domingo, 30 de setembro de 2018

Ele Não

29 de Setembro

"A Democracia de amanhã se prepara na Democracia da escola" Celestin Freinet

Algumas breves palavras sobre o espetáculo "Ele Não"



 William Cruz Fonseca
Na prática, enfocando no quão ameaçador e terrível é o Bolsonaro, a esquerda burocrática encontra a desculpa perfeita para justificar o total conformismo e imobilismo por parte da população. É a conhecida tática dos democratas, esses grandes pacifistas e servos leais dos trabalhadores, contra Trump nos Estados Unidos.
E assim, criando uma ameaça simbólica, escondem o fascismo do cotidiano: a imposição que surge de, dia após dia, de todos os trabalhadores se submeterem aos caprichos do Mercado.São verdadeiros "caçadores de fantasmas", primos pobres do "terror vermelho".
Ao mesmo tempo,segue-se alienando o trabalhador do controle de sua própria atividade, mune perpetuamente a classe capitalista para esmagá-los.
"Eleição é farsa", clamam certos "anarquistas". Sim, certamente! Mas uma manifestação restrita a se reunir e caminhar entre alguns quarteirões, gritando frases de ordem, também o é. Não alteram, nem tocam, no núcleo do capitalismo, que se encontra na esfera da produção.
O impulso criativo, a rebeldia, de todos, assim, deixa de ser canalizado para a transformação social. Ela se transforma nos "cinco minutos do ódio" de 1984.É assim que, em 2018, a "esquerda" recria uma grotesca paródia do seu irmão gêmeo de direita em 2015.
Aparentemente, os manifestantes esquecem que monstruosidades como o Bolsonaro, não são em si mesmas a causa do fascismo, mas efeito, do esgotamento do próprio capitalismo.A saber: a percepção de que, simplesmente, na sociedade atual, "não há espaço para todos", e que, em desespero, caos, desemprego e miséria, onde não sobra senão a pura eliminação, física, de potenciais "concorrentes". Enquanto tais condições, artificialmente impostas, perdurarem, "bolsonaros", de direita ou de esquerda, brotarão como hidras oferecendo falsas promessas. Assim, não é hora de se tentar "defender" a democracia burguesa enquanto um "mal menor" perante o fascismo.Pelo contrário! É preciso superá-la antes desta levar ao último!

Rubem Klaus_______________ "E assim, criando uma ameaça simbólica, escondem o fascismo do cotidiano: a imposição que surge de, dia após dia, de todos os trabalhadores se submeterem aos caprichos do Mercado.São verdadeiros "caçadores de fantasmas", primos pobres do "terror vermelho".
Escondem mesmo? Eu vi a esquerda rearticulando-se em torno de um inimigo de classe que começa a aparecer como tal, como algo finalmente identificável, envolvendo milhares e milhares de pessoa no Brasil todo. E este trecho seu é ainda mais problemático, pois põe a separação/alienação objetiva na conta da esquerda, ou pior, disso que você chamou um movimento "simbólico": "Ao mesmo tempo, segue-se alienando o trabalhador do controle de sua própria atividade, mune perpetuamente a classe capitalista para esmagá-los".

William Cruz Fonseca___________ " Eu vi a esquerda rearticulando-se em torno de um inimigo de classe que começa a aparecer como tal".
Se assim fosse, o slogan claramente seria "#NENHUMDELES" por razões que nem preciso argumentar: candidatos de A a Z oferecem todos variações do capitalismo, boa parte deles neoliberal, incluindo obviamente a estrela Haddad, como as únicas pautas "realistas" possíveis.

Rubem Klaus No mundo real, da luta concreta, não há essa opção; esse fora todos aí seu, vou te dizer, nem o PSTU propôs mais...

William Cruz Fonseca _____________O movimento é sim simbólico considerando que não passam de cartazes, e que não estabelece nenhum obstáculo material para que Bolsonaro se eleja. Quanto mais (nem se fale nisso!), das condições materiais que fazem seu discurso ser exaltado por milhões de brasileiros.

William Cruz Fonseca  __________________Daí talvez você me diga que esses cartazes tem o papel de "conscientizar" os eleitores do que Bolsonaro pensa.
Bem, mas penso que todos estão bem conscientes disso: sua popularidade não se dá "apesar de" defender o extermínio em massa de "bandidos" e pobres (quem quer que esteja na frente das forças de repressão), mas precisamente por isso. Como o "salvador" do "cidadão de bem" aterrorizado com a violência e o desemprego.
Bolsonaro não "criou" esses valores fascistas. Ele, se muito, meramente os encarna. Daí a luta trágica e patética contra um símbolo do fascismo quando, pelas condições materiais existentes, esse já se generalizou na população com toda força.

Rubem Klaus _________________É claro que é simbólico. Tudo começa no plano simbólico, sim. Mas é assim mesmo que a esquerda sempre se colocou, formando fileiras e mostrando seu poder de organização. Há alguma forma de reunir mais de 1 milhão de pessoas nas ruas em 3 semanas?
A partir disso, há uma pauta concreta: mostrar para o Brasil que há alternativa ao fascismo, ou antes, há ainda uma barreira contra o fascismo.Agora, a sua alternativa, como disse o Paulo Vinícius, ela é meramente teórica e ultra radical no plano das ideias. Jogar fora a "democracia" aqui e agora, sem uma organização popular e de classe à altura das forças do outro lado, seria um convite aberto para o desfile de tanques nas ruas -- e veja só a máxima manifestação do espetáculo capitalista, que escravizaria o país por mais alguns anos numa ditadura ultraneoliberal. Por excesso de imediatismo em pensar "forças materiais", sua análise é ela mesma idealista.

William Cruz Fonseca________________ "Há alguma forma de reunir mais de 1 milhão de pessoas nas ruas em 3 semanas?"
Se esses "milhões" não obterem os meios materiais para transformar a situação que se encontram fora do nível simbólico, se, pelo contrário, esta estiver nas mãos dos capitalistas e continuarmos sujeitos as suas ordens, trabalhando, não importa em quão número estejam, terão tão pouco controle dos resultados como se verificou historicamente na primavera árabe, ou nas manifestações da Ucrânia...

Rubem Klaus_______________ Ou seja, você quer uma revolução, quando hoje nem mesmo conseguíamos pensar em colocar 100 mil pessoas nas ruas, tamanha a desestruturação em que estávamos.

