terça-feira, 11 de maio de 2010

Mario Quintana - Segundo Poema de muito Longe

POLYUSHKA POLYE - ORIGINAL VERSION

Russian Traditional Songs - Marusia

O Encouraçado Potemkin (1925) - Sergei Eisenstein

Escuridão formosa

À noite toquei-te e senti-te

sem que minha mão fugisse para lá de minha mão,

sem que meu corpo fugisse, aos meus ouvidos:

de um modo quase humano

senti-te.

A pulsar,

não sei se como sangue ou como nuvem

errante,

em minha casa, na ponta dos pés, escuridão que sobe,

escuridão que desce, cintilante, correste.

Correste por minha casa de madeira,

e abriste as janelas,

e senti pulsar a noite toda,

filha dos abismos, silenciosa,

guerreira tão terrível e tão bela,

que tudo quando existe,

sem tua chama, não existiria para mim.


Gonzalo Rojas
do livro “Rosa do Mundo”
assírio & alvim, 2001
trad. José Bento

Criterion Trailer 2: Seven Samurai

Rua Vida Mimosa

Crédito: Fabiano Accorsi in http://www.flickr.com./

A Rua da vida

A Affonso Schmidt


Esta é rua da vida. E a vida se revela,

a rua sem pudor, completamente nua.

Mas, mostrando-se nua, a vida não é bela

e não é boa a vida através desta rua.



O convite que sai da entreaberta janela

tem a fascinação indizível da sua

promessa de pecado ! E, atraída por ela,

a sombra do homem pelas portas se insinua...



Marítimos gingando o corpo forte e suado,

malandros de chinelo, asiáticos franzinos,

toda esta malta vil que o homem detesta



vem deixar, nesta rua, um pouco do passado;

vem cumprir, nesta rua, os seus torvos destinos

para que possa haver a nossa rua honesta !

Cid Silveira(1910)

Carlos Drummond de Andrade

Erik Satie - Gnossienne No.1