segunda-feira, 1 de setembro de 2014


Ricardo Chacal

me deprime a situação da maioria dos artistas desse país. refém de editais e leis de incentivo, o artista tem que viver à míngua. com a educação relegada às tvs, as escolas mal formam mão de obra para o mercado. é a televisão que escolhe o que vc vai querer comprar, o que a criança vai comer. os artistas vingam, quase nunca pelo talento e pelo público, mas pelos humores de um diretor de tv qualquer. e quem não aparece na telinha, não representa nada. nem a ninguém. e tem muitas dificuldades nos editais e na bilheteria.
esse processo só será revertido quando a escola retomar o seu papel de educadora. e para isso atividades artísticas nas escolas para os alunos entenderem que a arte pode ser de diversas formas e para formar público. e quando o artista sair da depressão e tomar consciência que é um educador, que o que ele sabe fazer, pode ser muito útil às pessoas. e não sonhar apenas com esse papel criado pela mídia, pelo star system, de querer sobretudo fama e dinheiro.
enfim educação e arte tem que se dar as mãos para sair dessa função limitada e imbecilizante que lhe deram. a arte deve educar. e a escola, ser criativa e preparar para a vida.

porque a luta é fundamental no dia a dia de todo artista, mas importante também dentro da política institucional .

Perfume Exótico


Quando eu a dormitar, num íntimo abandono,
Respiro o doce olor do teu colo abrasante,
Vejo desenrolar paisagem deslumbrante
Na auréola de luz d'um triste sol de outono;
Um éden terreal, uma indolente ilha
Com plantas tropicais e frutos saborosos;
Onde há homens gentis, fortes e vigorosos,
E mulher's cujo olhar honesto maravilha.
Conduz-me o teu perfume às paragens mais belas;
Vejo um porto ideal cheio de caravelas
Vindas de percorrer países estrangeiros;
E o perfume subtil do verde tamarindo,
Que circula no ar e que eu vou exaurindo,
Vem juntar-se em minh'alma à voz dos marinheiros.
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

Tradução de Delfim Guimarães



Ruínas


 Se é sempre Outono o rir das Primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair...
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!
E deixa sobre as ruínas crescer heras,
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino das Quimeras!
Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais alto do que as águias pelo ar!
Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!... Deixa-os tombar... Deixa-os tombar.

Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

Identidade


Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.
Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.
Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.


Miguel Torga

Quando se xinga alguém de macaco, é a própria humanidade que é desprezada.

Ouvi bons amigos e pessoas em que eu confio nos últimos dias dizerem que há um certo exagero no desejo de punição para os gremistas que xingaram de macaco o goleiro do Santos. Com tantos crimes mais violentos, como os milhares de assassinatos nas grandes cidades, por que nos indignaríamos a esse ponto com um xingamento.
Tudo bem: também acho que nos indignamos de menos com assassinatos. Nunca vou esquecer a frieza da recepção das matérias que fizemos mostrando como ocorreram mil assassinatos em Curitiba. A maior parte era na periferia, e as pessoas pareciam não estar nem aí para aquilo. Mas uma coisa não diminui a outra.
Ouvi o argumento de que chamam o juiz e a mãe dele de outras coisas, e que em estádios a coisa é assim mesmo. Mas espere aí. Há algo errado nisso. Chamar alguém de macaco é bem diferente de qualquer outro xingamento possível. Porque se você chama alguém de fdp, por pior que seja, você ainda está considerando o outro como humano.
O que tentaram fazer com o goleiro do Santos, o que tentam fazer sempre que chamam alguém de macaco, é tirar do cara a própria humanidade. E é essa "desumanização" que revolta. Porque se o outro não é humano, tudo é possível contra ele. É só um animal. Alguém inferior.
Foi esse tipo de pensamento e de discurso que possibilitou que se escravizassem pessoas por quase quatro séculos em nosso país: eles podiam ser escravos porque eram inferiores.
Foi esse tipo de pensamento que levou ao Holocausto dos judeus: eles não eram comparados pelos nazistas a macacos, mas a ratos, que deviam ser exterminados.
Quando se xinga alguém de macaco, o xingamento não é só contra o sujeito, a mãe dele ou contra o time. O que se vê é uma tentativa de manter todo um grupo de pessoas, toda uma imensa etnia e seus descendentes, em um lugar de inferioridade racial, em uma sub-humanidade, em um nível animalesco.
Quando se xinga alguém de macaco, é a própria humanidade que é desprezada.

