terça-feira, 11 de junho de 2013

Enquanto brincam no gramado as moças chiques
Eu quero chuvas pra estragar o piquenique
Eu não provei aquele tipo de xarope
Que está por cima nas pesquisas do IBOPE
Eu estou remando rio acima por prazer
Não há nada a desculpar, foi por querer
Me passe o sal pra botar na sobremesa
O Grande Público cansou minha beleza

( aldir blanc / joão bosco )

I. O POEMA



Um poema como um gole d’água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.

Mario Quintana in "O Aprendiz de Feiticeiro".

ESTILO



estilo é a resposta para tudo –
um novo jeito de encarar algo estúpido ou
perigoso.
é preferível fazer algo estúpido com estilo
do que fazer algo perigoso
sem estilo.

fazer algo perigoso com estilo
isso é o que eu chamo de arte.

a tourada pode ser uma arte
boxe pode ser uma arte
amar pode ser uma arte
abrir uma lata de sardinhas pode ser uma arte.

nem todos têm estilo.
nem todos conseguem manter o estilo.
já vi cães com mais estilo do que homens
embora nem todo cão tenha estilo.
isso os gatos têm de sobra.

quando Hemingway estourou seus miolos na parede
com um tiro
aquilo foi estilo.

ou às vezes as pessoas te oferecem estilo.

Joana d’Arc tinha estilo
João Batista
Cristo
Sócrates
César,
García Lorca.

conheci homens na cadeia com estilo.
conheci mais homens na cadeia com estilo
do que os que conheci fora da cadeia.

estilo é o que faz a diferença,
um jeito de realizar,
um jeito de estar realizado.

6 garças paradas numa lagoa
ou você saindo nua do banheiro
sem me
ver.

Poema: Charles Bukowski
Tradução: Fernando Koproski
do livro :
A MOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA (7 Letras)