(...) Gosto de
observar as pessoas. Às vezes ando de metrô o dia todo e fico olhando e ouvindo
o que elas dizem. Tento imaginar quem são e o que querem e para onde vão [...]
Às vezes ando de mansinho pelo metrô só para ficar escutando. Ou fico à escuta
nos bebedouros de refrigerantes, e sabe de uma coisa?
— O quê?
— As pessoas não conversam sobre nada.
— Ah, elas devem falar de alguma coisa!
— Não, de nada. O que mais falam é de marcas de carros ou
roupas ou piscinas e dizem: "Que legal!".
Mas todos dizem a mesma coisa e ninguém diz nada diferente
de ninguém.
Do romance "Fahrenheit 451" de Ray Bradbury