terça-feira, 26 de março de 2013

comentários sobre o livro os sentidos do lulismo, de André Singer



"Pobres", esquerda e mudança social no brasil contemporâneo: Uma leitura crítica de os sentidos do lulismo, de André Singer
Autor: José Maurício Domingues

Adriano Codato :O texto do José Maurício, Alvaro Bianchi ? É um bom resumo do livro, com algumas caneladas. E, no fim, o conhecido torneio sociológico Rio-São Paulo: "Não se trata de negar as determinações econômicas das coletividades sociais, de modo absoluto. Mas é equivocado enxergar na idéia – tecnicamente, pode-se dizer, uma “representação” – dos “pobres” (ou do “povo”), polarizada contra os “ricos”, meramente um epifenômeno da construção das classes, e que contém uma distorção ideológica – pois o interesse desses setores os deveria levar para a esquerda, mas ao menos ante Lula e o PT os levou até 2006 para a direita – típica de uma “falsa consciência” incapaz de discernir seus próprios e verdadeiros interesses. Singer não explicita nem elabora o ponto, mas é isso que parece subjazer à sua análise, nesse sentido muito característica do marxismo de São Paulo, região de grande concentração operária. Aqui, pode-se pôr em questão, em contrapartida, tanto a idéia de construção dessas coletividades como a sua identificação necessária com um pólo ideológico específico."
Alvaro Bianchi "muito característica do marxismo de São Paulo, região de grande concentração operária"?? Pelo jeito o autor não visita São Paulo há tempos...
João Feres Jr. Adriano Codato, agora você sacaneou ao escolher essa passagem. Li o segundo período várias vezes e em meio aos apostos ainda não consegui desenterrar uma oração principal. Não acabei de ler o livro ainda, mas o que li até agora me impressionou bastante, positivamente. Parafraseando T Skocpol é algo tipo "Bringing social classes back into institutionalism" - se bem que acho que nunca esteve "in", né?

Abraçado ao meu rancor



Por onde andará Germano Matias? Magro, irrequieto, sarará, sua ginga da Praça da Sé, jogo de cintura da crioulada da Rua Direita? E o que foi que fez, maluco, azoado, de seu samba levado na lata de graxa?

[João Antônio | Abraçado ao meu rancor, 1984]



O cão sem plumas
II

[...]

Quanto maior o poder de meu dinheiro, mais forte sou. As qualidades do dinheiro são qualidades e poderes essenciais meus, do possuidor. Portanto o que sou e o que posso fazer não são de forma alguma determinados por minha individualidade. Sou feio, porém posso comprar a mulher mais bela. O que significa que não sou feio, uma vez que o efeito da feiúra, seu poder repulsivo, é destruído pelo dinheiro. Como um indivíduo, sou manco, porém o dinheiro me proporciona vinte e quatro pernas. Logo, não sou manco. Sou um indivíduo perverso, desonesto, inescrupuloso e estúpido, mas o dinheiro é respeitado, e assim também seu dono. O dinheiro é o bem supremo, e consequentemente seu dono também é bom.

[Karl Marx. In: EAGLETON, Terry. Marx e a liberdade. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 33-34]