terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Os teus pés

Quando não posso contemplar teu rosto,

contemplo os teus pés.



Teus pés de osso arqueado,

teus pequenos pés duros.



Eu sei que te sustentam

e que teu doce peso

sobre eles se ergue.



Tua cintura e teus seios,

a duplicada purpura

dos teus mamilos,

a caixa dos teus olhos

que há pouo levantaram voo,

a larga boca de fruta,

tua rubra cabeleira,

pequena torre minha.



Mas se amo os teus pés

é só porque andaram

sobre a terra e sobre

o vento e sobre a água,

até me encontrarem.



Tus pies (Pablo Neruda)



Cuando no puedo mirar tu cara

miro tus pies.

Tus pies de hueso arqueado,

tus pequeños pies duros.

Yo se que to sostienen,

y que tu dulce peso

sobre ellos se levanta.

Tu cintura y tus pechos,

la duplicada pu’rpura

de tus pezones,

la caja de tus ojos

que recien han volado,

tu ancha boca de fruta,

tu cabellera roja,

pequeña torre mía.

Pero no amo tus pies

sino porque anduvieron

sobre la tierra y sobre

el viento y sobre el agua,

hasta que me encontraron.

Pablo Neruda

Ausente

Ele dorme ausente dos meus olhos abertos,

guarda para si paisagens que desejo sonhar.

Sob pálpebras alvas de tecido sonolento

percebo o claro volume genital do seu olhar.

Desejo amparo de algum sono, quero fugir

do olho molhado, vermelho, recém-acordado,

intumescido de sono e que me espia chorar

Helga Holtz