Chi non si è perso non possiede.
O conhecimento está na nostalgia.
Quem não se perdeu não se apropria.
XXVI
In sogno
ti ho sentita gridare
Un grido
similar a quello che aveva straziato
la notte
all’ inizio del male.
Un grido d’ ira,
o creatura,
contro le figlie, te stessa
e la morte.
XXVI
Em sonho
te senti gritar
um grito
similar àquele que havia dilacerado
a noite
nos primórdios do mal.
Um grito de raiva,
ó criatura,
contra as filhas, contra ti
e a morte.
XVII
O dolce sonno
Ingannala ancora tu,
un poco.
Consuma queste ultime ore,
e, inavvertito,
falle valicare la soglia.
XVII
Ó doce sono
a engana tu, ainda
um pouco
consuma estas últimas horas
e, inadvertido,
fá-las ultrapassar o limiar
*
È Parola non Carne…
E finché resterà sospesa,
Io non entrerò nel destino.
Fui fanciullo, fui adolescente,
fui giovane… Tutto minaccia
di passare, anzi d’ essere passato
— una leggenda qualunque
alle mie spalle di morto…
Ed io la so, la Parola:
e come non potrei se son io
questo dato senza cifre,
questo Indefinito parlante?
Se son io questo vaso di miseria,
questa litania del peccato,
dell’ insoddisfazione, dell’ imperfetto,
questa voce ossessionata?
Non so far altro che ripetermi,
da anni, fin da quando
— ansioso Indiziato —
cominciai a smantellarmi:
eppure è RIMASTA PAROLA…
Tutto minaccia di passare,
non sono mai vissuto!
Son corso intorno al cerchio
del mio destino e non son mai entrato!
E morirò cosi? Parola,
impazzisco di te e tu non vivi.
É Palavra não Carne…
E ate que reste suspensa,
não mergulharei no destino.
Fui criança, adolescente,
jovem… tudo ameaça
passar, ou melhor, de ter passado
— uma lenda qualquer
às minhas costas de morto…
E eu a sei, a Palavra:
e como não poderei se sou eu
este dado sem cifras,
este Indefinido falante?
Se sou eu este vaso de miséria,
esta litania do pecado,
da insatisfação, do imperfeito
esta voz atormentada?
somente sei me repetir
há anos, desde quando
— ansioso Indiciado —
comecei a me desmantelar:
também PERMANECEU PALAVRA
Tudo ameaça passar,
nunca vivi!
Corri ao redor
de meu destino e nunca entrei!
E morrerei assim? Palavra,
Enlouqueço por ti e tu não vives.
O tenero predone di profumi
Con la mano immersa dentro le perle
della sera dai corporei tepori,
attraverso la piazza, giungo al lume
modesto di un negozio, torno…Non ha
prezzo questo tepore scintillante
di freschezza, questa intensa notte
che lascia più aria intorno ai gridi,
più vuoti…
O tenero predone di profumi,
ecco di che morire d’ inquietudine.
Ó terno predador de perfumes
Com a mão imersa em pérolas
da noite da corpórea tepidez
atravesso a praça, alcanço o lume
modesto de uma loja, retorno… Não tem
preço esta tepidez cintilante
de frescor, esta intensa noite
que exala mais ar ao redor dos gritos
mais vazios…
ó terno predador de perfumes
eis porque morrer de inquietude
Pier Paolo Pasolini
Tradução: Berenice Lamas
Berenice Sica Lamas (Pelotas – RS) Poeta, escritora, ensaísta, psicóloga e doutora em Letras. Membro da Academia Literária Feminina/RGS. Vários livros publicados. Vive em Bologna (Itália). Ítalo-brasileira, trabalha com traduções. participa de círculos poéticos e de leitura, tem publicado poemas em revistas e em sites italianos e brasileiros. Premiada no concurso literario multicultural “Lune di primavera” do Comitato Internazionale 8 marzo (Perugia).
fonte: Sibila
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