William Cruz Fonseca______________ Para não falar que, dependendo da "esquerda" que voce se refere, o unico papel dessas "fileiras" é servir de alavanca para gestores do capitalismo ocuparem suas devidas posições. São as mesmas "fileiras" que, tão logo é eleito, o tal "candidato" da esquerda, varre das ruas chamando a tropa de choque.
Basta comparar a reação dos governos petistas em relação aos protestos, digamos "contra o golpe" e a reação do mesmo governo aos protestos de 2013. Etc, etc.
"Jogar fora a "democracia" aqui e agora, sem uma organização popular e de classe à altura das forças do outro "
Bem, do que se pode notar da história, a alternativa que propõe terminou apenas que foi a própria "organização popular e de classe" (que você trata como sinonimo de uma burocracia em nome dos trabalhadores) mobilizada" que defende quem trouxe os "tanques" de presente ao povo. Quando não foi ela própria varrida...
"e veja só a máxima manifestação do espetáculo capitalista, que escravizaria o país por mais alguns anos numa ditadura ultraneoliberal"
Só esquecendo que trata-se da mesma "ditadura ultraneoliberal" que o outro candidato mais forte, atualmente, Haddad, ajudou a erigir, sem contudo receber nem a mais vaga crítica dos organizadores do evento, e nem sequer dos manifestantes em geral.
 "Ou seja, você quer uma revolução, quando hoje nem mesmo conseguíamos pensar em colocar 100 mil pessoas nas ruas,"
De novo, sua preocupação com os "milhões na rua" parece fazê-lo esquecer dos objetivos e meios dessas pessoas "colocadas" na rua.
Bem, de um lado temos os tanques, o capital, a imprensa, e séculos de controle do estado.
Do lado dos "milhões" temos "cartazes", passeatas, marchas e... a urna!
Eu sugiro que eles tem, de fato, outra possibilidade, que seria se apropriarem do único poder que possuem, que, por coincidencia, é a base material de toda a prosperidade capitalista: sua própria atividade que alienam no trabalho.
Mas, sou apenas um ultra-radical mancomunado com os ultraneoliberais.
Vamos seguir as soluções duras e realistas de "levar milhões"... direto ao abismo.

Rubem Klaus_________________ Se análises como a sua fossem realmente produtivas, teríamos feito uma revolução há dois séculos atrás. Falta-te maturidade e a paciência no verdadeiro embate com o real. Que o PT contém burocratas, que haja cartolinas nas ruas que não fazem cócegas no capital, tudo isso são fatos imediatos. Mas não são mais imediatos se inseri-los na sequencia temporal em que já se inserem e que vão desabrochar muito mais à frente um dia. Talvez o tempo traga tudo isso que você diz, um tempo de rupturas e superações. Mas se você ficar de olho fixo no imediato como simples recusa, esterilidade, mero espetáculo, ora, isso não dá em nada de fato.

Cristiano Gonçalves Viana _________________William entrando de gaiato no debate. Como disse concordo com sua crítica, mas vc ha de convir que ela tb é espetacular e simbólica. A grande questão ênfase que a massa de trabalhadores está longe de ter uma consciência tão avançada assim como vc que. E de fato é o que temos para hj. Essa tomada de consciência e unidade de ação irmanados das massas de trabalhadores para uma revolução instantânea não está na ordem dos fatos atuais.
 E o Slogan do PSTU é a rebelião. A grande questão é por que as massas de trabalhadores não escolhem a ação revolucionária?

William Cruz Fonseca _______________"mas vc ha de convir que ela tb é espetacular e simbólica."
Por que?
Eu nunca tive pretensão com meu texto de "fazer uma revolução" sozinho, ou sequer me imagino capaz disso. Chamo o movimento de espetacular porque ele cultiva a falsa visão de que bastaria atacar o Bolsonaro, sozinho e "todo mal" desapareceria.
Não vejo porque devamos passivamente ir na direção da suposta "maioria".Tão importante quanto dar um passo, é andar para trás caso nos demos conta de que íamos na direção errada. E a resistência e dogmatismo a minha crítica, o que a torna "espetacular" (o que faz sentido, dado que parte de um movimento que é ele mesmo apenas simbólico), e não ela em si mesma.
Portanto, se o que proponho no meu texto será "utópico" ou não, está longe de meu controle decidir. Dependerá, pelo contrário, justamente da reação das demais pessoas a ele. Algo que não controlo. Mas preciso tentar.

Cristiano Gonçalves Viana____________________ William Cruz Fonseca não dependerá somente da reação a ele, mas da consciência sobre qual qual a praticar tomar para supera esse sistema. E sim por ser um texto é uma luta meramente simbólica sua. Diria até mais do que aqueles que saíram às ruas com cartazes.

William Cruz Fonseca ___________________"Mas não são mais imediatos se inseri-los na sequencia temporal em que já se inserem e que vão desabrochar muito mais à frente um dia. Talvez o tempo traga tudo isso que você diz, um tempo de rupturas e superações. Mas se você ficar de olho fixo no imediato como simples recusa, esterilidade, mero espetáculo, ora, isso não dá em nada de fato."
Como respondi para o Cristiano, isso dependerá do modo como as pessoas reagirem ao meu texto e de outros, e chegarem a diferentes conclusões por si mesmas. Não é algo que eu possa sequer sonhar controlar. Não tenho fórmulas mágicas ou um "método" que guiará a humanidade. Só posso no máximo das palpites. Isso, contudo, em nada invalida as críticas que apontei. E a necessidade, consequentemente, de se procurar outras saídas.
Por analogia. É como se as pessoas perdessem suas casas e delirassem que ainda vivem nelas. Então eu simplesmente lhes digo isso e me "respondem" que eu "não tenho esse direito!", afinal, eu não tenho eu mesmo novas casas.
Ora, mas se ninguém apontar ao fato, a situação não se resolverá nunca.
Cristiano Gonçalves Viana Se não há métodos não há o que se discutir. Cada um toma sua decisão por si se guiando por textos que são disseminados dos mais variados usuários das redes sociais sem dogmatismo e vai quem quiser, ora. "E sim por ser um texto é uma luta meramente simbólica sua. Diria até mais do que aqueles que saíram às ruas com cartazes."
Mas eu jamais propus que só produzir o texto fosse suficiente.
De fato, o texto diz o oposto disso! Que é preciso as pessoas agirem concretamente no seu meio. Parece não ter interpretado bem o que escrevi.
Mas os cartazes que li não propunham isso. Eles propunham apenas a rejeição, simbólica, do Bolsonaro, através de manifestações com cartazes do tipo "ele não", estando implícito o apoio a outros candidatos. Não sugerem que as pessoas simplesmente façam uma greve geral, tomem os meios de produção. O que for. O slogan atende, exatamente sob encomenda, uma crítica vazia. Coloca "todos" contra Bolsonaro enquanto reafirma os demais candidatos como aceitáveis e como não sendo parte do problema.
 E, com toda certeza, se essas condições não forem atendidas, das pessoas transformarem seu meio autonomamente, não tenho dúvida de que, como dizes, meu texto é puramente simbólico. Falo francamente nele de que as soluções só são possíveis indo-se além dele. Como uma prática, não como uma ideologia, um texto.

