sábado, 5 de junho de 2010

La conoscenza è nella nostalgia.

Chi non si è perso non possiede.



O conhecimento está na nostalgia.

Quem não se perdeu não se apropria.



XXVI

In sogno

ti ho sentita gridare

Un grido

similar a quello che aveva straziato

la notte

all’ inizio del male.

Un grido d’ ira,

o creatura,

contro le figlie, te stessa

e la morte.



XXVI

Em sonho

te senti gritar

um grito

similar àquele que havia dilacerado

a noite

nos primórdios do mal.

Um grito de raiva,

ó criatura,

contra as filhas, contra ti

e a morte.



XVII

O dolce sonno

Ingannala ancora tu,

un poco.

Consuma queste ultime ore,

e, inavvertito,

falle valicare la soglia.



XVII

Ó doce sono

a engana tu, ainda

um pouco

consuma estas últimas horas

e, inadvertido,

fá-las ultrapassar o limiar



*



È Parola non Carne…

E finché resterà sospesa,

Io non entrerò nel destino.

Fui fanciullo, fui adolescente,

fui giovane… Tutto minaccia

di passare, anzi d’ essere passato

— una leggenda qualunque

alle mie spalle di morto…

Ed io la so, la Parola:

e come non potrei se son io

questo dato senza cifre,

questo Indefinito parlante?

Se son io questo vaso di miseria,

questa litania del peccato,

dell’ insoddisfazione, dell’ imperfetto,

questa voce ossessionata?

Non so far altro che ripetermi,

da anni, fin da quando

— ansioso Indiziato —

cominciai a smantellarmi:

eppure è RIMASTA PAROLA…

Tutto minaccia di passare,

… oh brivido atroce,

non sono mai vissuto!

Son corso intorno al cerchio

del mio destino e non son mai entrato!

E morirò cosi? Parola,

impazzisco di te e tu non vivi.



É Palavra não Carne…

E ate que reste suspensa,

não mergulharei no destino.

Fui criança, adolescente,

jovem… tudo ameaça

passar, ou melhor, de ter passado

— uma lenda qualquer

às minhas costas de morto…

E eu a sei, a Palavra:

e como não poderei se sou eu

este dado sem cifras,

este Indefinido falante?

Se sou eu este vaso de miséria,

esta litania do pecado,

da insatisfação, do imperfeito

esta voz atormentada?

somente sei me repetir

há anos, desde quando

— ansioso Indiciado —

comecei a me desmantelar:

também PERMANECEU PALAVRA

Tudo ameaça passar,

… oh frêmito atroz,

nunca vivi!

Corri ao redor

de meu destino e nunca entrei!

E morrerei assim? Palavra,

Enlouqueço por ti e tu não vives.



O tenero predone di profumi



Con la mano immersa dentro le perle

della sera dai corporei tepori,

attraverso la piazza, giungo al lume

modesto di un negozio, torno…Non ha

prezzo questo tepore scintillante

di freschezza, questa intensa notte

che lascia più aria intorno ai gridi,

più vuoti…

O tenero predone di profumi,

ecco di che morire d’ inquietudine.



Ó terno predador de perfumes



Com a mão imersa em pérolas

da noite da corpórea tepidez

atravesso a praça, alcanço o lume

modesto de uma loja, retorno… Não tem

preço esta tepidez cintilante

de frescor, esta intensa noite

que exala mais ar ao redor dos gritos

mais vazios…

ó terno predador de perfumes

eis porque morrer de inquietude

Pier Paolo Pasolini

Tradução: Berenice Lamas

Berenice Sica Lamas (Pelotas – RS) Poeta, escritora, ensaísta, psicóloga e doutora em Letras. Membro da Academia Literária Feminina/RGS. Vários livros publicados. Vive em Bologna (Itália). Ítalo-brasileira, trabalha com traduções. participa de círculos poéticos e de leitura, tem publicado poemas em revistas e em sites italianos e brasileiros. Premiada no concurso literario multicultural “Lune di primavera” do Comitato Internazionale 8 marzo (Perugia).


fonte: Sibila

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