I
Talvez a juventude apenas seja isto:
sem arrependimento amar sempre os sentidos.
(de Croce e delizia, 1958)
II
Este corpo que aperto (e me aperta)
tem um sabor de estrelas e de lodo.
E eu não sei quem agora me tinge
(profundíssimo jogo) de vermelho
as estrelas.
(de Stranezze, 1976)
III
Era no cinema, onde as portas
se abrem e fecham continuamente.
Àquele rumor ela pensou
que ele voltasse
mas não voltou.
(de Stranezze, 1976)
IV
Fazer do verde prado
um jogo proibido.
Já o tenho tentado.
Sem o ter conseguido.
(de Appunti, 1950)
V
«Poeta exclusivo do amor»
me chamaram. E era talvez certo.
Mas o vento aqui sobre a erva e os rumores
da cidade longínqua
não são eles também amor?
Sob nuvens quentes
não são ainda o som
de um amor que arde
e não mais se afasta?
(de Stranezze, 1976)
Sandro Penna
– Poesia & Lda.
Tradução de David Mourão-Ferreira