílias que, tendo vivido por décadas em propriedades públicas, são expulsas de suas casas a fim de abrir caminho para transações imobiliárias suspeitas.
A arte de trocar ameaças com o Hamas ou insultos com manifestantes na Turquia é um meio factível e testado (mas temporário, sempre temporário) para fazer os judeus orientais esquecerem que eles foram – e continuam a ser – vítimas de uma distribuição desigual dos recursos nacionais. Mas ambos, o nacionalismo extremista judeu e o árabe, são meios ainda mais reais e experimentados de impedir a união de judeus e árabes, populações oprimidas exatamente pelos mesmos interesses.
Nada como discorrer sobre abrigos públicos, salas de segurança e exercícios de defesa civil para esconder o fato de que, por conta de cortes de orçamento, mais da metade das crianças apontadas como “crianças ameaçadas” em Israel, aquelas que enfrentam riscos diários em suas famílias desfeitas ou problemáticas, não podem ser aceitas em centros extra-escolares criados para garantir sua segurança e bem-estar por várias horas durante a tarde. Afinal de contas, o que é segurança social quando comparada a “segurança real”?
Naturalmente, o Hamas dança no mesmo compasso – criando conflitos periódicos, até sazonais, que atendem apenas a seus próprios interesses de manutenção do poder político – e assim contribui, a seu modo, para a sobrevivência da elite corrupta israelense. O mesmo pode ser dito de outros atores em nossa região.
Ainda assim, muitos de nós, a maioria das pessoas vivendo neste país, não apenas absorvemos silenciosamente os chocantes resultados de cada série de violências, mas toleramos a contínua erosão de nossos direitos sociais, nossos direitos econômicos, nossos direitos de negociar e lutar pelo que temos, ou o que realmente deveria ser nosso; enquanto eles, os poucos afortunados, aqueles ligados ao poder, continuam a arrancar cada vez mais das mãos de nossos dois povos, israelenses e palestinos.
Gerardo Leibner
Gerardo Leibner é membro do movimento judeu-árabe Hithabrut-Tarabut, em Israel; um dos fundadores do movimento Ta’ayush, que trabalha para construção de uma parceria entre árabes e judeus; e historiador da América Latina.
O texto original está disponível em;
http://www.tarabut. info/en/home/
É hora de pensar sobre aqueles que ficam em seus escritórios e emitem ordens para manter o bloqueio – mesmo ao custo de vidas humanas; aqueles que revezam entre atiçar e extinguir as labaredas de acordo com a necessidade; que preparam as listas de produtos que não podem entrar em Gaza – lápis, remédios, temperos; aqueles que ordenaram o ataque à “Flotilha da Liberdade”; os homens que usam piscinas de sangue como cortinas de fumaça.
Quanto mais se agrava a crise social, mais os banhos de sangue, as provocações e os conflitos se tornam os meios mais fáceis e acessíveis pelos quais as elites tentam nos dominar; ao espalhar fumaça, unem, temporariamente, a maioria da nação; ao incitar contra o inimigo comum, distraem a atenção pública da contínua pilhagem de seus direitos e recursos.
Não há nada como a provocação política para retirar a atenção pública da corrupção dos líderes do governo. Não há nada como a crise na segurança para afastar temporariamente da agenda pública qualquer discussão séria sobre as escandalosas privatizações conduzidas por Netanyahu, Ehud Olmert, [Ehud] Barak (cada qual à sua vez) e seus companheiros, que entregaram a algumas poucas famílias o controle de enormes riquezas, às custas do restante da população. Não há nada como trocas de tiros com o Hamas e o estímulo ao nacionalismo extremista para manter longe do escrutínio público o sempre crescente número de casos de famílias que, tendo vivido por décadas em propriedades públicas, são expulsas de suas casas a fim de abrir caminho para transações imobiliárias suspeitas.
A arte de trocar ameaças com o Hamas ou insultos com manifestantes na Turquia é um meio factível e testado (mas temporário, sempre temporário) para fazer os judeus orientais esquecerem que eles foram – e continuam a ser – vítimas de uma distribuição desigual dos recursos nacionais. Mas ambos, o nacionalismo extremista judeu e o árabe, são meios ainda mais reais e experimentados de impedir a união de judeus e árabes, populações oprimidas exatamente pelos mesmos interesses.
Nada como discorrer sobre abrigos públicos, salas de segurança e exercícios de defesa civil para esconder o fato de que, por conta de cortes de orçamento, mais da metade das crianças apontadas como “crianças ameaçadas” em Israel, aquelas que enfrentam riscos diários em suas famílias desfeitas ou problemáticas, não podem ser aceitas em centros extra-escolares criados para garantir sua segurança e bem-estar por várias horas durante a tarde. Afinal de contas, o que é segurança social quando comparada a “segurança real”?
Naturalmente, o Hamas dança no mesmo compasso – criando conflitos periódicos, até sazonais, que atendem apenas a seus próprios interesses de manutenção do poder político – e assim contribui, a seu modo, para a sobrevivência da elite corrupta israelense. O mesmo pode ser dito de outros atores em nossa região.
Ainda assim, muitos de nós, a maioria das pessoas vivendo neste país, não apenas absorvemos silenciosamente os chocantes resultados de cada série de violências, mas toleramos a contínua erosão de nossos direitos sociais, nossos direitos econômicos, nossos direitos de negociar e lutar pelo que temos, ou o que realmente deveria ser nosso; enquanto eles, os poucos afortunados, aqueles ligados ao poder, continuam a arrancar cada vez mais das mãos de nossos dois povos, israelenses e palestinos.
Gerardo Leibner
Gerardo Leibner é membro do movimento judeu-árabe Hithabrut-Tarabut, em Israel; um dos fundadores do movimento Ta’ayush, que trabalha para construção de uma parceria entre árabes e judeus; e historiador da América Latina.
O texto original está disponível em;
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