Rogerio Galindo
 


Plebiscito Popular pela Constituinte para a Reforma Política

Entendo quem, em tempos de refluxo dos movimentos de massa com caráter progressista, não queira rediscutir o texto constitucional para reformar as instituições públicas e o sistema político. O medo dessas pessoas é piorar a Constituição, sobretudo a partir do crescimento de um fundamentalismo religioso e de ideias reacionárias em nossa sociedade, o que poderia abrir caminho para a pena de morte, a redução da maioridade penal, entre outros temas que ganham o imaginário do povo como medidas "necessárias ".
Mas as condições políticas também são determinadas pelas nossas ações. Me parece que a recusa de batalhar pela Constituinte se tornou uma postura conservadora e covarde.
Afinal, se a atual estrutura política agudiza a despolitização da sociedade e as pautas reacionárias vão se tornando hegemônicas, daqui a pouco será inevitável a adoção das medidas que os anti-Constituinte do nosso campo democrático tanto temem.
É melhor, agora, tentarmos mudar a regra do jogo e a agenda de discussão da sociedade, para não sermos afogados pela nossa paralisia.
Por isso, defendo o Plebiscito Popular pela Constituinte para a Reforma Política, que vai ocorrer de amanhã até o dia 07 de setembro. Vote e participe!


André Castelo Branco Machado

Glasgow séc XIX


De Sociais & Métodos:


"Um erro típico do senso comum é o profundo desconhecimento dos procedimentos de amostragem.
Uma amostra aleatória bem feita consegue representar muito bem uma população de "tamanho infinito" com apenas 2000 casos. Mas para que a pesquisa toda seja bem feita, ainda temos que pensar sobre a qualidade do questionário, dos aplicadores, da logística, das análises etc... Amostra não é tudo.
Ou seja: não é o número de casos que faz das pesquisas do DataFolha (ou de qualquer outro instituto) boas ou ruins. Com 2884 entrevistas, se tudo mais tiver qualidade, não haveria qualquer problema com as inferências.
Adriano Codato

El busca de la política

Enlace: https://mega.co.nz/#!IocRlZIA!G2c8uvfOc5mzUgezJDAxk95LGxch9Z4s1kuA67DlKyo

“Toda la argumentación de este libro se encuadra dentro de la idea de que la libertad individual sólo puede ser producto del trabajo colectivo (sólo puede ser conseguida y garantizada colectivamente). Hoy nos desplazamos hacia la privatización de los medios de asegurar-garantizar la libertad individual; si ésa es la terapia de los males actuales, está condenada a producir enfermedades iatrogénicas más siniestras y atroces (pobreza masiva, redundancia social y miedo generalizado son algunas de las más prominentes). Para hacer aún más compleja la situación y sus perspectivas de mejoría, pasamos además por un período de privatización de la utopía y de los modelos del bien. El arte de retramar los problemas privados convirtiéndolos en temas públicos está en peligro de caer en desuso y ser olvidado; los problemas privados tienden a ser definidos de un modo que torna extraordinariamente difícil aglomerarlos para poder condensarlos en una fuerza política. La argumentación de este libro es una lucha (por cierto inconclusa) por lograr que esa traducción de privado a público vuelva a ser posible."

