"A arte não imita o visível,ela torna visível o não visível"
Paul Klee
a arte sai dos limites fáceis do que é sensível, do que tem nome e forma , para buscar no caos, em que a forma é sempre provisória, pontos soltos, linhas soltas e então dar-lhes corpo.Dar corpo tátil ao som, dar corpo sonoro ao tempo ,dar visibilidade ao que é tátil, dar sonoridade ao que era apenas volume em uma pedra.
Deleuze,Gilles
Cult 108. Ano 9.nov.p63
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
A Máscara
W. B. Yeats
«Tira essa máscara de ouro ardente
E olhos de esmeralda.»
«Oh não, meu amor, atreves-te demasiado
A ver se um coração é selvagem e sábio,
Sem ser frio.»
«Só quero ver o que houver para ver,
O amor ou o engano.»
«Foi a máscara o que ocupou a tua mente,
E fez bater o teu coração,
Não o que está por detrás.»
«Mas a não ser que sejas minha inimiga
Devo inquirir.»
«Oh não, meu amor, deixa tudo ser como é;
Que importa, se entretanto houver fogo
Em ti e em mim?»
W. B. Yeats
in Uma Antologia
Assírio & Alvim, 1996
«Tira essa máscara de ouro ardente
E olhos de esmeralda.»
«Oh não, meu amor, atreves-te demasiado
A ver se um coração é selvagem e sábio,
Sem ser frio.»
«Só quero ver o que houver para ver,
O amor ou o engano.»
«Foi a máscara o que ocupou a tua mente,
E fez bater o teu coração,
Não o que está por detrás.»
«Mas a não ser que sejas minha inimiga
Devo inquirir.»
«Oh não, meu amor, deixa tudo ser como é;
Que importa, se entretanto houver fogo
Em ti e em mim?»
W. B. Yeats
in Uma Antologia
Assírio & Alvim, 1996
BUEN AMIGO
[Tango]
Música: Julio De Caro
Letra: Juan Carlos Marambio Catán .
En las buenas o en las malas
triunfante de pie o vencido,
la mano del buen amigo,
se tiende cordial y buena.
Consuelo en la dura pena,
aliento en amarga vida
si adoré a mi madre en vida,
también cultivé amistad.
Si alguna vez
me ves rodar
tu mano firme y fiel
me alzará
fraternal.
Tu corazón,
noble sin par,
está vibrando al son
del violín
dormilón.
En los riscos del camino
mil veces lloré vencido,
mil veces fui mal herido,
sangrando en la dura huella,
de pronto alumbró una estrella
tu mano me dio la vida
se cerraron mis heridas
al soplo de tu bondad.
(recitado)
Mil veces caído
sentí desmayar,
mil veces tu mano
me diste al pasar.
Hermano fiel
en mi orfandad
tu mano firme y noble
floreció en amistad.
El tiempo cruel
no ha de borrar
jamás tu fiel recuerdo,
buen amigo leal.
Música: Julio De Caro
Letra: Juan Carlos Marambio Catán .
En las buenas o en las malas
triunfante de pie o vencido,
la mano del buen amigo,
se tiende cordial y buena.
Consuelo en la dura pena,
aliento en amarga vida
si adoré a mi madre en vida,
también cultivé amistad.
Si alguna vez
me ves rodar
tu mano firme y fiel
me alzará
fraternal.
Tu corazón,
noble sin par,
está vibrando al son
del violín
dormilón.
En los riscos del camino
mil veces lloré vencido,
mil veces fui mal herido,
sangrando en la dura huella,
de pronto alumbró una estrella
tu mano me dio la vida
se cerraron mis heridas
al soplo de tu bondad.
(recitado)
Mil veces caído
sentí desmayar,
mil veces tu mano
me diste al pasar.
Hermano fiel
en mi orfandad
tu mano firme y noble
floreció en amistad.
El tiempo cruel
no ha de borrar
jamás tu fiel recuerdo,
buen amigo leal.
«Às vezes chegamos a acreditar, no meio deste caminho sem margens, que depois não haverá mais nada; que não se poderá encontrar nada do outro lado, no fim desta planura rachada de gretas e de arroios secos. Mas sim, há algo. Há uma aldeia. Ouvem-se os cães a ladrar e sente-se no ar o cheiro do fumo, e saboreia-se esse cheiro de gente como se fosse uma esperança.
Mas a aldeia está ainda muito para lá. É o vento que a aproxima.»
Juan Rulfo. O Llano em chamas in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 145
Mas a aldeia está ainda muito para lá. É o vento que a aproxima.»
Juan Rulfo. O Llano em chamas in Obra Reunida. Trad. Rui Lagartinho, Sofia Castro Rodrigues, Virgílio Tenreiro Viseu. Cavalo de ferro.1ª ed., 2010, p. 145
Por felicidade, contudo, o que é o ser? - Não há senão maneiras de ser, sucessivas. Há tantas quanto objectos. Tantas quantos os batimentos de pálpebras.
Tanto quanto, tornando-se nosso regime, um objecto nos concerne, também o nosso olhar o cerca, o discerne. Trata-se, graças aos deuses, de uma «discrição» recíproca; e o artista acerta logo no alvo.
Sim, só o artista, então, sabe como fazer.
Deixa do olhar, atira ao alvo.
O objecto, é certo, acusa o golpe.
A verdade afasta-se em voo, indemne.
A metamorfose aconteceu.
Francis Ponge. Alguns poemas. Edição bilingue. Selecção, introdução e tradução de Manuel Gusmão. Edições Cotovia, Lisboa, 1996, p. 133
Tanto quanto, tornando-se nosso regime, um objecto nos concerne, também o nosso olhar o cerca, o discerne. Trata-se, graças aos deuses, de uma «discrição» recíproca; e o artista acerta logo no alvo.
Sim, só o artista, então, sabe como fazer.
Deixa do olhar, atira ao alvo.
O objecto, é certo, acusa o golpe.
A verdade afasta-se em voo, indemne.
A metamorfose aconteceu.
Francis Ponge. Alguns poemas. Edição bilingue. Selecção, introdução e tradução de Manuel Gusmão. Edições Cotovia, Lisboa, 1996, p. 133
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