sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Nostalgia do Presente


Naquele preciso momento o homem disse:
«O que eu daria pela felicidade
de estar ao teu lado na Islândia
sob o grande dia imóvel
e de repartir o agora
como se reparte a música
ou o sabor de um fruto.»
Naquele preciso momento
o homem estava junto dela na Islândia.
Jorge Luis Borges, in "A Cifra"

Tradução de Fernando Pinto do Amaral
"ao contrário do que hoje se crê, a humanidade não representa uma evolução para algo de melhor, de mais forte ou de mais elevado. O 'progresso' é simplesmente uma ideia moderna, ou seja, uma ideia falsa. O europeu de hoje vale bem menos do que o europeu do Renascimento; desenvolvimento contínuo não é forçosamente elevar-se, aperfeiçoar-se, fortalecer-se"


Nietzsche (O Anticristo)
Uma reflexão sobre a greve dos professores no Estado do Paraná em 2016 e uma perspectiva a respeito das inúmeras lutas que ainda teremos pela frente

Num cenário de recessão economica e de perda de direitos a greve dos professores do Paraná ocorrida em outubro de 2016 foi bastante ilustrativa para aqueles que a acompanharam de perto. De um lado, evidenciou a falta de credibilidade do Governo do Estado, esse poder que já sabíamos truculento, corrupto e que se revelou mais uma vez incapaz de honrar os compromissos assumidos, em especial por se encontrar em um contexto de alinhamento com o Governo Federal. De outro, e apesar da greve a que fomos induzidos, não podermos alegar que tenha sido ela propriamente uma"surpresa" uma vez que nós, educadores, temos o dever de reconhecer que nossa trajetória sempre foi e continuará sendo de muita luta. Para além disso, entretanto, o que verdadeiramente chamou a atenção em toda essa movimentação foram os conflitos internos da nossa própria categoria. E é a eles que, acredito, devemos dar destaque, uma vez que daqui pra frente resistir de modo coletivo e organizado será não apenas uma estratégia vital, mas, ao que parece, um desafio com algum grau de dificuldade a ser obtido. Parto do princípio de que não soubemos assimilar o fim da greve de 2015, e de que essa incapacidade de aprender com a experiência adquirida nos tem sido muito cara. Ainda nos acusamos e deixamos nos afetar pelo que ocorreu em 2015, sem respaldar-nos com a devida análise de contexto, a qual nos permitiria observar que recuar naquela ocasião foi uma opção válida pensando na manutenção do prestígio conquistado pelo movimento (uma greve de mais de 40 dias, que contou com o apoio da opinião pública e repercutiu nacionalmente influenciando outros movimentos análogos) e no fato de que assim atuando demos mostra de respeito as institucionalidades mais do que os próprios agentes do estado (o que levou a um desgaste da imagem do governador, que, recordemos, em 2014, havia sido reeleito em 1° turno e com ampla maioria e que em razão do conflito terminou 2015 com mais de 70°/. de reprovação). Queixas que desde o fim do ano passado se ouvia no dia-a-dia das escolas e que nós fingíamos ignorar refletiram-se abertamente na deflagração da greve neste segundo semestre de 2016. Internamente a atual gestão do nosso sindicato (a qual, entre erros e acertos, merece nosso voto de confiança pela magnitude da responsabilidade que carrega, estando a frente de um contingente de cerca de 70 mil pessoas) se viu obrigada a ceder aos blocos que representam estas propostas divergentes - a dos que aceitaram o fim daquela greve, a dos que não aceitaram o seu encerramento, e, a daqueles que viram nela oportunidade de tirar vantagem interna a partir dessa divisão. Isso pôde ser "lido" em 2016 na opção pela greve, apoiada pela direção da APP Sindicato na primeira assembléia do dia 13/10. Na retomada da assembléia em 22/10 que propôs a sua continuidade com uma pequena margem de vantagem (assinalando que isso ocorreu apenas dez dias depois do seu início, e que, nesse curto prazo, tenha perdido o aval da direção do sindicato, mesmo sem um fato concreto em termos de recuo do governo). Tanto quanto no encontro do dia 31/10, no qual a maioria presente deliberou pelo seu encerramento (mais uma vez com o renovado consentimento da direção sindical). Para além das assembléias, nos dias que se seguiram a deflagração da greve dos educadores assistimos a uma baixa adesão dos estabelecimentos de ensino ao movimento (mascarada pelas ocupações das escolas que, em algumas situações, serviu de tampão a essa recusa) e da grande dificuldade de convencer nossos pares quanto a ser aquele o melhor momento para lutarmos e resistirmos juntos (quem, a exemplo do redator desse texto participou desde o 1° dia, de reuniões internas para buscar convencimento e adesão nos colégios onde atua, sabe dessa dificuldade a que estou me referindo). Muitos que retornaram para as escolas depois da 2° assembléia (caso no qual me incluo),o fizeram no intuito de conquistar esse apoio interno. Isso porque, nitidamente, o que ficou claro para nós era que ele inexistia e que, de alguma forma, teria que ser obtido. Entretanto, e aí me parece residir um dos pontos principais a serem repensados. Diante da falta de entendimento e dos rivalismos revitalizados em meio a paralisação de 2016, o meio-termo necessário a esse indispensável acordo ficou ainda mais inviabilizado. Minha sugestão é a de que nos espelhemos no movimento estudantil que, entre o apolítico e o cooptado, lançou-se ao desafio da própria descoberta, ao invés da aceitação tácita dos receituários prontos do como agir, do como proceder, das ações e reações determinadas. Se há algumas verdades as quais ainda possamos recorrer nos tempos atuais são duas. I) As de que vivemos, nos mais diversos níveis institucionais, uma ampla crise de representação; e, II) A de que aceitando a base sindical como forum de representação legítima, devemos gestar em seu interior experiências novas e que possam antes de tudo serem avaliadas e compartilhadas, antes de serem julgadas e escrachadas como foram na presente ocasião. É isso ou, desculpem-me a sinceridade, quaisquer esforços futuros serão apenas formas de gastar energia à toa com disputas internas estéreis que a curto e médio prazo não nos impedirão de ser massacrados pelo rolo compressor neoliberal.


