segunda-feira, 29 de novembro de 2010

hymne actuel de la russie

Femme Fatale

Déshabillez-moi

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Oui, mais pas tout de suite, pas trop vite

Sachez me convoiter, me désirer, me captiver

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Mais ne soyez pas comme tous les hommes, trop pressés.

Et d’abord, le regard

Tout le temps du prélude

Ne doit pas être rude, ni hagard

Dévorez-moi des yeux

Mais avec retenue

Pour que je m’habitue, peu à peu…

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Oui, mais pas tout de suite, pas trop vite

Sachez m’hypnotiser, m’envelopper, me capturer

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Avec délicatesse, en souplesse, et doigté

Choisissez bien les mots

Dirigez bien vos gestes

Ni trop lents, ni trop lestes, sur ma peau

Voilà, ça y est, je suis

Frémissante et offerte

De votre main experte, allez-y…

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Maintenant tout de suite, allez vite

Sachez me posséder, me consommer, me consumer

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Conduisez-vous en homme

Soyez l’homme… Agissez!

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Et vous… déshabillez-vous !

Viagem ao fim da noite

Louis-Ferdinand Céline

Viajar é muito útil, faz trabalhar a

imaginação. O resto não passa de

decepções e fadigas. A nossa viagem é

inteiramente imaginária. Daí a sua

força.

Vai da vida até à morte. Homens,

animais, cidades e coisas, é tudo

imaginado. Um romance, apenas uma

história fictícia. Di-lo Littré, que nunca

se engana.

Aliás, à primeira vista todos podem

fazer o mesmo. Basta fechar os olhos.

É do outro lado da vida

Poemas

Le temps plus propice pour naître

n´était pas

n´est pas aujourd´hui

La Tour de la Mort s´élève

se voit déjà de partout

n´aura pas sa pareille

En un cercle, un cercle immensément large

des cycles s´achèvent

Des victimes sans tarder, seront là, présents.

Simultanéité toujours si remarquable

des sacrifiés et des armés.

*

O tempo mais propício para nascer

não era

não é hoje

A Torre da Morte se ergue

já se vê de todos os lugares

não haverá semelhante

Em um círculo, um círculo imensamente amplo

os ciclos acabam

As vítimas estarão lá, sem tardar, presentes.

Simultaneidade sempre tão notável

dos sacrificados e dos armados.

Henri Michaux. Publicação na ZUNÁI – Revista de poesia & debates. Trad. Daniela Osvald Ramos.

Fonte Blog Clepsidra

Parlez-moi d’Amour

Parlez-moi d’ amour

Redites-moi des choses tendres

Votre beau discours

Mon cœur n’ est pas las de l’ entendre

Pourvu que toujours

Vous répétiez ces mots suprêmes

Je vous aime

Vous savez bien

Que dans le fond je n’ en crois rien

Mais cependant je veux encore

Écouter ce mot que j’ adore

Votre voix aux sons caressants

Qui le murmure en frémissant

Me berce de sa belle histoire

Et malgré moi je veux y croire

Il est si doux

Mon cher trésor, d’ être un peu fou

La vie est parfois trop amère

Si l’ on ne croit pas aux chimères

Le chagrin est vite apaisé

Et se console d’ un baiser

Du cœur on guérit la blessure

Par un serment qui le rassure

Juliette Greco

No mercado de Isfaão…

No mercado de Isfaão…


GUNNAR EKELÖF

No mercado de Isfaão,

no estrado,

mil e um corpos

mil e uma almas

estavam à venda para escravos.

E mil e um mercadores

faziam diferentes ofertas por corpos e almas.

As almas eram como mulheres.

Os corpos eram como homens.

E sorte teve o Mercador

que, graças à sua perspicácia,

conseguiu arrematar

Uma alma

e um corpo

que condiziam e podiam acasalar.

tradução de Ana Hatherly

http://poesiailimitada.blogspot.com/

Cronópios

Julgou Saint-Simon ver neste quadro uma confissão herética. O unicórnio, o narval, a pérola obscena do medalhão que parece ser uma fera, e o olhar terrivelmente fixo de Madalena Strozzi num ponto em que se desenrolariam cenas lascivas ou de flagelação: Rafael Sanzio mentiu aqui a sua mais terrível verdade.

A intensa cor verde do rosto da personagem atribuiu-se durante muito tempo a gangrena ou ao solstício da Primavera. Animal fálico, o unicórnio tê-la-ia contaminado: no seu corpo dormem os pecados do mundo. Viu-se depois que bastava levantar as falsas camadas de tinta colocadas por três acérrimos inimigos de Rafael: Carlos Hog, Vincent Grosjean, dito o Mármore, e Ruben o Velho. A primeira camada era verde, verde a segunda, era branca a terceira. Não é difícil vislumbrar aqui o tríplice símbolo da mortal falena, que une ao corpo cadavérico umas asas que a confundem com as folhas de uma rosa. Quantas vezes Madalena Strozzi cortou uma rosa branca, sentiu-a gemer entre os dedos, retorcer-se e gemer debilmente como uma pequena borboleta ou um daqueles lagartos que cantam como as liras quando se lhes mostra um espelho. Já era tarde, a falena tê-la-ia picado: Rafael soube, sentiu que ela estava a morrer. Para poder pintá-la com veracidade, agregou o unicórnio, símbolo de castidade, simultaneamente cordeiro e narval, que bebe pela mão de uma virgem. Mas pintava a falena na sua imagem, e este unicórnio mata a senhora, penetra no seu seio majestoso com o corno ornado de impudicícia, repete a operação de todos os princípios. O que esta mulher sustém nas mãos é a misteriosa taça de que sem saber bebemos, a sede que acalmamos noutras bocas, o vinho vermelho e lácteo donde saem as estrelas, os vermes e as estações ferroviárias.



Julio Cortázar in Histórias de Cronópios e de Famas. Trad. Alfacinha da Silva. Editorial Estampa, Lisboa, 1999, 2ª ed., p.18

Déshabillez-moi

Déshabillez-moi




Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Oui, mais pas tout de suite, pas trop vite

Sachez me convoiter, me désirer, me captiver

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Mais ne soyez pas comme tous les hommes, trop pressés.

Et d’abord, le regard

Tout le temps du prélude

Ne doit pas être rude, ni hagard

Dévorez-moi des yeux

Mais avec retenue

Pour que je m’habitue, peu à peu…

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Oui, mais pas tout de suite, pas trop vite

Sachez m’hypnotiser, m’envelopper, me capturer

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Avec délicatesse, en souplesse, et doigté

Choisissez bien les mots

Dirigez bien vos gestes

Ni trop lents, ni trop lestes, sur ma peau

Voilà, ça y est, je suis

Frémissante et offerte

De votre main experte, allez-y…

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Maintenant tout de suite, allez vite

Sachez me posséder, me consommer, me consumer

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Conduisez-vous en homme

Soyez l’homme… Agissez!

Déshabillez-moi, déshabillez-moi

Et vous… déshabillez-vous

Juliette Gréco