quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Vomitado
Vomitado de um profundo coma, um
homem acorda. Anos se passaram, constata. E ao olhar o falso calendário, a
medida em que o sentimento de desorientação pesava com maior intensidade, ele
resolveu abandonar sua gaiola sofregamente. Aprontou a máscara e a fantasia,
para poder se proteger do frio dolorosamente real que rondava lá fora. Um
coração apressado regia seus passos intermitentes, ecoando na imensidão daquele
cômodo. Porque escapar já não era mais uma indagação, e sim um imperativo.
Feito isto, ele rodou a chave e abriu a pesada porta enferrujada.
A neblina
cerrava o horizonte, dissuadindo a todos para que permanecessem em suas tocas.
Fora assim por muito tempo. Não se recordava ao certo quando essa imposição
começara; ela transcendia sua vida. Visualizando em cacos o que deveria ser um
lago congelado, ele não hesitou em abandonar o asfalto e pisar na terra, abaixo
do gelo. Onde estão as estrelas. Logo lá. Os homens daqui já não as enxergam, e
aqueles que dispõem do tesouro de observá-las já não dão a mínima. Os olhos não
vêem, e o coração não sente. Vagando por um tempo indeterminado, os pés
conspiravam em doer. Há
quanto tempo não andava no mundo real? Andara antes. Não, retire isso. Você não
andava – se deixava levar. Um galho na relva prenunciava o bosque à frente,
convidativo, porém inexplorado.
Escondido
nos grotões da mata interior, ele compreendeu que toda sua vida tinha sido um
erro. Desprovida de qualquer um propósito. Não havia fé, nem amor capazes de
salvá-la. O mundo muito menos. Uma quietude extrema o apossou, como se todos
seus átomos clamassem por aquela constatação. E de maneira inusitada, o
reconhecimento de não se ter um propósito virou um propósito. Uma lúcida
filosofia, dessas que se agarram a uma vida como um filho à mãe, recompensando
serenidade.
Depois de
demasiado sofrimento, ele enfim se tornara homem. Um homem banal, aquele ao
qual ele tanto relutara ser? E a paz ele alcançara, algo inexistente até então.
Mas quem sabe sofrer fosse a fatalidade do pensar? Quem sabe viver como animal
é a maior dádiva de Deus. Somente a Ele cabe a permanência, ao homem resta
apenas conformar. Dar forma ao presente, como homem e apenas homem. Cabia a ele
escolher entre o sofrimento da não-verdade ou a resignação da verdade. Eis a
questão. E sim, era essa consciência que caracterizava o homem.
Viver é
experimentar o que não se gosta, satisfazer com o insensato. É dirigir sem
pensar. Movimento, velocidade constante, incessante. Chama que se apaga.
Efeméride efêmera. Angústia sem fim, ingratidão para quem vive.
E-X-P-L-O-D-I-R
- ele tinha convicção de que despedaçaria em incontáveis recortes do cotidiano,
fadados à repetição aleatória.
Desculpem,
mas a verdade foi feita para ser dita. E a verdade os salvará.
Gustavo Delaqua
O velho homem e o jovem cão
O cão puxa para a frente e o homem para trás
É uma luta tenaz
O cão re-intenta
O homem agüenta
O cão repuxa
O homem quer matar o cão
Mas não pode
Há sempre uma testemunha de cão na proximidade
O cão ladra uma ordem
O homem não ouve
O cão re-ladra
O homem pragueja por entre os bigodes cozidos
O cão enrabicha os pés do ancião
E com ar de quem não quer a coisa
Olhando para um lado que não é lado algum
Mija-lhe nos sapatos abertos e sem meia
O homem re-pragueja e o cão re-ladra
O homem quer re-matar o cão
Mas há sempre uma testemunha de cão que espreita
O homem continua com o cão na ponta da corda
Sem ter tempo de tirar uma fumaça dum três-vintes moderno
O cão puxa pelo homem e o homem puxa pelo cão
Entre os dois só uma distância, uma corda que era pequena
quando saíram de casa
Uma corda que se esticou, esticou; e tanto esticou e re-esticou
Que o homem não viu mais cão no fim da corda
O cão tinha virado á esquerda e o homem à direita
Um carro tinha cortado a agulha magnética
Ouvia-se ao longe um cão chorar com saudades do dono
Via-se de perto o velhote finalmente tirar uma fumaceira do
cigarro diário; e rir-se dos estragos do seu estranho cão
Entretanto uma moto com alguém em cima matou o cão
Os bombeiros levaram o ex-cão para o cemitério dos cães.