Cristiano Gonçalves Viana _____________________________Acho que vc é bem pretensioso com essa questão de interpretação. Penso que foi vc que não consegui interpretar o que escrevi. O que escrevi foi que mesmo que o seu texto diga para agir ele ainda é um TEXTO e portanto ainda é tão simbólico quanto. Independente do seu conteúdo. Se vc não percebeu escrevi que concordei com o conteúdo mais de uma vez. Mas o seu texto e tão impotente ou mais do que aqueles que denuncia.

Paulo Vinícius ____________Muito bonita a análise, mas, diante da ameaça clara de um fascista vencer eleições e usar o Estado como uma arma apontada contra toda a classe trabalhadora, infelizmente essas palavras não ajudam em nada, parece algo meio "platônico", do "mundo das ideias", visto que não há condição real para nenhum tipo de revolução no momento, muito menos de cunho anarquista. A realidade é dura. Arriscar ver um sociopata chegar ao poder por questões puramente ideológicas (dado que o momento não é propício para nada disso que você aponta aí, não me parece uma boa "aposta".

William Cruz Fonseca_____________ Paulo, acho profundamente "platonico" imaginar que Bolsonaro sozinho tenha poderes de controlar o estado, e não a classe capitalista atrás dele. Que coloca ou tira quem bem entende quando convém. Como vimos há menos de 3 anos, por sinal, e também vimos incontáveis vezes em toda a história.
E também me parece platonico supor que seja o voto ( ou recusa ao voto) a Bolsonaro o que bastaria, por si só, para dete-lo de tomar o poder. Ou que os impulsos fascistas generalizados (fruto do temor quanto a própria sobrevivencia), que fazem milhões admirá-lo, sumiriam por um passe de mágica simplesmente se livrando dele. A lógica do sucesso do Bolsonaro, é a mesma do canibalismo. Ora, não é difíicil imaginar que, com ou sem ele, suas ideias tem tudo para manter sua força se as condições que levaram a miséria atual não forem superadas...

Paulo Vinícius _______________Sabemos que o nazista é apenas um fantoche de grandes corporações, a Direita política é sempre apenas joguete da burguesia, mas, o caso é que há indícios (fortes) de que esse é o plano para o Brasil: colocar um ditadorzinho fantoche (com apoio de parte relevante da população e aval das urnas) para reprimir qualquer revolta popular local e assim sugar livremente o que resta das riquezas do território brasileiro e explorar ainda mais pesadamente a força de trabalho e mercado consumidor no país (lembrando que trabalhadores são explorados como "mão de obra" e como consumidores). A via chilena, isso já aconteceu algumas vezes na história.
 Mas, tranquilo, você não está totalmente "platônico" como imaginei hahahah Acho que compreendi melhor teu ponto, vou escrever sobre isso no próximo comentário.
Entendo teu ponto de vista, você acredita que de nada adiantará evitar que o nazista vença a eleição , pois, se é a vontade das grandes corporações irão fazer alguma coisa para realizar tal plano, podem até mesmo fraudar as eleições (o que é bem provável) ou usar como pretexto a vitória da "pseudo-esquerda centro" para dar um golpe e aí implantar pela força o que desejam, ok, mas, o problema é que: se isso acontecer como vamos resistir? Não temos meios para tal, no momento.

Júlia Namem Feijó__________________ É tão bonitinho ver que há esperança nos corações dos homens!
A pára né!?
E o Sr. Acha que a população tem alguma chance contra interesses das grandes corporações??
Pronto! Agora estamos livres do fascismo!!
????
*nada pessoal, eu tenho o péssimo hábito de ser sarcástica. Rs 

Paulo Vinícius_____________________ Júlia Namem Feijó não, eu sou mais realista acho que não terá forma alguma de resistir e por isso tudo que for necessário deve ser feito para atrapalhar os planos da burguesia.

Júlia Namem Feijó______________________ Paulo Vinícius bingooo!!
"Não temos meios para tal..."
Paulo Vinícius _______________________e se tiver que atrasar a conclusão do plano, que seja feito
 não acredito em via eleitoral, não é essa a questão, a questão é que se não tentarmos nem mesmo atrasar o processo, estaremos ferrados
 precisamos pensar uma saída e o tempo está correndo, se a "pseudo Esquerda institucional" pode atrasar a m... que virá, ou pelo menos incomodar o lado pior da história, que seja, pois, não vejo como poderíamos realmente lutar contra um Estado voltado contra nós como uma arma, ainda mais com essas novas tecnologias de monitoramento e propagação ideológica, teríamos que sair do país (e isso pode chegar em outros lugares em breve).
Paulo Vinícius a questão é complexa, não é uma defesa da Centro-Esquerda , vejo isso apenas como uma forma de tentar atrasar o processo, para ganharmos algum tempo; pois, me parece bem claro que as grandes corporações não desejam mais usar a Centro-Esquerda como o fantoche da vez, já chutaram esse pessoal do poder no Brasil, na Argentina , por exemplo; me parece que desejam recorrer à carta da ditadura sim
 Não querem usar nem mesmo a Centro-Direita, veja que Macri na Argentina não está segurando "as pontas" para a burguesia e aqui MDB e PSDB não vão rolar mais.
 Ou melhor, talvez, MDB e PSDB voltem ao poder com o Bozo, mas, não serão os protagonistas mais.

Júlia Namem Feijó _________________Paulo Vinícius eu não tenho esperança, sou a pessoa menos indicada para refletir soluções neste sentido.
Tenho buscado conhecimento no sentido de sobreviver diante do caos.
Estou plantando comida no quintal há dois anos, estudando plantas comestíveis não convencionais/medicinais e bioconstrução. Captação de água da chuva e sistemas alternativos de energia. Fazendo uma preparação física e mental para agir com um mínimo de autonomia em situações caóticas.
Tenho duas filhas pequenas e converso claramente sobre o futuro incerto do nosso planeta, além de compartilhar todo esse conhecimento que venho adquirindo, com elas.
Se eu pudesse dar um conselho para as pessoas, diria para que elas perdessem menos tempo discutindo política institucional e mais tempo reaprendendo a serem autossuficientes.
O capitalismo avança de tal modo que em pouco tempo não teremos água e ar puro, sem as necessidades básicas não há possibilidade de vida.
A coisa tá feia, meu amigo!

