terça-feira, 8 de maio de 2018

1943: "Três Grandes" reúnem-se em Teerã


Stalin, Roosevelt e Churchill



Churchill e Roosevelt encontram-se com Stalin em 28 de novembro, no Irã. É combinada uma coordenação dos ataques soviéticos à Alemanha nazista com o iminente desembarque dos aliados na Normandia.




O primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, e o presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, já haviam se encontrado no Cairo para falar sobre a Segunda Guerra Mundial e fazer planos para o futuro da Europa, da Turquia e do Extremo Oriente.

Antes de tentarem em vão a adesão da Turquia à aliança ocidental contra a Alemanha nazista e de nomearem Dwight D. Eisenhower como comandante supremo da iminente invasão da Normandia, os dois deixaram a cidade às margens do Nilo e viajaram para Teerã. Lá, em 28 de novembro de 1943, eles haviam marcado um encontro de três dias com o presidente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Josef Stalin.

Novo papel para URSS no pós-guerra

Churchill foi ao encontro do líder comunista com desconfiança, mas Roosevelt estava convencido de que eles teriam de se arranjar de alguma maneira com a URSS e que esse país teria um papel importante na Europa e no mundo do pós-guerra. E isso deveria ocorrer no contexto de uma nova organização mundial, ambicionada por Roosevelt e muitos americanos, e destinada a assumir as tarefas da comunidade internacional fracassada. Sem os soviéticos, tal organização seria ineficaz.

Norte-americanos e britânicos já estavam tentando há tempos deter as invasões alemãs. Roosevelt tinha consciência de que um futuro pacífico depois da guerra dependeria decisivamente das relações com a URSS.

Para Washington e Londres, esse futuro já estava traçado na mensagem de Roosevelt ao Congresso em 1941, na qual ele se referiu especialmente a quatro liberdades: de opinião, de religião, do medo e da miséria. As duas potências ocidentais declararam essas liberdades como metas de guerra em seu acordo conhecido como Carta do Atlântico, e acrescentaram o direito à autodeterminação e a rejeição de conquistas territoriais por meio de guerras.

Do ponto de vista de Roosevelt, o que fosse acertado entre os dois aliados atlânticos deveria servir de base para um tratado com a URSS e a China, pois só as quatro nações juntas poderiam assumir a responsabilidade de preservar a paz no mundo.

Stalin esconde seus planos

Numa retrospectiva histórica, constata-se que essa era uma visão fantástica, idealista. Churchill e Roosevelt encontraram em Teerã um Stalin cordial. O chefe do Kremlin não tinha abandonado sua ideia de vitória do comunismo, mas sabia que seu país precisava do apoio do Ocidente. A União Soviética tinha de suportar o maior fardo da guerra, e para Stalin estava claro que isso afetaria também seu sonho de expansão do comunismo.

Em Teerã, combinou-se, em primeiro lugar, que Moscou deveria coordenar seus ataques contra a Alemanha com o iminente desembarque planejado pelos aliados ocidentais na Normandia. Mas Stalin também pôde fazer algumas exigências, indicando o que se confirmaria depois no decorrer da Guerra: ele reivindicou a Prússia Oriental e as fronteiras que foram asseguradas à União Soviética nos acordos com Berlim e Helsinque, em 1939 e 1940.

A ideia de uma organização não foi detalhada em Teerã. Nem houve acordo sobre o futuro da Polônia e, no que se referia ao Irã, a declaração conclusiva do encontro dos "Três Grandes" dizia que o país, parcialmente ocupado, receberia sua independência de volta depois da Grande Guerra.

Há muito, Stalin vinha fazendo planos para a divisão da Europa e a ampliação das fronteiras da URSS. Entretanto, ele não revelou seus planos militares aos parceiros ocidentais. O líder soviético mostrou-se, ao mesmo tempo, muito insatisfeito com o projeto de transformar a Alemanha e uma série de outros Estados da Europa Central e do Leste Europeu em nações agrícolas. Stalin viu no plano uma tentativa do Ocidente de frear a expansão soviética e, em vez disso, defendeu uma balcanização do Leste Europeu e um enfraquecimento da França e da Itália.

