sexta-feira, 3 de abril de 2015

[Eu caio no chão,
de boca na terra preta.
Falo: Deus, que não existe,
não deixeis os homens
me maltratarem.
Deixai que eu caia com as mãos primeiro,
deixai-me ser queimada
por um raio.
Eu caio no chão,
de boca na terra viva.
Falo: Deus, que não está
na estrela mais distante,
que está em mim,
Deus perfeito, tanto quanto sou ímpia
Deus cruel,
te ofereço um sacrifício de sangue
a maior alegria
da minha vida."



Anna Świrszczyńska,
em tradução de Luciano R. Mendes, no Escamandro.