William Cruz Fonseca___________________ " a questão é complexa, não é uma defesa da Centro-Esquerda , vejo isso apenas como uma forma de tentar atrasar o processo, para ganharmos algum tempo;"
E por que não buscamos outra solução agora?
E, se não somos capazes de fazer isso agora, porque, seríamos no futuro?
E, também, dado a facilidade com que se tirou a Dilma e se prendeu Lula, mesmo que Haddad ou Ciro se elegessem, e respeitassem benevolentemente as promessas de campanha, que garantia há que não seriam corridos de lá?
Adiar o problema só vai torná-lo, me parece, mais incontornável.

Paulo Vinícius __________________Sim William, entendo, mas, não temos muito o que fazer agora além de apoiar qualquer mobilização que atrase "um pouco, que seja" o que "poderá vir". Por outro lado, não podemos, também, cair no pessimismo imobilizador, pois, se as pessoas estão se mexendo nas ruas, como hoje, isso já é alguma coisa, talvez, mexa um pouco com o jogo, vamos aguardar os próximos movimentos.
 mas, deixando bem claro o "talvez".
Não sou otimista não, mas, também não quero declarar que "está tudo perdido".

Júlia Namem Feijó____________________ Paulo Vinícius não está tudo perdido porque ainda nos resta a existência em si.
(R)exista no sentido mais literal!!!

Eikon Murilo Antunes ____________________________Já vi relatos e também vi eu mesmo a participação de pessoas que nunca estiveram num movimento de massas antes. Ao que tudo indica, o ato demonstra que os sujeitos minoritários que participaram o fizeram por uma questão objetiva e material: a ameaça de sua própria existência. Então existe, nas contradições deste movimento, aspectos que são úteis para um ganho qualitativo da adesão destas pessoas apesar das questões que tu colocou. Acredito que devemos entender o fascismo também pela personificação, pois, historicamente, estes movimentos precisam hipostasiar suas projeções numa figura pública. Portanto, a luta contra Bolso-Bolso até que faz sentido como luta antifascista. E o simples fato de termos a agrupação e organização das mulheres se expressando nesse ato já é um puta ganho político para a autoconstituição dos interesses feministas. Vivemos no modo de produção patriarcal-capitalista, daí a necessidade do desenvolvimento do movimento de mulheres na luta de classes como condição para superação desta realidade atual...

William Cruz Fonseca____________________ " Ao que tudo indica, o ato indicou que os sujeitos minoritários participaram desse ato por uma questão objetiva e material: a ameaça de sua própria existência"
Ora, é evidente que todos buscaram de fato a própria sobrevivência. O MEIO de que fazem uso é que não o é: ele não assegura, nem mesmo da forma mais superficial, a menor resguarda contra a estrutura repressiva e as forças fascistas que deram origem ao Mito.
"E o simples fato de termos a agrupação e organização das mulheres se expressando nesse ato já é um puta ganho político para a autoconstituição dos interesses feministas."
Isso pode ser dito até das manifestações de 2015 pelo impeachment, etc, etc.
Você, novamente, está ignorando:
a) que os protestos por si só não trazem nada que mudem as condições concretas, cotidianas, para essas mulheres serem mais livres. Que, de novo, segunda feira, estarão se sujeitando as mesmas ordens, patronais, de sempre.
Nem mesmo, até onde eu saiba, uma política de legalização do aborto os demais candidatos com força para segundo turno possuem!
Assim, não é só o assim chamado "coiso"... uma ameaça à vida das mulheres... seu crime parece ser mais o de berrar em voz alta aquilo que o restante da direita e esquerda sempre fez, a todo momento, na surdina.
b) que no lugar de superar o "culto a imagem" que observa, ele a reforça (na visão dos apoiadores) e torna-se ele mesmo, como observei no texto, numa projeção numa figura pública, simbólica, de problemas reais muito mais profundos
c) que as condições que deram origem ao fascismo, e fazem o Bolsonaro ser ouvido por milhões, não foram nem minimamente atacadas.

Eikon Murilo Antunes _________________Sim, não o faz diretamente. Mas, jogando com o que a casa oferece, podemos dizer que faz algo indiretamente. A tua ideia enquanto ideia só se converte em força material se ela for compreendida pelos agentes históricos. Ou seja: é necessário desenvolver a “consciência” e tals. Mas isso se faz na prática. Pode parecer vulgar e pragmático, mas acontece que aspectos da existência são ambivalentes. Seria muito mais interessante divulgar na agitação estas concepções tuas, pois concordo contigo (talvez não em tudo). Eu, por exemplo, tentei formular algumas palavras de ordem para disputar naquele espaço uma nova concepção. Acho válido essa tática. É disso que estou falando...

William Cruz Fonseca___________________ " Seria muito mais interessante divulgar na agitação estas concepções tuas, pois concordo contigo (talvez não em tudo)."
Mas não é o que eu estou tentando fazer?
Mostrar que, um movimento mesmo que bem intencionado, na prática ajuda a firmar mais ainda o poder do Bolsonaro, a confinar mais ainda a população a falsas saídas, como a democracia representativa, quando o que esta precisa é justo encontrar novas soluções?

Júlia Namem Feijó______________ William Cruz Fonseca repito: há tempos não vejo alguém que tenha tamanha lucidez

Eikon Murilo Antunes_____________ Não sei. Debate sobre formação de consciência é complicado. Primeiro que começa com o inconsciente. Mas, enfim, apesar de concordar com tua crítica, ela não parece espetacular como tudo nesse modo de existência? A realidade objetiva de um pensamento é determinada na práxis (Teses Sobre Feuerbach). Um agenciamento coletivo que coloque táticas radicais em ato é o critério da realidade objetiva mais do que a mera crítica teórica. Mas, você poderia me dizer: “estou apresentando soluções e isso aponta para outros caminhos, ou seja: outras táticas, etc”, mas daí teríamos que acreditar que a prévia ideação de finalidades bastaria para que haja adesão a um movimento de transformação cotidiana. Esse processo precisa agenciar subjetividades humanas, algo muito difícil e que vai além da “mera racionalidade”....

Leandro Henrique________________ Uma pergunta: se os protestos de hoje e o #EleNão fosse um movimento anticapitalista/anarquista, você ainda faria a mesma análise?

William Cruz Fonseca ______________Sim, eu critiquei várias vezes protestos do tipo "vote nulo", "abaixo o capital",o que for, se não servirem como meios de transformarem as condições práticas que as pessoas vivem, existindo como meras ideologias...

Leandro Henrique ______________Então em vez do ato de hoje, o que você sugere que as mulheres façam?
 Uma pergunta: se os protestos de hoje e o #EleNão fosse um movimento anticapitalista/anarquista, você ainda faria a mesma análise?