Data 28.11.2016
Autoria Peter Philipp (ef)

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1945: Capitulação da Alemanha



Em 8 de maio de 1945, o Alto Comando da Wehrmacht assina em Berlim a capitulação incondicional do Terceiro Reich ante as forças aliadas. Era o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, cinco anos e meio após seu início.



Ao fim da guerra, Berlim e todas as grandes cidades alemãs haviam se transformado em ruínas

"Nós, abaixo-assinados, que negociamos em nome do Alto Comando alemão, declaramos a capitulação incondicional ante o Alto Comando do Exército Vermelho e ao mesmo tempo ante o Alto Comando das forças expedicionárias aliadas de todas as nossas Forças Armadas na terra, na água e no ar, assim como de todas as demais que no momento estão sob ordens alemãs. Assinado em 8 de maio de 1945 em Berlim. Em nome do Alto Comando alemão: Keitel, Friedeburg, Stumpf..."

O que o locutor da Rádio do Reich anunciava em poucas palavras na manhã de 9 de maio de 1945 era o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Todos os sobreviventes respiraram aliviados. Mas aquilo que a maioria – também dos alemães – sentiu como libertação, significava para outros vergonha e afronta.

As vitórias-relâmpago sobre a Polônia, a França e a Noruega haviam cegado os alemães e, acima de tudo, a própria liderança nazista. O ataque à União Soviética, em 22 de junho de 1941, resultava desse delírio provocado pelas fáceis conquistas militares.

"Do quartel-general do Führer, o Alto Comando informa: em defesa contra o ameaçador perigo do leste, a Wehrmacht (as Forças Armadas) atacou, às 3 horas da manhã de 22 de junho, a violenta marcha das tropas inimigas. Uma esquadrilha da Luftwaffe bombardeou o inimigo soviético ainda ao alvorecer."

Os esmagadores sucessos iniciais da Operação Barbarossa (ou Barba Ruiva), nome secreto do assalto alemão à União Soviética, também pareciam levar o Reich a mais um triunfo militar. Em 3 de outubro de 1942, ao inaugurar a obra assistencial de inverno, Hitler zombou das reações da imprensa estrangeira: 

"Se nós avançamos mil quilômetros, não se pode chamar isso exatamente de fracasso (...). Por exemplo, nos últimos meses – e é em apenas alguns meses que se pode sensatamente promover uma guerra neste país – nós avançamos até o Rio Don, o descemos e chegamos finalmente ao Volga. Cercamos Stalingrado e vamos tomá-la – no que os senhores podem confiar."

Era a primeira vez que Hitler mencionava publicamente o nome da cidade que viria, quatro meses mais tarde, mudar o destino da guerra. Se na ocasião muitos generais acreditavam no sucesso militar da ofensiva, no momento da capitulação do Sexto Exército em Stalingrado restavam poucos otimistas ainda cegamente convictos de um fim vitorioso para a Alemanha de Hitler.

A derrota das tropas alemãs na África do Norte, no mesmo ano, e o desembarque dos Aliados na Normandia, em junho de 1944, reverteram o destino militar do Exército alemão.

Um dia após a capitulação incondicional, a emissora de rádio do Reich da cidade de Flensburg, onde residia o grande almirante Dönitz, que após o suicídio de Hitler exerceu interinamente o posto de chanceler do Reich até 23 de maio, levou ao ar o último boletim da Wehrmacht, elogiando a heróica resistência dos últimos batalhões na foz do Rio Vístula:

"Vinte horas e três minutos. No ar, a emissora do Reich de Flensburg e sua rede de afiliadas. Hoje, transmitimos o último boletim da Wehrmacht sobre esta guerra. Do quartel-general do grande almirante, em 9 de maio de 1945, o Alto Comando informa que..."

O que todos os boletins oficiais das Forças Armadas sempre haviam omitido, passou gradualmente a ficar claro a partir de 8 de maio de 1945. Além dos monstruosos danos materiais e da destruição irreparável de obras de arte, a Grande Guerra consumira não menos que 55 milhões de vidas humanas.

Autoria Norbert Ahrens (mw)
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