Will Coutinho Hamon
Lacan diz que a obsessão para conhecer a si mesmo é em si uma patologia - para ele, a oposição de saber de si mesmo não é apenas agir intuitivamente, é algo diferente. O ponto é que, em vez de sondagem em si mesmo, se dedicar a uma causa externa. Você não é curado quando você pode dizer: " agora posso contar uma história completa sobre mim!"... a questão não é para aliviar seu sofrimento, mas para sair destas categorias... e, para descobrir as coisas.... Que são mais importantes do que o seu sofrimento ou prazer."-
Slavoj Žižek.

(trecho de Hegel é morto, ou estamos mortos no olhos de Hegel? Uma visão hegeliana do presente idade no deutsches haus, 2015. Palestra completa aqui: 

O NOVO SEMPRE VEM



Não existe, atualmente, nenhuma organização política capaz de planejar e coordenar as ocupações estudantis nos mais de 600 colégios do Paraná. Nem PT, nem Psol, nem PCdoB, nem UNE, nem UPE, nem CUT, nem MST, nem MTST. Essa nova organização política irá surgir, emergir da própria experiência das ocupações. Pode levar 5, 10 ou 15 anos. As ocupas são uma novidade política e como tal fundarão - assim espero - o corpo político que acomode essa bem-vinda novidade. E não só um corpo político será fundado, mas também o téorico que nos possibilitará compreender o fenômeno.

Rodolfo Jaruga
 "A água corria não se sabia para onde e para quê. Correra de maneira idêntica em maio; ainda em maio, saíra de um ribeiro para se derramar no grande rio, passara depois para o mar, evaporara-se, transformara-se em chuva e talvez fosse a mesma água que nesse instante corria aos olhos de Riabóvitch... Para quê? Com que fim? "Tchekhov: (O beijo)

Tolstói



Barricada durante a Comuna de Paris, 1871.


Três homens carregam as vítimas do cerco de Leningrado no cemitério de Volkovo, 1942.