William Cruz Fonseca ____________Sim, eu critiquei várias vezes protestos do tipo "vote nulo", "abaixo o capital",o que for, se não servirem como meios de transformarem as condições práticas que as pessoas vivem, existindo como meras ideologias...
Leandro Henrique _____________Então em vez do ato de hoje, o que você sugere que as mulheres façam?

William Cruz Fonseca ____________________Um exemplo é o MPL, Movimento Passe Livre de 2013. Parte do movimento tinha uma pauta francamente anti-capitalista, e libertária. Mesmo assim, não conseguiram, ou tentaram, transpor as pautas para além das próprias manifestações em si, enquanto manifestações, na rua ( não puderam ocupar fábricas, nem abolir o trabalho assalariado, etc, etc). E, consequentemente, a pauta se tornou estéril e rapidamente se esvaziou, mesmo com todas proporções que teve. Contrário ao que a teoria de uma democracia prevê, a reação das autoridades as "demandas populares" não foi, puramente atende-las, mas simplesmente partir para a repressão. Ao mesmo tempo que se articulavam alimentando parte da onda fascista que estamos presos até hoje. Porque eram exigencias "simbolicas" do fim do capitalismo, e não sua superação concreta.

William Cruz Fonseca______________ Meu texto já responde. Você só precisa lê-lo.
 Repare também que o texto é consistente independente disso: alguém mostrar que dançar não trás chuva não dá a ele a obrigação de fazer chover.

Leandro Henrique ___________Mas você fala como se soubesse de alguma fórmula mágica de superação do capitalismo e que os movimentos sociais com seus protestos não fazem diferença...
Você tá desmerecendo a luta de milhões de mulheres que saíram de casa hoje para se posicionar contra Bolsonaro e pelo que ele representa, você também esquece que o maior objetivo dos Protestos é conscientizar a sociedade sobre um determinado tema e que para superar o capitalismo , precisamos de um povo extremamente consciente dos males desse modelo econômico.
Acho que o seu Pragmatismo não leva a nada...

William Cruz Fonseca____________ Não é desmerecer, mas sim reconhecer as inúmeras limitações da prática. Não tenha dúvidas que o protesto "conscientize" as pessoas. Mas de que? Que o Bolsonaro é a caisa do fascismo, e não mero efeito? A tolerar e justificar os demais candidatos como um mal menor? A se resignar, de novo, com a democracia representativa? A "lutar" contra um palhaço enquanto ignoram a base capitalista que deu origem ao monstro?
Em suma, assim como outros movimentos de "milhões de brasileiros", como o de, por exemplo, "acabar com a corrupção", este certamente é feito por pés do bem intencionadas, mas que certamente na prática reforça os mecanismos que as oprimem.

Leandro Henrique_____________ Mas o patriarcado, racismo, homofobia e etc, não são inerentes ao Capitalismo e é preciso acabar com a opressão das mulheres, negros e minorias para ter-mos uma sociedade realmente igualitária.
A luta contra o grande capital por si só não vai fazer isso...
As duas lutas acontecem em paralelo por terem origem distintas, porém estão caminhando em direção ao mesmo objetivo.

Ana Carolina Feliciano ______________________Acontece que essas intervenções nunca são postas a frente... Ficam em meras frases elaboradas, como uma filosofia para mortos. Porque não invadem as empresas, então? Não tomam o congresso? Ficam apenas em discursos ideológicos dentro da internet esperando que palavras salvem o mundo, mas palavras não salvam o mundo... Ações salvam, e nesse quesito anarquistas, comunistas, socialistas e o caralho a 4 não tem o menor culhão para criticar movimento nenhum, uma vez que os movimentos propostos por esses defensores ideológicos não passam de promessas jamais cumpridas, de revoluções jamais vividas e novamente, de uma filosofia que nasce morta, uma vez que as ideias acabam se tornando como o próprio capitalismo que estes tanto criticam, compram novas idéias todos os dias e as jogam fora e quase nunca as transformam em atos.
 Hipocrisia... O dia que saírem a luta por um mundo melhor fará o maior sentido a crítica.

William Cruz Fonseca______________________ Então deve ser bastante fácil para ti argumentar onde estão seus erros. Quais seriam?

Mauro Nunes ____________Sabe o que vi no ato? apesar de todos os problemas? A tal da onda conservadora...
Entre golpismos, pelegos e reformistas o povo trabalhador mostra sua disposição para a luta e enfrentam o sistema e seus lacaios
Se tivéssemos direções revolucionárias e mais consequentes as ruas seriam pequenas
Estaremos sempre onde o povo está , dialogando e dando o combate necessário ao sistema.
Nossa bandeira mais uma vez tremula na rua, onde é o nosso lugar, onde nascemos e onde venceremos

Raquel Teixeira ______________Legal a análise em parte. Porém se nos entocarmos, ou colocarmos a cara apenas com nosso uh uh uh chegaremos em que lugar? Nao vejo saída nem na "festa" de hoje, nem em nossas mascaras antigás. Precisamos abrir fendas. Esburacarmos em diálogos francos. Nao fazemos isso, nao temos feito. Apenas ditamos modos q acreditamos melhores. Enquanto isso vemos o fascismo nosso vizinho, invadindo a varanda, sentado ao nosso lado no ônibus etc etc etc. Nao temos receita, isso é fato. Mas a cada dia percebo que não é ditando regra, ou nao-regra (q é o mesmo p mim), que alcançaremos alguma brecha p igualdade.

William Cruz Fonseca ___________A última proposta que faço é nos entocarmos. Mas precisamos selecionar entre saídas ruins, como o "elenão" e outras que possam ter um rumo construtivo.

Raquel Teixeira___________________ O #eleNao foi nos ultimos 5 anos, no mínimo q eu pude conversar com mulheres, virtual e realmente, sobre os rumos que queremos e porque queremos dessa ou daquela maneira, ou porque nem cogitamos maneiras. O evento mais importante e produtivo (está sendo, é inaugural por essas bandas com esse cenário). Mulheres de classes sociais diferentes se colocando à outra. E precisamos continuar o diálogo para abertura de debates e vivências com análises de dentro das realidades das pessoas. Tentar diminuir esse fato, nao é outra coisa senão uma das faces do machismo. Se não há encontro, que apesar de novo, nao começou hoje, e apariçao, mostra mesmo da capacidade de reunião, aglutinamento, agrupamento que as mulheres possuem, vamos viver o obscuro por séculos. Nao é possível q quem pense uma sociedade igualitária nao perceba no hoje uma possibilidade imensa de convergência para, no mínimo inicio de luta social de fato. Ou é carência de protagonismo (para mim a grande chaga atual do humano) ou a vaidade nua e crua, doença da qual temos compromisso de erradicar. Se, de fato, pensamos, DESEJAMOS, a vida em que todxs plantem e colham frutos saudáveis para si.

