segunda-feira, 26 de março de 2018

1871: A Comuna de Paris



Em 26 de março de 1871 eclodiu a insurreição conhecida como Comuna de Paris, com a instituição de uma ditadura proletária, esmagada por tropas francesas conservadoras e estrangeiras em maio do mesmo ano.






Ruínas do Hotel de Ville, sede da Comuna

O tiro de partida para a insurreição havia sido dado um mês antes, quando manifestantes de esquerda haviam capturado 200 canhões da Guarda Nacional. Há exatamente oito dias, o governo conservador tentava em vão retomar as armas e, depois do fiasco e de forma totalmente inesperada, se retirou para Versalhes em 18 de março.

Foram várias as razões para a insurreição de Paris. A França havia perdido uma guerra para a Alemanha. Os termos da paz proposta pelos prussianos foram rejeitados pelo socialista Louis Blanc e o anarquista Joseph Proudhon. Quando o resto do país já havia capitulado, Paris manteve a resistência.

Revolta espontânea

As tropas prussianas mantiveram a cidade sitiada durante meses. As privações consequentes do cerco custaram a vida de milhares de pessoas. Mesmo depois da capitulação, em janeiro de 1871, o drama social dos parisienses era grande, pois o gabinete conservador nacional governava à revelia das necessidades da população de Paris. Tudo isso gerou uma revolta espontânea contra o governo em março de 1871.

Após a retirada do governo de Paris para Versalhes, os revolucionários vitoriosos deliberaram sobre novas medidas. Alguns queriam marchar imediatamente para Versalhes e prender o governo antigo. Mas a maior parte dos insurgentes não tinha ambições de longo alcance. Eles queriam simplesmente autonomia política local. Quer dizer, desejavam um governo de maioria de esquerda conquistado em eleição e com isso se tornarem independentes do governo nacional conservador. Por isso, o Comitê Central convocou uma eleição municipal para 26 de março de 1871.

Atender necessidades do proletariado

O resultado da eleição foi o desejado pela esquerda. Em 28 de março entrou para a comuna uma mistura de jacobinos, anarquistas e socialistas, que se denominou "A Comuna". Em seus dois meses de governo, ela aprovou uma série de leis. As principais visavam atender as necessidades mais prementes do proletariado parisiense.

Entre as mais profundas destacaram-se a separação entre o Estado e a Igreja, o fim dos privilégios dos nobres, a autonomia do governo de Paris e a famigerada "lei do refém", que ameaçava com a pena de morte aquele que cooperasse com o governo antigo.

A experiência da Comuna de Paris chegou ao fim com uma semana sangrenta, após dois meses caóticos que se seguiram ao começo entusiástico. As tropas do governo que se encontrava em Versalhes conquistaram a cidade de volta depois de batalhas sangrentas. A Comuna de Paris matou cerca de 500 presos, principalmente policiais e clérigos, inclusive o arcebispo da cidade.

Começou uma cruzada sangrenta de vingança depois da tomada de Paris pelas tropas governamentais. Eram executados todos os que faziam parte da Comuna de Paris ou pareciam ser simpatizantes. Historiadores calculam que as tropas governamentais mataram de 20 mil a 25 mil pessoas depois de conquistar a capital.

Autoria Rachel Gessat (ef)

Palavras-chave calendário histórico, Comuna de Paris, 26/03/1871, insurreição de Paris, guerra franco-prussiana, Versalhes

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1871: Termina a "semana sangrenta" de Paris



A semana de 21 a 28 de maio, que marcou o fim da Comuna de Paris, foi um dos episódios mais sangrentos da história da França.



O dia 28 de maio de 1871 foi um domingo, o Domingo de Pentecostes. Enquanto em outros lugares era festejada a descida do Espírito Santo, os fatos em Paris mais lembravam o inferno do que o céu. As lutas desesperadas entre os rebeldes da Comuna de Paris e as tropas do Exército já duravam uma semana.

Uma testemunha ocular narrou: "Eugène Varlin, que tinha lutado até o último instante, chegou a alcançar a Rue Lafayette, quando foi reconhecido por um oficial de Versalhes. Com as mãos amarradas nas costas, ele foi levado a Montmartre; durante todo o caminho para lá, ele foi golpeado com coronhas de fuzil e quase linchado por uma entusiástica multidão de parisienses. Quando chegou à tenebrosa Rue des Rosiers, o seu rosto estava massacrado e um olho pendia da cavidade ocular. Ele não conseguia mais ficar de pé, por isso foi arrastado para o jardim e fuzilado, sentado numa cadeira".

Dois meses caóticos

Com essa "semana sangrenta" terminou o experimento da chamada "Comuna de Paris", que durara dois caóticos meses. A Comuna surgira de maneira espontânea, alimentada por conflitos políticos e sociais. A guerra perdida contra a Alemanha, os meses de privação em decorrência do cerco pelos prussianos e um governo rural e conservador, que não demonstrava qualquer sensibilidade para a miséria da população urbana de Paris – tudo isto levou, em março de 1871, a uma rebelião contra o governo, que se retirou para Versalhes.

No dia 28 de março de 1871, uma horda heterogênea de jacobinos, anarquistas, socialistas e patriotas, que recusavam o acordo de paz com a Alemanha, invadiu a prefeitura parisiense. Eles se autodenominavam La Commune, a Comuna.

Nos dois meses do seu governo, a Comuna aprovou uma série de leis, cujo principal objetivo era atenuar a miséria do proletariado parisiense; mas também outras leis de caráter básico, como por exemplo, a separação da Igreja e do Estado, a abolição dos privilégios da nobreza, a autonomia do governo municipal, além de uma lei que ameaçava punição de morte a todo aquele que cooperasse com o antigo governo de Versalhes. Inúmeros militares e clérigos, entre eles o arcebispo de Paris, foram tomados como reféns.

Ação militar do governo

Enquanto isso, o governo de Versalhes preparava-se para retomar a cidade e o poder com uma ação militar. As simpatias da população estavam divididas entre os velhos conservadores e o novo governo de esquerda. Na noite de 21 de maio, as primeiras tropas governamentais invadiram a cidade, começando o que posteriormente seria chamado de "semana sangrenta" (semaine sanglante).

Inicialmente, as tropas governamentais não encontraram grande resistência. Mas as lutas foram se tornando cada vez mais ferozes, pois os integrantes da Comuna logo perceberam que nada mais tinham a perder. O antigo governo visara, desde o início, uma solução militar do conflito. Qualquer suspeito de integrar a Comuna, ou meros simpatizantes eram imediatamente fuzilados.

As tropas de Versalhes avançaram bairro por bairro, enquanto a Comuna erigia centenas de barricadas com pedras de calçamento e sacos de areia. Na sua retirada, os integrantes da Comuna ateavam fogo em tudo: na noite de 24 de maio foi incendiado o castelo das Tulherias, ruas inteiras foram consumidas pelas labaredas. Nos últimos dias de luta, inúmeros reféns foram mortos, entre eles também o arcebispo de Paris.

Com a queda da última barricada, no dia 28 de maio de 1871, terminou a "semana sangrenta", mas não o derramamento de sangue. Milhares ainda foram mortos, nos dias seguintes, nos parques, quintais e nas casernas. Os historiadores calculam que a Comuna tenha assassinado cerca de 500 adversários políticos, enquanto as tropas governamentais mataram entre 20 e 25 mil pessoas durante a reconquista de Paris e nos dias imediatamente posteriores.

Autoria Rachel Gessat/am

Palavras-chave Semana Sangrenta, Comuna de Paris, jacobinos, 28/05/1871

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Autoria Rachel Gessat/am