quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O PRIMEIRO CZAR DA DINASTIA ROMANOV


O ano é 1613, Mikhail Czernichovscki Fyodorovich Romanov, 16 anos esta em uma pequena vila chamada Domino, fora de Kostroma. os Romanov foram exilados pelo czar Boris Godunov, mas ainda eram considerados parte dos boiardos, ou seja, da antiga aristocracia russa. A dinastia Rurik terminara com a morte do Czar Fiodor e Boris Godunov, temendo perder o trono, decidiu acabar com a familia Romanov. as inumeras perseguiçoes obrigaram os pais de Mikhail a refugiarem-se em conventos, adotando a vida monástica. O Czar Fiodor, que morrera, descendia do Czar Ivan IV,chamado o terrível. Ivan encomendara a construção da catedral de São Basílio em Moscou e gostou tanto do resultado do trabalho que mandou cegar o arquiteto para que ele nunca mais pudesse construir outra obra prima como aquela. A catedral de São Basílio, seguramente um dos edifícios mais belos do mundo, ainda hoje ornamenta a Praça Vermelha, encantando a todos com suas cúpulas coloridas em forma de cebola.
Os poloneses queriam acabar com Mikhail, por temer que ascendesse ao trono, mas o garoto foi salvo por Ivan Susanin que mesmo preso pelos poloneses, submetido a torturas, das quais acabou por morrer, não indicou o paradeiro do futuro soberano da Rússia , Mikhail quando czar doou aos descendentes de Susanin metade da aldeia de Domnino, situada a 80 quilômetros de Moscou. Além disso, a sua família, da mesma maneira que todas as gerações posteriores de herdeiros do herói, ficou isenta do pagamento de impostos ao Estado .
Mãe e filho se mudaram, então, para o Mosteiro Ipatiev, por motivo de segurança.
Mikhail foi eleito por unanimidade czar da Rússia por uma assembleia nacional em 21 de fevereiro de 1613, mas somente em 24 de março que os representantes da assembleia encontraram o Czar, junto à sua mãe no Monastério de Ipatiev, próximo à Kostroma. Marta protestou, alegando que seu filho era muito jovem para tal responsabilidade em tempos tão conturbados.Mikhail acabou por aceitar o trono após as súplica dos boiardos, que declararam que se continuasse a negá-lo, seria responsabilizado pela destruição da Rússia.Mikhail, tornou-se então o primeiro czar Romanov.
A capital estava em um estado tão calamitoso que Mikhail precisou esperar por algumas semanas no Mosteiro da Santíssima Trindade de São Sérgio, antes que finalmente pudesse se acomodar em Moscou. Foi coroado em 22 de julho. A primeira tarefa do novo Czar foi livrar a nação do alto nível de roubos. Teve que lidar depois com a Suécia (tratado de Stolbova, 17 de fevereiro de 1617) e a Polônia, resultando na trégua de Deulino (1 de dezembro de 1618). Um resultado importante de tal trégua foi o retorno do pai do czar, que estava no exílio. A partir de então, seu pai passou a dirigir o governo até a sua morte, enquanto que Mikhail ficou em uma posição de subordinado.


Hejus Ben Hur - Colaborador História Agora

Os anjos de Sodoma



Eu vi os anjos de Sodoma escalando
um monte até o céu
E suas asas destruídas pelo fogo
abanavam o ar da tarde
Eu vi os anjos de Sodoma semeando
prodígios para a criação não
perder seu ritmo de harpas
Eu vi os anjos de Sodoma lambendo
as feridas dos que morreram sem
alarde, dos suplicantes, dos suicidas
e dos jovens mortos
Eu vi os anjos de Sodoma crescendo
com o fogo e de suas bocas saltavam
medusas cegas
Eu vi os anjos de Sodoma desgrenhados e
violentos aniquilando os mercadores,
roubando o sono das virgens,
criando palavras turbulentas
Eu vi os anjos de Sodoma inventando a

loucura e o arrependimento de Deus

Plínio Marcos

Noite

A noite sacudia as árvores dormidas
e afagava a plumagem dos pássaros nos galhos.
Lembro que o vento espertava o silêncio no ar
e na quilha dos barcos afogados.
Noite que chamava os mortos
e fazia chegar a mim o seu chamado
do ermo em que jazia.
Noite em que do céu caiu o fruto da vida e não colhemos.
Noite despojada de todos os artifícios.
Despregada da grande árvore do nada
e carregada de tudo
em viagem para um tempo sem fim.


- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Inferno, eterno inverno, quero dar
Inferno, eterno inverno, quero dar
Teu nome à dor sem nome deste dia
Sem sol, céu sem furor, praia sem mar,
Escuma de alma à beira da agonia.
Inferno, eterno inverno, quero olhar
De frente a gorja em fogo da elegia,
Outono e purgatório, clima e lar
De silente quimera, quieta e fria.
Inverno, teu inferno a mim não traz
Mais do que a dura imagem do juízo
Final com que me aturde essa falaz
Beleza de teus verbos de granizo;
Carátula celeste, onde o fugaz
Estio de teu riso – paraíso?

Mário Faustino


Carpe diem


Que faço deste dia, que me adora?
Pega-lo pela cauda, antes da hora
Vermelha de furtar-se ao meu festim?
Ou colocá-lo em música, em palavra,
Ou grava-lo na pedra, que o sol lavra?
Força é guarda-lo em mim, que um dia assim
Tremenda noite deixa se ela ao leito
Da noite precedente o leva, feito
Escravo dessa fêmea a quem fugira
Por mim, por minha voz e minha lira.

(Mas já se sombras vejo que se cobre
Tão surdo ao sonho de ficar – tão nobre.
Já nele a luz da lua – a morte – mora,
De traição foi feito: vai-se embora.)


- Mário Faustino, em "Poesia completa e traduzida". (Organização, introdução e notas de Benedito Nunes). São Paulo: Editora Max Limonad, 1985.