William Cruz Fonseca___________________________ Raquel Teixeira "Tentar diminuir esse fato, nao é outra coisa senão uma das faces do machismo. Se não há encontro, que apesar de novo, nao começou hoje, e apariçao, mostra mesmo da capacidade de reunião, aglutinamento, agrupamento que as mulheres possuem, vamos viver o obscuro por séculos."
"Ou é carência de protagonismo (para mim a grande chaga atual do humano) ou a vaidade nua e crua, doença da qual temos compromisso de erradicar."
Seria muito mais construtivo se apontasse no que os argumentos que apresentei são falhos, no lugar de simplesmente especular, de forma caluniosa, do porque escrevi. Para não falar do estilo argumentativo na linha de "se não está conosco, está contra nós".
William Cruz Fonseca "Mas fomos convocadas para para combater o Bolsonaro, como se com isso fossemos parar a onda conservadora e direitista no Brasil. Tardiamente identificaram nas mulheres aquilo que nós feministas sempre dissemos: somos fundamentais e politicamente fortes. Mas, em vez de colocar em pauta debates que nos tangem diretamente, que podem, de fato, salvar nossas vidas, nos usam de alvo de campanhas que espalham o pânico e a certeza de que, mais uma vez, só estaremos seguras se nos voltarmos para as mesmas figuras masculinas que dominam a política há anos enquanto morremos em nossas casas e açougues clandestinos."

William Cruz Fonseca_____________ Como observei em outros comentários, embora a campanha seja toda em volta de atacar Bolsonaro, não se pensa comentar que os dois principais candidatos que concorrem contra ele não tem nem mesmo a decência de proporem a legalização do aborto como pauta na campanha...
 Muito menos investigar as causas que fazem do discurso dele algo admirado por milhões de pessoas. Combatem Bolsonaro enquanto personagem, centrando na sua figura enquanto ignoram o próprio fascismo que lhe serve de base. Mas tudo isso já disse no meu texto antes.

Raquel Teixeira ___________________Incrível como temos sempre a capacidade de olhar sob nosso ângulo. A primeira vez q vi mulheres, inclusive religiosas, debatendo aborto, foi a partir desse movimento. Até porque muitas não queriam q esse tema viesse a tona. E começamos a debater sobre. Sinceramente se formos avaliar, a partir de quem há tempos conversa, age, continuaremos na briga do vanguardismo que só segrega. Eu tô fora disso. Se alguém permite se abrir e mudar-se. Bom, ótimo. Senão combato. Agora ficar numa de "fogo amigo" é o pior que pode haver. "fomos convocadas" está um tanto equivocado. Porem como é uma citação deixo para conversar com a própria, caso tenha a possibilidade de estar presencialmente com ela.

William Cruz Fonseca________________ "A primeira vez q vi mulheres, inclusive religiosas, debatendo aborto, foi a partir desse movimento."
Repare que, por essa linha de raciocínio, que o slogan e o movimento foi bom porque (supostamente levou a isso), chegamos por fim a conclusão que a existência do Bolsonaro também é boa, já que "permitiu" esse diálogo.
É perfeitamente possível que, dentro da manifestação, grupos a margem tragam novos debates, mas a direção dominante, óbvia do movimento, é no sentido de personificar o fascismo na figura do Bolsonaro e varrer todo resto.Até Alckimin, aparentemente, aderiu afinal ao "elenão". As consequências políticas são previsíveis,É mais do mesmo. "ForaCunha", "ForaTemer ". E agora "Elenão".

Blob Bloberson Blá _______________Então, William, como sempre, gosto muito das tuas análises e sinto que compreendo melhor o que tu quis dizer do que o pessoal que critica, mas ao mesmo tempo entendo de onde eles partem.
 Se estou certa quanto a minha intetpretação: Não acho que teu posicionamento seja imediatista, como disseram. Pelo contrário. Acho que faltou entender que o que tu critica está um passo atrás, na própria abordagem e em como a esquerda reage aos problemas. É um pouco triste o nível de derrotismo a que chegamos se essa é a única reação concebível.
É o espaço perfeito para colocar as contradições do capitalismo em evidência, mas em vez disso vejo gente "de esquerda" declarando que é melhor votar no Alckmin e Amoêdo, desde que não seja em Bolsonaro.
Ironicamente quem sabe expor essas contradições parece ser o protofascistoide messiânico Cabo Daciolo.
Enfim, dei uma divagada e não disse nada muito relevante, mas queria comentar. 

Cristiano Gonçalves Viana__________ Vamos deixar claro então o que quis dizer: a) você escreve um texto dizendo que deve-se mudar as relações de produção praticamente. b)O que questiono é que apesar do conteúdo do seu texto está certo ele é um mero texto ainda, igual e mais impotente que os cartazes nas ruas que você critica no texto. c) Você diz que não tem como organizar sozinho a partir de seu texto uma ação com outras pessoas para porém na prática o que ele diz e que não é sua pretensão, ora então para que escreveu? Só como um desabafo? d) Eu concordo que tenha um conteúdo conciliatório no "ele não", isso é bem óbvio. e) O fato de apontar que o seu texto é simbólico invalida sua crítica visto que é a prática o critério da verdade, logo, o seu texto, reafirmo, é mais impotente do que sair às ruas com cartazes anti-Bolsonaro. f) O que está esperando para colocar na prática a ação descentralizada e simultânea desta revolução instantânea, ora se ela é descentralizada e imediata não precisa esperar ninguém é só tomar a iniciativa.

William Cruz Fonseca ________________Isso depende de surgirem condições materiais para as pessoas se rebelarem. Meu texto serve, apenas, como uma possível referência e ponto de partida para situações em que isso se desencadeie.
Como já comentei, repare que alguém dizer que dançar não faz chover, não a obriga de trazer a chuva.
" o esgotamento do capitalismo".
O esgotamento do capitalismo para até mesmo gerar empregos que permita as pessoas sobreviverem. Não quer dizer que este perdeu sua força, ou que seja mais fácil derrotá-lo. De fato, sem comida, é até um pouco mais difícil.

Cristiano Gonçalves Viana_______________________ William Cruz Fonseca Ora, etão "ele" não se esgotou, "ele" é que está esgotando a humanidade. E então a sua proposição é falsa. Se ele quer exaurir a humanidade a ponto de sua destruição imediata, penso que é importante a luta contra essa tendencia radical para que a própria possibilidade de sua superação não se perca. Neste sentido, por mais que seja espetacular essas manifestações, elas cumprem um papel de freio para que o pior não venha. A não ser que você seja partidário do "quanto pior melhor" para que se chegue a uma situação de ruptura.

