segunda-feira, 27 de maio de 2013

Notas de Petersburgo de 1836

de Nikolai Gogol

“Petersburgo é um rapazinho cheio de expediente, nunca fica em casa, sempre se veste com capricho e, todo enfeitado diante da Europa, faz uma reverência para as pessoas de além-mar. (...) Moscou é um grande bazar; Petersburgo é uma loja iluminada. Moscou é necessária para a Rússia; para Petersburgo, a Rússia é necessária.”

“Em suma, Petersburgo, todo o mês de abril, parece preparar-se para alçar vôo. Desprezar com alegria a vida sedentária e sonhar o tempo todo com estradas distantes, sob outros céus, nos bosques verdejantes do sul, em terras de ar novo e fresco. Com alegria para aquele a quem, no fim de uma rua de Petersburgo, se delineiam as montanhas do Cáucaso cobertas de nuvens, ou os lagos da Suíça, ou a Itália coroada de anêmonas e loureiros, ou a linda Grécia e suas vastidões desertas... Mas basta, meu pensamento: em ambos os lados à minha volta, ainda se erguem as casas de Petersburgo...”

O Chicago! O Widerspruch!

 Volker Braun


Oh Chicago! Oh discrepância! / Brecht, teu charuto acabou se apagando? / Durante os terremotos que provocamos / Nos Estados construídos sobre a areia. / O socialismo vai-se, lá vem Johnny Walker. / Não consigo fixá-lo nos pensamentos / Que aliás estão caindo. As ruas quentes / De outubro são as trilhas frias / Da economia, Horácio. Enfio o chiclete / na bochecha / Eis que é chegado o nada significante.

Koktebel

Para meus versos, escritos num repente
Quando eu nem sabia que era poeta,
Jorrando como pingos de nascente,
Como cintilas de um foguete,

Irrompendo como pequenos diabos,
No santuário, onde há sono e incenso,
Para meus versos de mocidade e morte,
— Versos que ler ninguém pensa! –

Jogados em sebos poeirentos
Onde ninguém os pega ou pegará)
Para meus versos, como os vinhos raros,
Chegará seu tempo.

Maio de 1913 - Koktebel
Marina Tsvetaeva

*em russo*

Моим стихам, написанным так рано,
Что и не знала я, что я — поэт,
Сорвавшимся, как брызги из фонтана,
Как искры из ракет,

Ворвавшимся, как маленькие черти,
В святилище, где сон и фимиам,
Моим стихам о юности и смерти,
— Нечитанным стихам!

Разбросанным в пыли по магазинам,
Где их никто не брал и не берёт,
Моим стихам, как драгоценным винам,
Настанет свой черёд.

Коктебель, 13 мая 1913
Цветаева
.



Paraíso perdido


Aryia

De extremo a extremo
O céu está pegando fogo
E nele desaparecem
Todas as esperanças e sonhos.

Mas você está dormindo
E um anjo voa na sua direção
Limpa suas lágrimas,
E no sono você ri!

Adormeça,
Nos meus braços adormeça,
Adormeça
Sob a melodia da chuva...
Lá longe
Lá onde termina a borda do céu
Você encontrará
O paraíso perdido.

No sono um demônio astuto
Pode atravessar paredes
E o fôlego dos adormecidos
Ele sabe raptar.

Não é preciso ter medo,
Minha alma estará por perto,
Para os teus sonhos
Velar até o amanhecer.

Estendo minhas mãos -
Para você encher com sua dor,
Encha-as com a tristeza
Com o medo das trevas que ecoam,

E você nem perceberá
Que o céu está pegando fogo
E a vida desmantelando
Todas as esperanças e sonhos.

Adormeça,
Nos meus braços adormeça,
Adormeça
Sob a melodia da chuva...
Lá longe
Lá onde termina a borda do céu
Você encontrará
O paraíso perdido.

*em russo*

~Потерянный рай~
Группа Ария

От края до края
Hебо в огне сгорает,
И в нем исчезают
Все надежды и мечты.

Hо ты засыпаешь,
И ангел к тебе слетает,
Смахнет твои слезы,
И во сне смеешься ты!

Засыпай,
Hа руках у меня засыпай,
Засыпай
Под пенье дождя...
Далеко,
Там, где неба кончается край,
Ты найдешь
Потерянный рай.

Во сне хитрый демон
Может пройти сквозь стены,
Дыханье у спящих
Он умеет похищать.

Бояться не надо,
Душа моя будет рядом,
Твои сновиденья
До рассвета охранять.

Подставлю ладони -
Их болью своей наполни,
Hаполни печалью,
Страхом гулкой темноты,

И ты не узнаешь,
Как небо в огне сгорает,
И жизнь разбивает
Все надежды и мечты.

Засыпай,
Hа руках у меня засыпай,
Засыпай
Под пенье дождя...
Далеко,
Там, где неба кончается край,
Ты найдешь
Потерянный рай.