quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Balada para mi muerte

Moriré en Buenos Aires

será de madrugada

Guardaré mansamente

las cosas de vivir

Mi pequeña poesía

de adioses y de balas

Mi tabaco mi tango

mi puñado de spleen

Me pondré por los hombros

de abrigo toda el alba

Mi penúltimo whisky

quedará sin beber

Llegará tangamente

mi muerte enamorada

Yo estaré muerto en punto

cuando sean las seis

Hoy que Dios me deja soñar

A mi olvido iré por Santa Fe

Sé que en nuestra esquina vos ya estás Toda de tristeza hasta los pies Abrazame fuerte que por dentro

Oigo muertes viejas muertes

Agrediendo lo que amé

Alma mía vamos yendo

Llega el día

No llores Moriré en Buenos Aires

Será de madrugada

Que es la hora en que mueren

los que saben morir

Flotará en mi silencio

la mufla perfumada

De aquel verso que nunca

te pude decir

Andaré tantas cuadras

y allá en la plaza Francia

Como sombras fugadas

de un cansado ballet

Repitiendo tu nombre

por una calle blanca

Se me irán los recuerdos

en puntitas de pie

Moriré en Buenos Aires

Será de madrugada

Guardaré mansamente

las cosas de vivir

Mi pequeña poesía

de adioses y de balas

Mi tabaco mi tango

mi puñado de spleen

Me pondré por los hombros

de abrigo toda el alba

Mi penúltimo whisky

quedará sin beber

Llegará tangamente

mi muerte enamorada

Yo estaré muerto en punto

cuando sean las seis

de Astor Piazzolla e Horacio Ferrer
Uma emocionante versão do melhor conto de Chekhov


Antonio Gonçalves Filho – O Estado de S.Paulo

Um dos mais delicados contos de Chekhov, A Dama do Cachorrinho (1899), ganhou há 50 anos uma versão para o cinema quando se comemorava o centenário do escritor russo. O mínimo que se pode dizer dela é que se trata de uma transposição feita de pequenos gestos e filigranas. Seu diretor, Iosif Kheifits (1905- 1995), deu mais de uma vez provas de sua competência como artesão, realizando outras adaptações de grandes escritores, entre eles Turguêniev, de quem filmou Ásia, também uma história de amor impossível como A Dama do Cachorrinho.

Esse conto de Chekhov – que Gorki adorava e Tolstoi detestava (por razões morais) – exige mesmo do leitor uma tomada de posição, o que explica principalmente a elipse final que dá ao texto um caráter de obra aberta. Tolstoi, então, acabara de lançar seu último livro, Ressurreição, quando leu A Dama do Cachorrinho e, talvez por se reconhecer na figura do adúltero Dimitri Gurov, tenha sentido certo desconforto com o conto de Chekhov. Compreensível. Alheio à moral conservadora russa da virada do século, o autor ousou contar uma história de amor entre duas pessoas casadas e entediadas.

Gurov (Aleksei Batalov) trabalha em um banco, apesar de sua formação como filólogo – o que informa à futura amante Ana (Iya Savvina) logo no primeiro encontro. Ana é a dama do cachorrinho que conhece numa cidade de veraneio, Ialta, balneário de encontros fugazes no Mar Negro. Logo na primeira sequência do filme, o passeio de Ana com seu lulu da Pomerânia à beira-mar é comentado como o grande acontecimento do dia no bar em que Gurov entra. Lendo o jornal, ele a observa de longe para em seguida ver a linda mulher sentar a seu lado. Conquistador, Gurov atrai a atenção do cachorrinho para chegar ao seu verdadeiro objeto de desejo.

O que era para ser uma aventura passageira acaba em caso amoroso sério. Assustada, ela volta à cidade onde mora ao receber uma carta do marido pedindo sua volta. A sequência da despedida na estação ferroviária subverte o clichê das separações cinematográficas: Gurov fica com a luva de Ana nas mãos e, no lugar de guardá-la, abandona-a na grade da plataforma.

Kheifits segue rigorosamente a progressão do caso no conto de Chekhov, acentuando o tormento de um homem mais velho, casado e com três filhos, ao se apaixonar por uma mulher casada e quase 20 anos mais nova. Ele tenta esquecê-la, mas a irrelevância de seu cotidiano o conduz à casa de Ana – a cena mais tocante do filme de Kheifits, todo ele feito de silêncios reveladores como o da sequência final, em que o banqueiro-filólogo não tem palavras para exprimir seu desamparo. Dificilmente o cinema alcançou um tom emocionado como esse epílogo. Para ver e rever várias vezes.

A DAMA DO CACHORRINHO. Direção: Iosif Kheifits. Elenco: Iya Savvina e Aleksei Batalov. Cult Classic, R$ 34,90

Poema para não ser lido no teu casamento

Poema para não ser lido no teu casamento


Beth Ann Fennelly – Poesia & Ltda

POEM NOT TO BE READ AT YOUR WEDDING

You ask me for a poem about love

in lieu of a wedding present, trying to save me

money. For three nights I’ve lain under

glow-in-the-dark stars I’ve stuck to the ceiling

over my bed. I’ve listened to the songs

of the galaxy. Well, Carmen, I would rather

give you your third set of steak knives

than tell you what I know. Let me find you

some other store-bought present. Don’t

make me warn you of stars, how they see us

from that distance as miniature and breakable,

from the bride who tops the wedding cake

to the Mary on Pinto dashboards

holding her ripe red heart in her hands.

(tradução colectiva PoesiaIlimitada)

POEMA PARA NÃO SER LIDO NO TEU CASAMENTO

Pedes-me um poema sobre o amor

em lugar de uma prenda de casamento, tentando que eu poupe

dinheiro. Por três noites estendi-me sob

estrelas que-brilham-no-escuro colei-me ao tecto

sobre a minha cama. Escutei as canções

da galáxia. Bem, Carmen, eu preferiria antes

dar-te o teu terceiro jogo de facas de carne

a ter de te contar o que sei. Deixa que te descubra

algum outro presente de loja, comprado. Não

me faças avisar-te das estrelas, de como nos vêem

à distância, tão diminutas e quebráveis,

desde a noiva que encima o bolo de casamento

até Maria, no tablier de um Ford Pinto

segurando seu coração rubro e maduro entre mãos.

Fonte : Poesia & Ltda