Que faço deste dia, que me adora?
Pega-lo pela cauda, antes da hora
Vermelha de furtar-se ao meu
festim?
Ou colocá-lo em música, em
palavra,
Ou grava-lo na pedra, que o sol
lavra?
Força é guarda-lo em mim, que um
dia assim
Tremenda noite deixa se ela ao
leito
Da noite precedente o leva, feito
Escravo dessa fêmea a quem fugira
Por mim, por minha voz e minha
lira.
(Mas já se sombras vejo que se
cobre
Tão surdo ao sonho de ficar – tão
nobre.
Já nele a luz da lua – a morte –
mora,
De traição foi feito: vai-se
embora.)
- Mário Faustino, em "Poesia
completa e traduzida". (Organização, introdução e notas de Benedito
Nunes). São Paulo: Editora Max Limonad, 1985.
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