De este modo define Zygmunt Bauman el propósito central de En busca de la política. El primer capítulo trata acerca del significado de la política y en el segundo se analizan los problemas que aquejan a la práctica política y las razones de su declinación. Por último, en el tercero y más controvertido, Bauman esboza, a contrapelo de la visión conformista que hoy se reduce al credo de no hay alternativa, ciertos puntos de orientación cruciales que podrían guiar una reforma: el modelo republicano del Estado y la ciudadanía, el establecimiento universal de un ingreso básico, y la ampliación de las instituciones de una sociedad autónoma para devolverles capacidad de acción e igualarlas con poderes que, en la actualidad, son extraterritoriales.

ZYGMUNT BAUMAN 
"Há um desconhecimento generalizado que somos, em tese, uma Federação. Ou seja, uma república federativa constituída de 26 estados. E na mesma medida esse desconhecimento se aplica às responsabilidades dos estados e dos municípios que formam os estados. Vira lugar comum, por isso, atribuir ao governo federal, qualquer que seja, responsabilidades que são dos estados e dos municípios. E a mídia faz coro deliberado a essa confusão. No caso da saúde, por exemplo, vamos tomar Minas para efeito de análise. O governo federal repassa as verbas, o governo de Minas desvia e os municípios ídem. A não realização de concursos públicos para médicos e todo o pessoal necessário à saúde pública de boa qualidade é negligência e muitas vezes corrupção dos governos municipais. Preferem terceirizar e prefeitos embolsam propinas das terceirizadas que prestam serviços de péssima qualidade. A falta de medicamentos também. O governo de Minas é um descalabro desde Aécio, que responde no Tribunal de Justiça, como réu, por um desvio de 4,3 bilhões de reais. Outro ítem, a segurança pública, é competência dos estados e as verbas federais são repassadas. Hoje a polícia civil é um espectro do que deveria ser. Sucateada ao extremo. Preferem usar verbas em negócios na Polícia Militar, como por exemplo, contrato de leasing para veículos, criando a sensação que a força está aparelhada. Está sim, para reprimir manifestações. A polícia militar paulista mata mais que toda a polícia norte-americana num ano. Dado público e revelado por jornais e noticiários na semana passada. As UPPs começam a fracassar no Rio, seja pela violência (onde está Amarildo?), seja pela corrupção. É um modelo importado de Israel. Lá, se volta contra palestinos, aqui contra negros, pobres e prostitutas. Esse desconhecimento gera votos equivocados, pois é alienação. A midia cumpre o papel de alienar sempre. Todas as vezes que o governo federal se viu compelido a participar do processo de policiamento numa situação de crise aguda o crime diminuiu. São dois exemplos, saúde e segurança, poderia incluir educação de primeiro e segundo graus. E outros. No Paraná, agora, o governador corrupto Beto Richa aumentou as tarifas de luz e diz que não foi ele. Foi desafiado por Requião e Gleisi, os outros dois candidatos a provar que não. Nem toca no assunto, olha para o lado. Na prática a Federação brasileira precisa ser conhecida e construída a partir de exigências populares. Do contrário vai continuar Pimenta da Veiga o mineiro que mora em Goiânia e é candidato ao governo de Minas, prometendo investimentos numa cidade e citando uma cidade de São Paulo. Não sabe nada. Nem tem interesse em saber, quer ser governador para manter o atual estado de caos. E, na propaganda criar o que não existe, como fizeram Aécio e Anastasia e fazem quase todos. É duro um trem desses. Não se conhece a Constituição do País e uma Marina da Silva pode, como esses que citei e outros, falar as bobagens que fala." ( Via Laerte Braga)

