sábado, 18 de março de 2017

Empresas são organizações políticas essencialmente nacionais mesmo quando operam como multinacionais. Qualquer Estado Nacional com mínima relevância e projeção geopolítica tem suas grandes empresas estratégicas nacionais, públicas e privadas. Analisem as empresas nacionais da Rússia, China, Índia, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Coreia do Sul e mesmo pequenos países como uma Suécia, Finlândia e Noruega para entenderem a importância desse fenômeno. O gigantesco orçamento estatal militar dos Estados Unidos é monopolizado exclusivamente pelas empresas tecnológicas nacionais deles, que são o tempo todo protegidas, prestigiadas, privilegiadas e apoiadas na dominação mundial (inescrupulosa) delas. O capitalismo avançado só existe com centros de poder organizados pelos Estados Nacionais e possuindo suas próprias empresas nacionais, com comando, sedes e burguesias no seu próprio território. Classes ou elites dominantes também são nacionais e mesmo etno-nacionais nas principais potências capitalistas hegemônicas. Aliás a combinação entre nacionalismo e socialismo também foi a força política motriz da União Soviética na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945, na Revolução Cubana, na Guerra do Vietnã. Recomendo a leitura das obras de Benedict Anderson para quem gosta de uma epistemologia crítica e marxista para entender melhor a importância do nacionalismo na história política dos últimos séculos.

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Geração Beat


"Associada a esta tolerância, à abertura ao que não fosse expressão da ordem estabelecida, está a diversidade interna da beat. Seu caráter multicultural foi acentuado por Ginsberg, ao traçar o perfil de seus integrantes:
"Burroughs, protestante branco; Kerouac, índio norte-americano e bretão; Corso, católico italiano; eu, radical judeu; Orlovsky, russo branco; Gary Snyder, escocês-alemão; Lawrence Ferlinghetti, italiano, continental, educado na Sorbonne; Philip Lamantia, autêntico surrealista italiano; Michael McClure, escocês do meio-oeste norte-americano; Bob Kaufman, afro-americano surrealista; LeRoi Jones, poderoso negro, entre outros."
Talvez essa diversidade se relacione com características da própria sociedade norte-americana. A beat contou com negros e descendentes de imigrantes porque lá havia muitos negros e imigrantes. Mas reunir desde o filho de um morador de rua, Neal Cassady, até o descendente de uma elite econômica, William Burroughs, e do autodidata Gregory Corso, que conheceu literatura na cadeia, até Lawrence Ferlinghetti, doutorado na Sorbonne, a diferencia de movimentos europeus – e de outros lugares: nossos modernistas de 1922 têm perfis bem próximos uns dos outros. Pela primeira vez, as rebeliões artísticas anti-burguesas não foram encabeçadas exclusivamente por burgueses ou aristocratas. Vanguarda literária com adesão de proletários? Talvez. E proletarização voluntária, levando em conta as ocupações dos beats em seu período de obscuridade. Porém, mais que ao proletário, a beat se associou ao lumpen, o extrato inferior da sociedade, considerando algumas das amizades de Ginsberg, Kerouac e Burroughs, e de onde vinham Corso e Cassady. Literatura marginal por marginais.

Claudio Wiler _______Geração Beat" (L&PM, 2009). Leiam o livro todo, se possível:
Bismarck já afirmava que ninguém poderia dormir tranquilo se soubesse como são feitas as salsichas e as leis. As últimas operações policiais apenas revelam como operam os capitais na indústria do petróleo, nas empreiteiras e agora nas carnes. Sempre um bloco criminoso e promíscuo entre empresários, agentes públicos e políticos. Quem leu o capítulo XXIV d'O Capital, a chamada acumulação primitiva, o segredo da acumulação original, sabe que capitalismo sempre foi isso mesmo, um processo histórico de roubo social organizado, pilhagem, saque, enganação e violência sob o Estado. O direcionamento investigativo contra os setores estratégicos do Brasil segue um roteiro politicamente programado, uma linguagem de script. Esse mesmo bloco criminoso internacional é ainda pior na indústria cultural da mídia, no sistema financeiro, no capital imaterial, no complexo industrial-militar e nas importações estrangeiras. Temer e seus golpistas amestrados, principalmente os da região agrícola do Paraná, como o grampeado Ministro da injustiça do PMDB - Osmar Serraglio, podem ser serrados nessa dinâmica da carne e da justiça bem fracas e podres.

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