sábado, 12 de outubro de 2013
Clarissa
"Fora, o luar cresce, tênue, inundando a paisagem.
Clarissa infla as narinas. Parece-lhe que o luar tem um
perfume todo especial. Se ela pudesse pegar o luar, fechá-lo na palma da mão,
guardá-lo numa caixinha ou no fundo de uma gaveta para soltá-lo nas noites
escuras…"
- Erico Verissimo,
Octubre 12 - Día del Descubrimiento
En 1492, los nativos descubrieron que eran indios,descubrieron que vivían en América,descubrieron que estaban desnudos,descubrieron que existía el pecado,descubrieron que debían obediencia a un rey y a una reina de
otro mundo y a un dios de otro cielo,y que ese dios había inventado la culpa y el vestido
y había mandado que fuera quemado vivo quien adorara al sol
y a la luna y a la tierra y a la lluvia que la moja.
[Don Eduardo Galeano, 'Los hijos de los días
"Quando encontrares um homem
Que transforme cada partícula tua em poesia,
Que faça de cada um dos teus cabelos, um poema,
Quando encontrares um homem
Capaz, como eu, de te lavar e adornar, com poesia,
Hei de implorar-te, que o sigas sem hesitação.
Pois o que importa, não é que sejas minha ou dele,
mas sim da poesia...".
~ Nizar Qabbani (poeta sírio)
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Tu nel mio cuore
Oggi nel cuore non esiste
dolore quella ferita
che aveva perforato a lungo
si è rimarginata.
Un lungo silenzio ha fatto
si
che un vuoto facesse dimenticare
i lunghi lamenti,
ero in guerra con me stesso.
Mentre i ricordi mi trascinavo
appesi
a una lunga catena e,
il dolore privava i sentimenti
mentre il soccorso tardava,
il cervello vagava.
Potevo fare qualsiasi cosa,
anche se mi rivolgevo
alle stelle e chiedevo
un attimo di pace,
chi mai poteva ascoltarmi.
Quando nacque la speranza
i ricordi del passato svanirono,
i momenti d’affetto che
t r a s c o r r e v o
tra le braccia di una donna
anche se amorosa mi facevano
e s s e r e in pace
ma non ero me stesso.
Oggi nella mia anima
una ferita sta rimarginando,
nella mente anche se porto
ancora i ricordi mi sento
diverso.
@ Giuseppe Buro
Dialogo com Guimarães Rosa
"... nós, os homens do sertão, somos fabulistas por
natureza. Está no nosso sangue narrar estórias; já no berço recebemos esse dom
para toda a vida. Desde pequenos, estamos constantemente escutando as
narrativas multicoloridas dos velhos, os contos e lendas, e também nos criamos
em um mundo que às vezes pode se assemelhar a uma lenda cruel. Deste modo a
gente se habitua, e narra estórias que corre por nossas veias e penetra em
nosso corpo, em nossa alma, porque o sertão é a alma de seus homens (...) Eu
trazia sempre os ouvidos atentos, escutava todo o que podia e comecei a
transformar em lenda o ambiente que me rodeava, porque este, em sua essência,
era e continua sendo uma lenda."
- João Guimarães Rosa, em entrevista a Günter Lorenz -
"Dialogo com Guimarães Rosa".
Elegia de Taormina
A dupla profundidade do azul
Sonda o limite dos jardins
E descendo até à terra o transpõe.
Ao horizonte da mão ter o Etna
Considerado das ruínas do templo grego,
Descansa.
Ninguém recebe conscientemente
O carisma do azul.
Ninguém esgota o azul e seus enigmas.
Armados pela história, pelo século,
Aguardando o desenlace do azul, o desfecho da bomba,
Nunca mais distinguiremos
Beleza e morte limítrofes.
Nem mesmo debruçados sobre o mar de Taormina.
Ó intolerável beleza,
Ó pérfido diamante,
Ninguém, depois da iniciação, dura
No teu centro de luzes contrárias.
Sob o signo trágico vivemos,
Mesmo quando na alegria
O pão e o vinho se levantam.
Ó intolerável beleza
Que sem a morte se oculta.
- Murilo Mendes, em "Poesias, 1925/1955". Rio de
Janeiro: José Olympio, 1959.
/
Monólogo de uma sombra
"Ah! Dentro de toda a alma existe a prova
De que a dor como um dartro se renova,
Quando o prazer barbaramente a ataca...
Assim também, observa a ciência crua,
Dentro da elipse ignívoma da lua
A realidade de uma esfera opaca.
Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa,
Abranda as rochas rígidas, torna água
Todo o fogo telúrico profundo
E reduz, sem que, entanto, a desintegre,
À condição de uma planície alegre,
A aspereza orográfica do mundo!"
- Augusto dos Anjos, do poema "Monólogo de uma
sombra".
Educação e Mudança
"Quando o homem compreende a sua realidade, pode
levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim,
pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu Eu e as
suas circunstâncias."
O nome da Rosa
"Pode-se pecar por excesso de loquacidade e por excesso
de reticência. Eu não queria dizer que é necessário esconder as fontes da
ciência. Isso me parece antes um grande mal. Queria dizer que, em se tratando
de arcanos dos quais pode nascer tanto o bem como o mal, o sábio tem o direito
e o dever de usar uma linguagem obscura, compreensível somente a seus pares. O
caminho da ciência é difícil e é difícil distinguir nele o bem do mal. E
freqüentemente os sábios dos novos tempos são apenas anões em cima dos ombros
de anões. O limite entre o veneno e o remédio é bastante tênue, os gregos
chamavam a ambos de Pharmacon."
- Umberto Eco, in "O nome da Rosa"
Americanos
Cuenta la historia oficial que Vasco Núñez de Balboa fue el
primer hombre que vio, desde una cumbre de Panamá, los dos océanos. Los que
allí vivían, ¿eran ciegos?
¿Quiénes pusieron sus primeros nombres al maíz y a la papa y
al tomate y al chocolate y a las montañas y a los ríos de América? ¿Hernán
Cortés, Francisco Pizarro? Los que allí vivían, ¿eran mudos? Lo escucharon los
peregrinos del Mayflower: Dios decía que América era la Tierra Prometida. Los
que allí vivían, ¿eran sordos? Después, los nietos de aquellos peregrinos del
norte se apoderaron del nombre y de todo lo demás. Ahora, americanos son ellos.
Los que vivimos en las otras Américas, ¿qué somos?
Eduardo Galeano - Espejos. Una Historia casi universal.
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