Alguém seguiu a corda que estava no pescoço do cão; e
encontraram o velho que se extasiava com a mínima nuvem de nicotina
Um policia levou o ancião para o asilo dos velhotes
Ele seguiu a autoridade mas pediu que deixa-se levar a corda
na mão
O policia perguntou o porquê!
O velho retorquiu um, porque não!
Mesmo assim foi para o asilo-prisão
No dia seguinte foi encontrado pendurado na corda
E na ponta estava o cão silenciosamente olhando para o dono
Era um jovem cão que amou um velho dono
Que partiu para a eternidade com ele
Como se fosse um porta-chaves.
Antanho Esteve Calado
CARTA DE UM FETO DROGADO
ABORTA-ME
JA IMPLORA O FETO
QUE FUMA,
QUE JA BEBE,
QUE JA E DROGADO!
DA MÃE?
NÃO OUVI SUA VOZ
APENAS DELIRIOS
APENAS,
LOUCAS SENSAÇÕES
JA SABE OQUE É SOLIDÃO
JA LUTA,
CONTRA UMA CRONICA DEPRESSÃO
TENTA O SUIÇIDIO
JA QUE O ABORTO
NÃO LHE FOI ATENDIDO
TENTA SE AFOGAR NA BOLSA, É NADA!
TENTA ENTÃO,
SE INFORCAR,
NO PROPRIO CORDÃO UMBILICAL, SEM SUCESSO.
AGONIZANTE NOVE MESES!
E NASCE A CRIANÇA
QUE A MÃE NÃO CONHECE
JA SEM ESPERANÇA
TENTA ENTÃO! SOBREVIVER...
E JA CRESCE
JA NÃO QUER FUMAR
JA NÃO QUER BEBER
MUITO MENOS SE DROGAR
QUER APENAS VIVER
SEM A SOLIDÃO, DOS NOVE MESES.
SEM A DEPRESSÃO, QUE O ATORMENTAVA.
AGORA ELE QUER PAZ!
NO BERÇO,
ERGUE OS BRAÇINHOS PRA DEUS
E FAZ SUA PRIMEIRA ORAÇÃO
PAI,
OLHAI-ME
MANDAI TEUS QUERUBINS, SERAFINS
ANJOS E ARCANJOS
E QUE ELES POSSAM,
CUIDAR DE MIM.
OBRIGADO PAI, AMÉM. AH!
A NOSSA SENHORA
MÃE DAS MÃES
PROTEGEI-A,
ESSA QUE E MINHA MÃE
E QUE ELA TAMBÉM POSSA VE-LA.
NA LUZ,
QUE EU ENCONTREI, AMÉM.
Carlos Alberto da Silva
através da vidraça
chove... a vida
embaça a
vidraça: nem mesmo a
sensação de que
tudo passa
calha... ai, agora
é uma lágrima!
Adriano Nunes
Desalento
Caminha pela rua,
Calçada, de pedras frias
Como frios
São os seus sentimentos.
Vai em busca do impossível,
Encontra o vazio da esperança.
Nada!
Desalento
Numa vida triste
Sem sentido.
Até o sol
Lhe nega o brilho
Da sua luz,
Neste dia pálido,
Mas continua,
Inexorável.
É envolvido por flores
Da alegria.
Sorri,
Sorriso tímido,
Descrente.
As folhas das árvores
Roçam-lhe o rosto,
Querendo estimulá-lo
Para a vida
Caminha...
Cansado, pára
Pensa,
Reflecte
E volta a ter fé
Para continuar a lutar,
Pela felicidade.
José Carlos Moutinho In “Cais da Alma”
Se os Tubarões Fossem Homens
Bertold Brecht
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os
peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir
resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de
alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as
caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências
sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana,
imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não morressem antes do tempo.
Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa
aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas,
nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guelra dos tubarões.
Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes
tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a
formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso
e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam
acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro
dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido
se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se
antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E
denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas
inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra
entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos .As guerras seriam
conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que,
entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles
anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais
diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada
peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua
silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o
título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles
naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos
tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelras seriam representadas
como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente.
Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam
entusiasmados para as guelras dos tubarões. A música seria tão bela, tão bela,
que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa
para as guelras dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis
pensamentos. Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião.
E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais,
se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre
os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os
que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só
seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais
constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que
deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes
chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e
assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os
tubarões fossem homens.
Na superfície dialética
Na superfície dialética
inacabadas somem na noite
ou pela porta
cada palavra com sintomas metafóricas
uma metralhadora
surge
abro o coração alvo
e pronto sou o alvo.
Na superfície sou uma arvore de idéias
levanto as mãos e digo tudo bem
sou eu melhor amigo
porém louco
todos em mim concordam
e dizem amém
ou assim seja,
pois que seja,
queres a sombra assim mesmo?
Na superfície ás vezes fico cego
e minha alma nada no rio que
a chuva por si fez ,
guerra em mim
na trégua sou meu melhor amigo
na guerra me desconheço
sou um animal no zoológico.
Na profundeza o leilão
é de um só lance,
segue no mergulho?
Ou
desculpas convincentes
encaixam melhor,
decisões sem fé
é estar sozinho.
Massa vigia a massa
até o pão estiver pronto para o forno.
Para que formulas novas
na dialética vence
a superfície intelectual.
Amoras roxas viram brancas
se cego for o sabor será
semelhante silvestre.
Entro no mar e vou para as profundezas
experimentar fatias de mentiras e verdades
até enjoar e descobrir que não sou eu
a realidade
leis do tempo e de fragrância
um incenso
abraçando
o contrario desperto
imerso.
Momento de dizer adeus ao pensamento
na profundeza sem esforço
abandono
num segundo
as horas
sem destino
distintas emoções
avesso dos excessos.
Volto à superfície sem fôlego.
E dizer o que?
ninguém foi comigo
não tenho provas
mas provei
por isso o sorriso.
Nelson Aharon
Coronelagem
aqui na zona leste
coronelado ficou velho
e nem por isso ficou ultrapassado
escreveu não leu, pau comeu por aqui é praticado
e como tudo que passa...volta maquiado
a rua esta cheia de bandidos
é véspera de eleição
ameaça vislumbrante
vote em mim , que eu vou ser bom
bom para quem?
Bom para poucos
só quem faz parte deste clã
engorda os bolsos
os coronel se uniu com a bandidagem
por aqui só tem coronelagem
visitem meu blog
http://www.facebook.com/l/YAQBEumv8AQARFIMoYfnvUi4f3ujF5z9BxLjTm9ciCVvMcA/umpoetavagabundo.blogspot.com
Soneto
De Eugénio de Castro
Tua frieza aumenta o meu desejo:
Fecho os meus olhos para te esquecer,
Mas quanto mais procuro não te ver,
Quanto mais fecho os olhos mais te vejo.
Humildemente, atrás de ti rastejo,
Humildemente , sem twe convencer,
Enquanto sinto para mim crescer
Dos teus desdéns o frígido cortejo.
Sei que jamais hei de possuir-te, sei
Que outro, ditoso como um rei,
Enlaçará teu corpo em flor.
Meu coração no entanto não de cansa:
Amam metade os que amamcom esp´rança,
Amar sem esp´rança é o verdadeiro amor.
síndrome de Ford
Tentei aprender tudo que me ensinaram
mas do pouco que foi dito
foi difícil demais de engolir
quero ir bem além dos horizontes fechados
das mentiras e propagandas enlatadas
dos modismos massificados
fast food, Ford e Hollywood
não tem nada a ver
seus brinquedos não me iludem
sua venda não me cega não!!!
Nenhum punhado de moedas
irá comprar minha mente
nem as promessas vazias
dos santos fabricados
conseguirão comprar minha alma
ninguém me envenena não!!!
corromperam o i ching
do preto e do branco
formaram matizes de um mundo
mudo e acinzentado
mas eu sei bem de que lado estou
vivo em um mundo paranóico
cercado de exércitos, bombas e fome
misérias, fortunas e favelas
lado a lado a razão e a loucura
como o óleo e a água
agitadas na mesma garrafa
paredes invisíveis separam as massas
em tribos e castas, cores e raças
dentro deste mundo cheio de mundos
eu sou o neurótico, passional e inconstante
Lunático, utópico , insano e sonhador
pode ser que eu seja
mas minha alma não esta a venda
enxergo através da venda
e da cortina de fumaça
das linhas de produção de mentalidade.