'Embora as campanhas eleitorais sempre priorizem as questões domésticas, não podemos deixar de considerar esta arquitetura também estará em jogo nas eleições de outubro deste ano: o desmanche, o realinhamento ou o fortalecimento do projeto de inserção do Brasil na economia global adotado há mais de dez anos.
Isso, num quadro de crise econômica duradoura, em que as finanças miram, acima de tudo, as grandes riquezas ainda disponíveis na América do Sul.
O filé mignon é o megalastro energético que, aos poucos, vai se transformando no pilar central do desenvolvimento integrado do continente.
A saber: o pré-sal brasileiro, as reservas de gás da Bolívia e as maiores reservas de petróleo pesado do mundo, na faixa do Orinoco, na Venezuela. De certa forma, estas reservas começam a se tornar interdependentes, embora de forma ainda incipiente.
Aqui, somos nós, os sulamericanos, que estamos diante de nossa própria sequência de dominós. A queda de um coloca em risco todos os outros.
Talvez seja apenas retórica de campanha, para agradar usineiros; ou uma satisfação aos que sonham com a era pós-petróleo. Se Marina Silva, de fato, não considera prioritário o desenvolvimento do pré-sal, pode estar colocando em risco toda a arquitetura da integração continental à brasileira que herdamos do governo Lula — e isso, para além da ideologia, se traduz em emprego e renda'


--por Luiz Carlos Azenha, via Viomundo

As eleições e a lógica do mercado financeiro

'Diferentemente do governo, para o mercado financeiro o seu lucro e o do acionista estão acima do bem-estar das pessoas e do interesse do país [...]
A influência ou o controle do mercado financeiro sobre a macroeconomia faz do governo seu refém. Se analisarmos os últimos 20 anos, vamos constatar que nos oito do governo FHC e nos dois primeiros do governo Lula, quem mandou na agenda governamental foi o mercado financeiro. A troca do ministro da fazenda, há dez anos atrás, reorientou as prioridades do governo e o dinheiro dos impostos, que antes eram majoritariamente destinados ao pagamento de juros das dívidas interna e externa, foi direcionado, em maior montante, para os programas sociais e para a ofertar crédito barato ao setor produtivo, criando as condições para a geração de emprego e para o aumento da renda.
O sonho do mercado financeiro, diante do “risco” de intervenção governamental, é garantir “autonomia e independência” ao Banco Central, que faz o que os banqueiros determinam, enquanto o povo, que elege o presidente da República e o Congresso Nacional, quer que o BC seja independente e autônomo em relação ao mercado financeiro privado'

--por Antônio Augusto de Queiroz, via DIAP - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar / Comitê Dilma 

HISTORIA DE LA LITERATURA

La manera de amor tan odiando de Ovidio,
el beso estrepitoso que Catulo pide a Lesbia
porque alteró los usos de mirar el logos,
el recuerdo de Safo en la tierra irredenta
del inmortal Lucrecio. Trece rosas ajadas
muchos siglos después, tan rojas como Safo
bullendo en su jardín.
Ni pico ni garganta de pájaro alguno,
no la huella de Arnaut Daniel
que nos trajo Ezra Pound. Los bombardeos
de Guernica y después alguien señala el lugar
que esconde al Corredera y los pinos del sur
de algunos corazones se alimentan de huesos.
Picasso empezó un cuadro y parece que nunca
logrará terminarlo. Habría que añadir
más negro de dolor, habría que apagar
a veces el bombillo que ilumina al caballo.
Doble uve ce doble uve en tanto baja a los infiernos
a buscar el asfódelo que Rimbaud robó a Dante.
Y ahora la poesía dice que no, ni en broma sigue el juego
de los taxidermistas de Amón-Ra. Una mujer
esconde el agujero que le hizo la plancha
bajo el jardín del traje. Mira al pájaro
que mató un ballestero en la espita del gas.
Y entonces ya no almuerza.
La poesía a trozos ya no mira a la altura,
se cayó con las hélices de Saint Exùpery.
Toda revolución
se esfuma cuando tú ya ni puedes llorar.
Por eso en el mantel pones
lo que dijiste
desde el primer albor.