Ana Bombassaro _______________________Cristiano, você acredita mesmo que essas manifestações pacíficas freiam o pior, que pra nós classe trabalhadora, é a fome e a miséria? As pautas identitárias ofuscaram as pautas classistas. Você acha que isso é puro obra do acaso?

Cristiano Gonçalves Viana ________________Ana Bombassaro não ofuscam e nem acabam com a miséria, mas é o que de fato colocou pessoas na rua. Fora isso é só a inércia perante tudo isso que vc escreveu.

Suzana Luz Cardoso_____________________ Mas, então, poderias liderar uma grande manifestação ou algo parecido ou sei lá que achas melhor do jeito que descrevestes aí, porque criticar uma manifestação linda dessa, que, antes de tudo, mostra a força das mulheres, a nossa união, cada vez mais, é muita sacanagem da tua parte.

William Cruz Fonseca________________ Suzana, é uma união sem meios concreto para transformar a realidade, porque não consegue atacar a base do poder no capitalismo, que são as forças de produção. Sem ter o controle destas, as condições que tornam o discurso do Bolsonaro sedutor, que são a miséria, o desemprego, a violência, (e renunciando a isso, defendendo pelo contrário, que se vote em qualquer outro candidato, e portanto a manutenção da democracia representativa), permanecem. E, assim, permanece o fascismo. Se reunir em massa para criticar um candidato específico, não é diferente de bater num boneco. Não é menos realista do que imaginar que, durante a Copa do Mundo, com "todos juntos", os brasileiros "se unem". Ou que a seleção e a torcida "mostra a força" dos brasileiros.

Ana Bombassaro_______________________ Suzana, eu não fui no ato aqui em Porto Alegre. Minhas amigas foram, tiraram fotos, depois foram tomar uma ceva felizes por acreditar que fizeram a sua parte pra derrotar Bolsonaro "nas urnas". Nas ruas todos vestidos com #Elenão, que "lindo". Dia 7 vão todos às urnas votar no seu candidato burguês, naquele que vai "impedir" a ascenção do fascismo no país. Eu e outras camaradas de luta optamos por uma atividade extra parlamentar, onde reunimos 140 trabalhadores de várias categorias no que chamamos Samba do Trabalhador. Essa atividade vai financiar a vinda de um palestrante sério e comprometido com a luta real. É nadar contra a corrente? É. Parece utopia pr'alguns. Pra nós, é nos apoderarmos do conteúdo revolucionário que foi deturpando pela esquerda reformista e pela classe dominante. Não recrimino quem foi no ato, nem poderia, seria como tirar o doce da boca de uma criança. Mas também não posso deixar de fazer a crítica radical ao que isso representa hoje e o brete que estamos TODOS metidos. Todos, porque é responsabilidade de todos nós o que está por vir. Não é culpar um ou outro setor, mas fazermos uma auto-crítica séria de todo processo histórico e começarmos do zero, "onde foi que nós erramos" pra ter perdido completamente o senso crítico da realidade.
Abraço!

Suzana Luz Cardoso_______________ quem critica deveria estar se mobilizando pra fazer algo do mesmo porte

William Cruz Fonseca______________ Esse argumento seria válido para o movimento "contra a corrupção" de 2015? O critério de uma manifestação ser boa é o tamanho, não o conteúdo?

Suzana Luz Cardoso___________ não interessa. é uma manifestação enorme, gigantesca, em varias partes do Brasil e do mundo. Se ela for como tu dizes, que não valeu a pena, que ta equivocada, tem algo muito errado com a tua crítica. Por isso, repito: não gostou? Vai la e faz melhor

Aline Rodrigues_____________ Mansplaining de milhões de mulheres numa tacada só! ou melhor de um testículo só, opa quis dizer textículo! só porque não estavam todas as cem por cento dessas mulheres de forma homogênea contra o capitalismo? ou talvez porque não tiraram a tarde pra escrever um texto e foram pras ruas! 

William Cruz Fonseca___________________ Até o termo 'contra", "a favor", já permite deduzir o modo como percebe a manifestação. É uma "torcida". Não é uma questão de se estar "contra" o capitalismo, é agir materialmente de forma a superá-lo. Esperar que "conscientizar" as pessoas do mal que é o Bolsonaro (quando, de fato, milhões consideram ele bom justo por sua desumanidade nas declarações) , não toca nem perto das bases que produzem o fascismo, as condições de miséria, desemprego e insegurança, que fazem as pessoas quererem esmagar outras porque vem nisso uma necessidade para sobreviverem. E por aí vai.
Mas eu tenho coisas melhores para fazer que me ocupar com seu comentário ad hominem vazio.

Aline Rodrigues ____________________William Cruz Fonseca nem por isso deixa de ser mainsplaining. que é o que salta aos olhos. mulheres que votam no bolsonaro votam diretamente contra elas mesmas, enquanto mulheres. homens que votam em bolsonaro (que são o triplo) buscam manter o domínio, o poder que está nas suas mãos - do capital e do patriarcado (que se auto alimentam). da mesma forma mulheres contra o aborto são contra elas mesmas.o patriarcado é estrutural, e as classes oprimidas são oprimidas e subjugadas ao ponto de reproduzirem contra si mesmas as noções que lhes oprimem.
Aline Rodrigues você deletou o comentário que você fez que gerou minha reposta aqui. é seu direito, ok, porém questionável. mas o que eu respondi faz parte do que vc comentou de que vc sugeria ironicamente que eu iria dizer que vc estaria oprimindo uma mulher se a criticasse que votasse no coiso ou fosse a favor do aborto. e esta ( a anterior) é uma reposta a essa parte também. só pra nao parecer que minha resposta (acima) ficou um "ad hominem vazio".