Elcyr Carreira da Costa
visitem meu blog
http://www.umpoetavagabundo.blogspot.com
contos, crônicas, poesias e artes plásticas
prestigie essa literatura, leia um artista que
faz arte por amor a arte e ao poder da arte
beijo do vagabundo
BELLA CONTRARIADA
Noche de dolor
Noches de lágrimas
Amarguras templadas
Falsas sonrisas tendidas
Llantos llenando cantaros
Requiebres desdibujando
Rostros desencajados
La bella anegada en lo insólito
Calles distracciones fingidas
Oscuridad trágame ¡ya ya ya!
Zapatos por la borda huyéndose
Un cuerpo y las sabanas húmedas
¡No de amor sólo de llantos!
Inverosímil tan joven y guapa
Graciosa pero huérfana de amor
Solitaria en el concierto de tangos
Yendo su cuerpo por el boulevard
Su mente en el espacio nebuloso
Dejando ir su figura al vaivén de la noche
Frunciendo su piel en su cara opacada
Ni en la tristeza ella pierde el brillo
Ese el de su rostro que sobrevive
Pero la duda carcome su firmeza
¡No encuentra explicación a la desdicha!
Yo desde este sitio le persigo asombrado
¿Por qué un ser tan bello solitario?
¡No atisbo más sólo absorto quedo!
Y ella transitoria - me digo sigue-
¡Quizás no por mucho tiempo!
Es un sueño
tan sólo un sueño
Ella virara hacia su horizonte
¡Un chispazo de pronto y ahí el amor!
Le atrapara sin el menor chance…
Guevarachamorrojoseabraham@
A MOÇA DO CEMITÉRIO
Em Porto Alegre, num ponto de taxi que fica na rua Otto
Niemayer, esquina Cavalhada, às vezes aparece uma moça loira, lindíssima,
usando sempre um vestido vermelho, muito bonito e chamativo. E sempre à noite.
Ela toma um taxi e manda tocar para um lugar qualquer que passe pelo cemitério
da Vila Nova mas, ao passar por este, ela simplesmente desaparece! Vários
motoristas porto-alegrenses, muitos dos quais vivos até hoje, transportaram a
moça-fantasma e repetem a mesma história.
Jones De Oliveira Borges Fonte:
Lendas gaúchas
O Lago Morto
Emily Brontë
(Tradução de Lúcio Cardoso)
O lago morto, o céu cinzento ao luar;
Pálida, lutando, coberta pelas nuvens,
A lua;
O murmúrio obstinado que cochicha e passa
(Dir-se-ia que tem medo de falar em alta voz).
Tão tristes agora,
Recaem sobre meu coração,
Onde a alegria morre como um rio deserto.
Minhas pobres alegrias...
Não as toqueis,
Floridas e sorridentes.
Lentamente, a raiz acaba de morrer.
Pastoral
Quando, por demasia,
a saudade de Jonathan me perturba
eu vou pra roça.
Nas ruas de café,
entre canas de milho e folhas de bugre lustrosas,
sua presença anímica me acalma.
O cheiro dele é resinas, sua doçura,
escondida em cupins, cascas de pau,
mel que nunca provei.
Meu coração implora à ordem amorosa do mundo:
vem, Jonathan. E aparece um besouro
com o mesmo jeito dele caminhar.
Descubro que passarinhos
só fazem o que lhes dá gosto
e me incitam do bambual:
Você também, pequena mulher,
deve cumprir seu destino.
Há um sacramento chamado
da Presença Santíssima, um coração
dizendo o mesmo que o meu:
vem, vem, vem.
Conheci a cólera de Deus,
agora, seu vigilante ciúme.
Até a raiz das touceiras,
até onde vejo e não vejo,
rastro imperceptível de formigas,
Ele, Jonathan, e eu,
faca, doçura e gozo,
dor que não deserta de mim.
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