O cão sem plumas
II
[...]
Quanto maior o poder de meu dinheiro, mais forte sou. As
qualidades do dinheiro são qualidades e poderes essenciais meus, do possuidor.
Portanto o que sou e o que posso fazer não são de forma alguma determinados por
minha individualidade. Sou feio, porém posso comprar a mulher mais bela. O que
significa que não sou feio, uma vez que o efeito da feiúra, seu poder
repulsivo, é destruído pelo dinheiro. Como um indivíduo, sou manco, porém o
dinheiro me proporciona vinte e quatro pernas. Logo, não sou manco. Sou um
indivíduo perverso, desonesto, inescrupuloso e estúpido, mas o dinheiro é
respeitado, e assim também seu dono. O dinheiro é o bem supremo, e
consequentemente seu dono também é bom.
[Karl Marx.
In: EAGLETON, Terry. Marx e a liberdade. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
p. 33-34]
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