Mauro Nunes____________________ Meu caro, a luta de classes não se faz apenas em ser contra ou a favor de algo e nisso vc esta certo. Porém se faz através de um processo onde as massas trabalhadoras experimentam as formas mais diversas de organização até que encontre a sua forma de se organizar e lutar enquanto classe. Por outro lado, houve sim um problema na dinâmica do movimento, mas ainda assim é um primeiro momento em que o diálogo se fez presente de várias formas, seja com jornais, com folhetos, palavras de ordem... Eu percebo sempre que há sempre um embrião revolucionário quando as massas assumem posições, mesmo quando suas direções dizem para ficarmos em casa, não tensionarmos, ou mesmo aceitar o destino com dignidade (o problema é que não há dignidade em "aceitar o destino"). Outra questão é que muitos procuram a revolução e o socialismo onde eles não estão. Tudo se faz em um ato real sem idealismos, sem romantismo guerrilheiro. Nada acontecerá sem que as massas trabalhadoras estejam em peso assumindo o processo como dela. Nossa tarefa é ajudar na organização, na preparação e na discussão com proposta absolutamente claras e objetivas, mas explicando com muita paciência e sem sectarismos

Guilherme Henrique_____________________ Concordo. Mas vejo que o povo anda muito instrumentalizado pela agenda neoliberal. Realmente, parece que não há uma saída radical a curto prazo. A esquerda que busca alternativas fora do capitalismo é minima e não consegue dialogar com o povo. Temos que voltar a trabalhar as bases. Mas bolsonaro é fascista mesmo. E aparentemente, perdendo ou não a eleição, ele já se colocou como una alternativa a extrema-direita a corrosão social do Brasil.

William Cruz Fonseca ___________________________Sim, infelizmente somos mínimos, e atribuo a isso ao enorme esforço de promover a ideia de que a eleição de candidatos alternativos (a essência do "ele não"), já seria suficiente para reverter as ameaças que surgem no horizonte.

Guilherme Henrique________________________ Eu vejo que há uma rejeição grande ao bozo, e que essa rejeição em comum mobilizou muitas mulheres ontem. Existe ainda uma boa parte da sociedade brasileira que não se satisfaz com essa política reacionária radical. Creio que se soubéssemos direcionar isso,
Pode ser que não haveria a tão sonhada revolução, mas uma mudança significativa, talvez.

Vitória Figueiredo____________________ Entendo teu ponto de vista, mas au acho que a manifestação é um instrumento de representatividade. Não sei se percebeu mas os eleitores do bozo são extremamente dedicados nas redes sociais em parecer serem muitos, inclusive com montagens de outras manifestações dizendo ser eles. Outra coisa, não eram simplesmente pessoas unidas, era principalmente mulheres que se uniram pra mostrar que temos voz e que somos muitas, que tomamos consciência do risco de ter um fascista como presidente e que vamos fazer a diferença com nossos votos. Acho que não é momento gerar atrito dentro do próprio movimento, levando em conta o risco que estamos correndo nessa eleição. Estamos correndo o risco de perder todos direitos ja adquiridos através de muita luta por nossos antecessores. Isso não quer dizer que vamos nos contentar com as coisas como estão, para isso vamos continuar na luta assim que for escolhido o presidente, mas nesse momento é muito importante mostrar para todos que não são "esquerdopatas" contra ele, e sim pessoas dos mais variados movimentos. Esse movimento até pode ter sido criado por mulheres de esquerda, mas o alvo são todas as pessoas com um mínimo de sanidade mental.

William Cruz Fonseca_________________ Vitória, não tenho a menor dúvida de que é preciso unir todos (especialmente as mulheres, um dos alvos preferidos do candidato). Meu questionamento é o movimento ser articulado de forma a concentrar a resistência a um candidato específico, ignorando que ele só cumpre um papel subalterno numa estrutura muito maior: o Bolsonaro não é o "inventor" do fascismo, ele apenas o simboliza. E direcionar um movimento contra sua vitória na presidência, não chega sequer perto de remover as forças e contexto social que dão origem a sua imensa popularidade, a meu ver.
Esse é o primeiro ponto.
O segundo é do meio usado, de manifestações, que podem ter grande impacto emocional e cultural (no sentido das pessoas estabelecerem laços solidários, adquirirem uma causa comum, etc), mantém intacta a base do poder capitalista (de onde o apelo ao fascismo se origina). e também que o promove. Não votar no Bolsonaro, ou ir numa passeata voltada a conscientizar as pessoas disso, não faz nada a esse respeito. E julgo isso perigoso, pois dá uma falsa sensação de "segurança" e vitória, inexistentes. Pode se ver isso nos protestos anteriores, por exemplo, da PEC 55, do Fora Temer, etc, etc, que foram imensas, mas pouco impacto tiveram em reverter as políticas adotadas.Ou 2013, que foram gigantescas e bem mais indomáveis que as atuais, mas mesmo assim tiveram suas causas todas revertidas, porque a estrutura que mantém o poder de pé se seguiu intacta. Etc.

Renan Martins de Freitas______________________ Vou tentar ser o mais breve possível na resposta.
Os retrocessos acontecem porque a economia não vai bem, e a economia é mundial, todo mundo (menos os ricos) tá pagando o preço por conta do sistema falido. Para que os lucros sejam garantidos, esses retrocessos devem acontecer, não há outra receita para o mercado que não seja essa (e vai piorar).
Devido a esse cenário não há chance com o Bolsonaro e nem com algum outro que está vindo aí. Quem quiser tentar enfrentar vai ser colocado de lado e provavelmente vai ser muito bem boicotado. Nesse cenário pode haver uma pequena chance da população querer defender esse governo, mas acho difícil aos moldes das coisas como ela acontece, principalmente na esquerda.
Sobre turbinarmos esse setores é uma estratégia, mas as influências cairão por terra de maneira rápida, principalmente em uma instituição como a policia. Se não houver um projeto paralelo, que sirva de exemplo, onde as pessoas podem se agarrar, vai ser sempre mais do mesmo.
E falando em mais o mesmo, esse discurso de aproveitar as brechas, comer pelas beiradas, defender o Estado (burguês) de Direito, para se segurar os poucos direitos e depois avançar, é um problemão. Veja aí o governo do PT, tantos avanços, tantos direitos adquiridos, quanto progresso. Para nada. Para uma crise econômica demonstrar a fragilidade que são esses direitos dentro do Estado capitalista. Acreditar que algo pode ser feito por essa via, é ter fé, acreditar, como o liberal tem fé que o sistema capitalista é o melhor para a humanidade.
A critica bem fundamenta serve para desmascarar o Estado capitalista e o capitalismo, e qualquer outra ideia que surja dentro dele, até mesmo de reformas e avanços. É desmascarar estratégias pífias da "esquerda" que fica nesse lenga lenga e mostrar que a via da emancipação não é essa. E claro sabendo disso, correr paralelamente com projetos emancipatórios, concretos e bem embasados.
Já reparou que a Esquerda nunca quer construir algo? Ela sempre quer gastar suas forças em pequenas coisas? o MST é um exemplo de não se esperar do Estado, e ter um projeto consistente de garantia de trabalho e renda. Não é atoa que é um dos maiores movimentos sociais, o exemplo do qual o pequeno trabalhador do campo tem onde se segurar.