Antonio Arroyo Silva

GAZA 3


Los pájaros metálicos
que descargan la muerte
por su cántico agónico.
Esos pájaros pintos,
"infame turba de nocturnas aves":
en el espacio aéreo,
su pico piro clástico. No sé a qué orden
pertenece la usura de sus plumas.
La garza no conoce la estela cuneiforme
que forman en ataque.
Más exterminadores que el ángel de la Biblia
aunque la Biblia no desvela
si los exterminados eran inocentes
como estos de ahora.
No sé qué significan esos pájaros
 Antonio Arroyo Silva

FALANDO SÉRIO – UM DIA SEM MAQUIAGEM NA POLÍTICA!!!

Will Coutinho Hamon

Então é isso! Todo o discurso politicamente correto quando não expõe claramente de onde vem, a quem beneficia e ao que se propõe é um exercício de falso moralismo. Velhos ou novos – partidos, candidatos e propostas estarão sempre a serviço de interesses corporativos e individuais. Deixar se iludir por um, por outro ou pelos três é se deter na superfície do jogo de interesses da política. Sei que falo o óbvio. Mas sei também que muitos usam e continuarão a usar toda a sorte de mentiras e violências para ocultar esse fato. E mais que isso. Que algumas pessoas, possivelmente aquelas que ainda não têm a experiência a seu favor hão de tomar esse “verniz” por verdade, ou, o que se tornou um problema recente e de graves conseqüências no meu entender. Que precocemente decepcionados com o cenário nacional muitos irão alienar-se do compromisso que como cidadãos têm, atribuindo seu voto, o chamado “voto de protesto”, à agrupamentos e a figuras que se especializaram em abocanhar esse filão de mercado, mas que nada de diferente acrescentam ou modificam na realidade política brasileira. Diante dessas considerações faço um apelo a todos aqueles que como candidatos ou cabos eleitorais pretendem conquistar adeptos para a sua causa neste ano de 2014! Ajudem a elevar o nível do debate político estadual e nacional. Independente da sua orientação político-ideológica (da extrema esquerda à extrema direita) milite(m) em cima de propostas. Apresente(m) projetos. Elabore(m) e defenda(m) estratégias. Proponha(m) planos. Ouse(m). Arrisque(m). E, acima de tudo, se exponha(m). Não faça(m) o jogo da mediocridade e da manipulação de informações. A política nacional é, em grande escala, a continuidade desta que fazemos em nosso cotidiano. As maiores vantagens da democracia são a possibilidade de participarmos da sua construção, de escolhermos com base em critérios racionais e, acima de tudo, de trocarmos, substituirmos, alternarmos sempre que quisermos e acharmos necessário. Abdicar disso é dar margem para as perversões e as distorções que nos acostumamos a acompanhar diariamente e que, com toda a certeza, são os fatores que a vem corrompendo. Recentemente em Curitiba, entre as Ruas XV de Novembro e a Avenida Marechal Deodoro, mais especificamente na rua Francisco Torres, próximo a Reitoria da UFPR me deparei com uma pichação que em poucas palavras traduziu muito do que eu acredito e defendo. “Nossos sonhos não cabem nas urnas!”. Com a permissão do autor que eu desconheço, mas, que, desde então, passei a admirar, acrescentaria – “É por precisar continuar sonhando que recorremos as elas”!!!




Vivi, olhei, li, senti, Que faz aí o ler, Lendo, fica-se a saber
quase tudo, Eu também leio, Algo portanto saberás, Agora já
não estou tão certa, Terás então de ler doutra maneira,
Como, Não serve a mesma para todos, cada um inventa a
sua, a que lhe for própria, há quem leve a vida inteira a ler
sem nunca ter conseguido ir mais além da leitura, ficam
pegados à pagina, não percebem que as palavras são
apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio, se
estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a
outra margem é a que importa, A não ser, A não, quê, A não
ser que esses tais rios não tenham duas margens, mas
muitas, que cada pessoa que lê seja, ela, a sua própria
margem, e que seja sua, e apenas sua, a margem a que terá
de chegar.

José Saramago