Digo do corpo digno inteligente activo
Digo do corpo digno inteligente activo,
ou adorativo aqui sob este sol demente
Digo do corpo digo o que indigente gente
declarou pervertido inútil indecente,
de escamotear esconder vestir e declarar
não-ter (sendo contudo algo de omnipresente).
Digo que o sexo existe apenas porque sim
como o pudera ser por exemplo um rim
ou qualquer outra víscera ou quem sabe um membro
que parece amovível quando e se preciso
porém nunca senhor deste secreto templo
vivo discreto imenso renovável todo
aqui e agora e logo e por fora e por dentro,
uno ou dispersivo, mas um corpo sempre.
Maria da Graça Varella Cid
Perfeito do Indicativo
Copacabana 20 Ag 81
& etc
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Não é o coração
Não é o coração
mas esta carne
em seu rumor.
Não é o coração
mas teu silêncio
de intenso furor.
Não é o coração
mas as mãos
sem corpo, vazias.
Na grave melodia
de um instante
tu e eu
em desequilíbrio
na infame
consistência
de um absoluto
obstáculo.
Ana Marques Gastão
Nocturnos
Canções com palavras
Gótica
2002
mas esta carne
em seu rumor.
Não é o coração
mas teu silêncio
de intenso furor.
Não é o coração
mas as mãos
sem corpo, vazias.
Na grave melodia
de um instante
tu e eu
em desequilíbrio
na infame
consistência
de um absoluto
obstáculo.
Ana Marques Gastão
Nocturnos
Canções com palavras
Gótica
2002
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