Os Assassinos foram uma seita xiita que se estabeleceu na
Pérsia e na Síria,entre os séculos XI e XIII, e constituíram, no universo
social e religioso islâmico daquele momento, comunidades consideradas heréticas
e extremistas pela maioria moderada do Islã sunita. Seus seguidores faziam
parte da “Nova Pregação” da facção ismaelita do xiismo. A cisão ismaelita surgiu
em 765, quando Ismail, filho do sexto imã Jafar al-Sadiq, foi deserdado por seu
temperamento extremista. O grupo que o seguiu ficou conhecido como ismaelita.
Formaram uma facção secreta, ativa, coesa e organizada que, no século X,
converteu a dinastia dos árabes fatímidas, (futuros) governantes do Egito, à
sua fé. No entanto, a institucionalização do califado fatímida no governo do
Egito levouo à moderação e forçou-lhe a adotar uma atitude de tolerância; por
essa razão,uma cisão ocorreu entre os ismaelitas. Os insatisfeitos, liderado
por Hasan ibnSabah, migraram para a Pérsia, onde seu movimento da Nova Pregação
floresceu a partir da fortaleza de Alamut – surgiu assim a seita dos
Assassinos.O imaginário que se criou em torno dessa seita era o de fanáticos
hereges,que obedeciam cegamente seu líder, dando-lhe o poder sobre suas vidas e
mortes. Pretendiam restaurar a pureza da comunidade islâmica, não poupando
meios paraisso. Começaram então a prática pela qual ficariam conhecidos: a de
atentados contra a vida de lideranças políticas hostis. Sua primeira vítima
fora o vizir persa Nizam al-Mulk. Fontes ocidentais e orientais, segundo Lewis
66, apontam para os mesmos elementos na descrição dos Assassinos. Alguns
membros eram tidos pelo chefe como “eleitos” para o sagrado martírio, sendo o
Paraíso a recompensapor sua missão. Em rituais secretos, o chefe oferecia aos
emissários assassinos uma poção que lhes anteciparia as visões do Paraíso,
através do efeito do haxixin (haxixe), de onde deriva o nome da seita –
Assassinos – e o significado de“homicídio” que a palavra “assassinato” adquiriu
nas línguas européias.
P66 Cf. LEWIS, B., Os Assassinos.