The Volkovo cemetery”. Three men burying victims of Leningrad's siege.
* Волково кладбищ. Трое мужчин хоронят умерших в дни блокады в Ленинграде. Волково кладбище. Россия, Ленинград

Crianças mendigando no Gueto de Varsóvia, 1940


Stálin com sua filha Svetlana e seu filho


Escravos dançando uma congada em uma fazenda de Minas Gerais, 1876.



*Slaves celebrate a congado (a Christian ritual with native African elements) on a farm in Minas Gerais, Brazil, 1876

Biblioteca móvel para atender o público rural, Washington, 1912


Vendedoras de flores na Londres vitoriana, 1870.


Mulheres fazem fila para votar pela primeira vez em uma eleição presidencial, Minneapolis, 1920.


Mulheres exercendo seu direito de voto, Nova York, 1920.


Madame Decourcelle, a primeira mulher taxista em Paris, 1909.


Operárias trabalhando em uma fábrica de munições, março de 1916.


Alexander Mikhailovich da Rússia, cunhado de Nicolau II, durante a 1ª Guerra Mundial.


Momento de descanso de funcionárias em uma fábrica de Pittsburgh, meados do século XIX.


Mulher mendigando na Londres vitoriana, 1870.


Grigori Rasputin com alguns religiosos a caminho de Tsaritsyn, 1909


1909 год. Царицын. На ежегодный праздник Союза русского народа Илиодор (в миру Сергей Труфанов) традиционно во главе толпы идет по улицам, проклиная «смутьянов-левуцанеров», служит молебен в монастыре. Так он готовится к встрече епископа Гермогена и Григория Распутина, направляющихся в Царицын.


1909 . Tsaritsyn. Na celebração anual da união do povo russo iliodor (em paz) Sergei Trufanov tradicionalmente levou a multidão as ruas, condenando "Arruaceiros-Levutsanerov", serve como um serviço de oração no mosteiro. Então ele está se preparando para conhecer o bispo Hermogenes e Grigori rasputin, no caminho para Tsaritsyn.(Residência do Czar )

Linha de produção do ketchup Heinz, Pittsburgh, 1897.


A tranquila Paris do fim do século XIX, mostrando o edifício da Opera ao fundo e inúmeras carruagens na praça em frente.


Chinatown, Nova York, 1900.


Escravos colhendo algodão na Geórgia, 1850.


Meca, 1885.


Fuzileiros navais de Kronstadt


Padres católicos demonstram seu apoio ao general Francisco Franco, 1938.


Holocaustos Coloniais: A Revolta Maji-Maji.


Após a partilha da África entre as principais potências europeias na década de 1880 com a Conferência de Berlim, a Alemanha reforçou sua presença em vários territórios africanos. Eram estes a África Oriental Alemã (Tanzânia, Ruanda, Burundi e partes de Moçambique), o Sudoeste Africano Alemão (atual Namíbia), Camarões e Togolândia (hoje parte de Gana e Togo). O controle sobre a África Oriental era, contudo, fraco. Para tentar manter a região, havia fortes espalhados pelo interior e com eles tentavam exercer controle sobre o território. Violência era uma ferramenta comum para manter a população nativa quieta.

A Alemanha começou a cobrança de impostos em 1898 e contava com trabalho forçado dos nativos para construir estradas e fazer outras tarefas. Em 1902, o comandante alemão Carl Peters ordenou que a população plantasse algodão para exportação.
Com isso, a população começou a se revoltar contra o domínio colonial. De 1905 a 1907 aconteceu a Rebelião Maji Maji, mais de 100 mil locais (população) morreram na revolta. Embora tenha sido, posteriormente, um tema pouco discutido na Alemanha, este capítulo permanece importante na história da Tanzânia.

As tropas coloniais alemães conseguiram sufocar a revolta, mas um dos resultados foi o surgimento de ideais nacionalistas entre os povos da Tanzânia, que seria fundamental na história do país nas décadas seguintes. Em 1919, as possessões coloniais alemãs na África foram tomadas pelas Potências Aliadas (Inglaterra, França, Bélgica, etc) após a Primeira Guerra Mundial.


Foto: Guerreiros Maji-Maji capturados.

Cossacos com o último imperador da Rússia, Nicolau II.


Tropas soviéticas no Afeganistão


14 bis


Revolução Húngara de 1956.



Foto: © Sandor Acs

Cossacos


Kamikazes