quarta-feira, 4 de junho de 2014

Levantamos às quatro da manhã para ir a STONEHENGE junto com o nascer do sol e participar de uma cerimonia com um Druida. Choveu Não vimos o sol, mas Stonehenge estava lá com seu mistério de mais de 3000 anos aC. É uma estrutura composta de enormes pedras, algumas superpostas, que formam círculos concêntricos. Chegam a ter cinco metros de altura e um peso de quase 50 toneladas Se sabe que foram trazidas de mais de 30 km, embora sem explicação plausível, assim como as pedras das pirâmides, como Machu Pichu... etc... Por isso as perguntas sobre: quem as trouxe e como? Como foram superpostas ? O quê verdadeiramente significam? Ficam sem uma resposta única. Para uns é um local de cura, para outros um laboratório de astronomia, para outros um relógio de sol, (tem a ver com o Solstício e Equinócio); para outros um local de sacrifícios (há vestígios de cinzas humanas) enfim... ninguém ainda explicou o mistério. A unanimidade é que se trata de um local mistico e é o ponto turistico mais visitado de toda a Grã Bretanha. Hoje não teve sol; tomei chuva durante um cerimonial Druída e nem liguei (apesar do frio de 9 graus) pois meu espírito não se molhou. Não acredito muito nessas coisas, mas essa é uma dessas passagens para refletir mais tarde. Talvez pelo resto da vida, como algumas outras coisas que tenho visto e ouvido. Muita energia nesses locais. Muita energia.

Orlando de Lucca

A magia


Eu venho desse reino generoso,
onde os homens que nascem dos seus verdes
continuam cativos esquecidos
e contudo profundamente irmãos
das coisas poderosas, permanentes
como as águas, os ventos e a esperança.
Vem ver comigo o rio e as suas leis.
Vem aprender a ciência dos rebojos,
vem escutar os cânticos noturnos
no mágico silêncio do igapó
coberto por estrelas de esmeralda.

- Thiago de Mello, em "Mormaço na floresta", 1981.



Amemos burramente

"É um pouco aflitivo pensar nisso, e imaginar que, acima dos gestos e das palavras, o sentimento talvez valha alguma coisa; e que a ternura e o bem-querer devem ter um instinto certo e tocar naquelas zonas indefiníveis da alma em que nem os analistas conseguem explicar nada. Ora, pois; mesmo às cegas, burramente, amemos!"

- Rubem Braga, "Amemos burramente" - Um cartão de Paris.
http://www.elfikurten.com.br/2013/01/rubem-braga-o-cacador-de-ventos-e.html

ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA

a poesia está morta
mas juro que não fui eu
eu até que tentei fazer o melhor que podia para salvá-la
imitei diligentemente augusto dos anjos paulo torres car-
los drummond de andrade manuel bandeira murilo
mendes vladimir maiakóvski joão cabral de melo neto
paul éluard oswald de andrade guillaume apollinaire
sosígenes costa bertolt brecht augusto de campos
não adiantou nada
em desespero de causa cheguei a imitar um certo (ou
incerto) josé paulo paes poeta de ribeirãozinho estrada
de ferro araraquarense
porém ribeirãozinho mudou de nome a estrada de ferro
araraquarense foi extinta e josé paulo paes parece
nunca ter existido
nem eu

[josé paulo paes, 1926-199]


03 Poemas de Servidões

fosses tu um grande espaço e eu tacteasse
com todo o meu corpo sôfrego e cego
***
já não tenho tempo para ganhar o amor, a glória ou a Abissínia,
talvez me reste um tiro na cabeça,
e é tão cinematográfico e tão sem número o número dos efeitos especiais,
mas não quero complicar coisas tão simples da terra,
bom seria entrar no sono como num saco maior que o meu tamanho,
e que uns dedos inexplicáveis lhe dessem um nó rude,
e eu de dentro o não pudesse desfazer:
um saco sem qualquer explicação,
que ficasse para ali num sítio ele mesmo num sítio bem amarrado
- não um destino à Rimbaud,
apenas longe, sem barras de ouro, sem amputação de pernas,
esquecido de mim mesmo num saco atado cegamente,
num recanto pela idade fora,
e lá dentro os dias eram à noite bem no fundo,
um saco sem qualquer salvação nos armazéns obscuros
***

rosa esquerda, plantei eu num antigo poema virgem,
e logo ma roubaram,
logo me perderam o pequeno achado,
mas ninguém me rouba a alma,
roubam-me um erro apenas que acertava só comigo,
um umbigo, um nó,
um nome que só em mim era floral e único

Herberto Helder

Tem novo livro de poesia - Artes - DN
'Morte Sem Mestre' tem a chancela da Porto Editora e terá, como habitualmente, apenas uma edição.


DN.PT|POR CONTROLINVESTE
La marea llegaba, hacía su trabajo.
Y el pozo que tanto nos había costado,
inmediatamente se llenaba.
Las huellas se iban sin nosotros,
al igual que la palita, el balde de colores.
A cambio de estas cosas, la marea
nos dejaba piedras, caracoles,
alguna que otra medusa,
una raya muerta. La efervescencia
de la espuma sacudida por la brisa.
Y el sol precipitándose como una moneda
en la alcancía del crepúsculo.
No existía otro tipo de comercio.
Éramos ricos, poderosos.
Todo lo que ahora creemos poseer,
nos faltaba. Y todo aquello que
verdaderamente teníamos y que
parecía tan poco, se fue
perdiendo en las mudanzas.
Será cuestión de hacer otro
pozo en la arena; meternos adentro.

Y esperar.

Gustavo Caso Rosendi

SOBRE A ATITUDE CRÍTICA


A atitude crítica
É para muitos não muito frutífera
Isto porque com sua crítica
Nada conseguem do Estado.
Mas o que neste caso é atitude infrutífera
É apenas uma atitude fraca. Pela crítica armada
Estados podem ser esmagados.
A canalização de um rio
O enxerto de uma árvore
A educação de uma pessoa
A transformação de um Estado
Estes são exemplos de crítica frutífera.
E são também
Exemplos de arte.


BRECHT, Bertold.
In; Poemas 1913 – 1956 – Seleção e tradução de Paulo César de Souza. Editora 34, São Paulo, 2000. p.259.